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Coleção Vaga-Lume: Clássicos da Editora Ática
Coleção Vaga-Lume: Clássicos da Editora Ática

A LUZ DO VAGA-LUME

 

Literatura de Formação.  Rechaçando os rumores de que vai ser fechada, editora Ática relança livros clássicos da coleção infanto-juvenil que já vendeu 7,5 milhões de exemplares.  Desde os anos 1970, a Vaga-Lume é uma das grandes referências do país para despertar o gosto pela leitura nos jovens e adolescentes.

 

Coleção que transformou em leitores muitos dos adultos de hoje, a vaga-Lume volta agora às livrarias em versão repaginada.  A linguagem visual mudou, mas o objetivo da série continua o mesmo:  despertar nos jovens o gosto pela leitura.

 

A editora Ática acaba de relançar 10 livros emblemáticos do acervo, que começou a ser composto nos anos 1970 e já conta com mais de 70 títulos.  Eles chegam com novas capas, que usam as ilustrações originais como detalhes, e mancha de texto mais confortável para leitura.  Também foram retiradas as ilustrações internas que eventualmente serviam como spoilers.  Já os textos não tiveram modificações.

- É uma linguagem gráfica mais conectada ao público infanto-juvenil atual – aposta Mário Ghio, vice-presidente de conteúdo e inovação da Somos Educação, grupo ao qual pertence a Ática.

 

Nesta semana, notícias de que a editora seria extinta circularam pela imprensa e nas redes sociais.  Segundo Ghio, a Ática jamais correu o risco de ser fechada, embora tenha tido mudanças recentes.  A principal alteração foi o fim do setor responsável pela publicação de livros de entretenimento – aqueles não vinculados à leitura em sala de aula.  Foram três funcionários demitidos e outros quatro realocados para a área de didáticos e paradidáticos (obras que estimulam o gosto pela leitura e podem gerar debate entre alunos e professores).  A volta da Vaga-Lume, coleção tida como paradidática, é uma das maiores apostas do grupo.

- Hoje temos um investimento maior, que não tínhamos no passado, inclusive com mais pessoal do que já tivemos.  Vamos continuar investindo em conteúdo de qualidade – promete Ghio, que pretende relançar no próximo ano entre 10 e 15 outros títulos da série.

 

Apesar de ser vendida nas livrarias, a coleção tem a sala de aula como destin o almejado.  Foi o que pautou a escolha dos 10 volumes que acabam de ser relançados.

- Quem acha que novos alunos vão se apaixonar pela literatura lendo os clássicos brasileiros e portugueses está bem distante da realidade.  A arte e o engenho são entender quais são os temas que estão em maior evidência no momento e escolher quais livros os abordam.  Assim, os professores poderão adotá-los, indicando-os aos alunos – explica Ghio.

 

Para a professora Regina Zilberman, especialista em literatura infanto-juvenil, a série também tem condições de cativar leitoras além das escolas:

- A Vaga-Lume não chega com o apelo de séries como Harry Potter, que podem ser lidas por públicos de diferentes idades e, muitas vezes, vêm acompanhadas de games e filmes.  Mesmo assim, tem potencial para conquistar os adolescentes, quando estes são mordidos pelo gosto da leitura.

 

A série se mantém sem novos títulos desde a edição de O MESTRE DOS GAMES, de Afonso Machado, há sete anos.  Por ora, não há a previsão de outros livros inéditos.

 

Com mais de 7,5 milhões de exemplares vendidos, a coleção Vaga-Lume tem entre seus livros mais comercializados A ILHA PERDIDA, de Maria José Dupré, O ESCARAVELHO DO DIABO, de Lúcia Machado de Almeida e A TURMA DA RUA QUINZE, de Marçal Aquino.

- A série teve duas grandes sacadas editoriais.  A primeira foi perceber que não era suficiente oferecer os clássicos para formar público leitor, então reabilitou autores dos anos 1940 e 50, como Maria José Dupré.  Outra sacada foi passar a investir em novos nomes, gente que nada tinha a ver com o livro infantil, mas que ali encontrou seu chão, como Marcos Rey – contextualiza Regina Zilberman.

 

OS 10 LIVROS REEDITADOS

 

SPHARION

O livro de Lúcia Machado de Almeida mescla ficção fantástica com suspense.  Protagonista da história, Dico Saburó é um menino com dons paranormais que passa a integrar a equipe de investigação de uma série de crimes, nos quais um misterioso assassino deixa no rosto das vítimas a palavra “Spharion”.  Dico ainda vai contar com a ajuda do jornalista Pedro e do inspetor Pimentel para se livrar de várias enrascadas.

 

A ALDEIA SAGRADA

Francisco Marins narra a vida de Didico, menino que vive uma vida tranquila no sertão baiano até que seu padrinho migra para o Acre, e sua madrinha morre.  O jovem então passa a vagar pelas estradas e encontra o grupo de Antônio Conselheiro.  Ao narrar a Guerra de Canudos a partir do olhar de um menino, o livro pode levantar questões sociais e históricas em sala de aula.

 

TONICO

Depois de perder repentinamente os pais, o menino Tonico vê sua vida mudar.  Filho único, aos 14 anos ele precisa trabalhar para ajudar com as despesas de casa.  No papel de chefe da família, o jovem vai ajudar nas entregas de uma mercearia e, mais tarde, passa a ser engraxate.  A história, escrita por José Rezende Filho, discute as dores de quem precisa amadurecer rapidamente e expõe um retrato das condições de vida das crianças pobres do Rio nos anos 1970.

 

AÇÚCAR AMARGO 

Luiz Puntel apresenta neste livro a história de Martha, filha de lavradores de cana-de-açúcar.  A menina está na idade de começar a pensar nos primeiros namorados, mas não tem muito tempo para a vida entre amigos:  além de estudar, precisa ajudar os pais no trabalho.  Além disso, Martha precisa enfrentar cotidianamente o autoritarismo de seu pai, tendo um  ambiente de tensão em família.  No entanto, é neste ambiente cansativo e hostil que a jovem terá que buscar sentido para sua luta social e para o amor.

 

O FEIJÃO E O SONHO

Primeiro romance de Orígenes Lessa, foi lançado em 1938.  Além disso, recebeu uma adaptação para as telas antes de integrar a série Vaga-Lume, em uma telenovela de Benedito Ruy Barbosa de 1976.  Na trama, o leitor acompanha a vida do poeta Campos Lara e de sua mulher Maria Rosa.  Enquanto ela cuida das crianças e do lar, ele trabalha como Professor, mas não abandona a poesia, mesmo diante das dificuldades cotidianas.

 

OS BARCOS DE PAPEL 

Com muita ação, José Maviel Monteiros apresenta uma aventura dos amigos Quito, Miguel, André e Josué.  Durante um passeio, eles descobrem uma caverna e não resistem à tentação de explorá-la.  A excursão, no entanto, converte-se em um problema quando o grupo se perde.  A situação se agrava quando os meninos descobrem que o lugar pode abrigar perigos maiores que escuridão e morcegos, como criminosos.

 

DEU A LOUCA NO TEMPO 

A partir das peças de um secador de cabelo quebrado, os amigos Rodrigo, Fefê, Hugo e Luíza conseguem materializar um surpreendente invento para a feira de ciências de seu colégio:  uma máquina do tempo.  Escrito por Marcelo Duarte, o livro apresenta figuras famosas dos livros de história trazidas para o presente.

 

A ILHA PERDIDA 

Maior sucesso da coleção, foi lançado em 1973, na primeira leva de impressões da série.  De lá para cá, já vendeu 3,5 milhões de exemplares.  Escrito por Maria José Dupré, a mesma de Éramos Seis, o livro narra uma aventura dos irmãos Henrique e Eduardo, que decidem ir até uma misteriosa ilha que avistam da fazenda de um padrinho.  Ao chegar,  as ondas do rio levam o barco embora, e eles se metem em confusões.

 

A TURMA DA RUA QUINZE

Terceiro livro mais vendido da coleção, foi escrito por Marçal Aquino, também autor de O Amor e Outros Objetos Pontiagudos e o Invasor.  Trata da história de um grupo de meninos que se reúne para desvendar o misterioso desaparecimento do amigo Marcão.

 

O ESCARAVELHO DO DIABO 

Mais um sucesso da série, o livro de Lucia Almeida de Machado é o segundo mais vendido da Vaga-Lume.  Narra o caso de uma série de crimes nos quais as vítimas recebiam um besouro antes de morrer.  A história também está sendo adaptada para o cinema, sem previsão de estreia.

 

Fonte:  ZeroHora/Alexandre Lucchese (alexandre.lucchese@zerohora.com.br) em 10/10/2015