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Ensinar a Viver — Manifesto para Mudar a Educação
Ensinar a Viver — Manifesto para Mudar a Educação

SABER MENOS ILUSÓRIO E ARROGANTE

 

ENSINAR A VIVER – MANIFESTO PARA MUDAR A EDUCAÇÃO (Editora Sulina, 183 páginas, tradução de Edgar de Assis carvalho e Mariza Perassi Bosco) do sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, nascido em 1921 e um dos grandes nomes do pensamento mundial na atualidade, em síntese, pretende estimular a adoção de um saber menos ilusório e menos arrogante, a partir de uma grande reflexão sobre questões envolvendo a educação nos dias de hoje.

 

Morin é autor de dezenas de obras, publicadas no mundo inteiro e muitas no Brasil, como O ANO ZERO DA ALEMANHA, O MÉTODO (1, 2, 3, 4, 5, E 6), DIÁRIO DA CHINA, TERRA PÁTRIA, AS DUAS GLOBALIZAÇÕES, INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO COMPLEXO, EM BUSCA DOS FUNDAMENTOS PERDIDOS, A MINHA ESQUERDA e MEUS FILÓSOFOS, todos publicados pela Editora Sulina.

 

Na apresentação o professor e escritor Juremir Machado da Silva escreveu: “Neste pequeno livro se encontrará uma grande reflexão sobre as condições de possibilidade de um saber menos ilusório e menos arrogante, mais complexo e mais generoso.  A ciência moderna destacou três aspectos: separação (disjunção), simplificação (redução) e determinismo.  É possível e desejável superar esse paradigma.  Para isso, é necessária uma reforma do pensamento, uma concepção ampliada do horizonte metodológico e uma determinação reforçada para romper disciplinas, apostar na transdisciplinaridade e acreditar na relevância e na possibilidade concreta de um saber que vá da parte ao todo e do todo à parte.  As especializações não podem impedir que se busque uma visão capaz de abarcar mais do que o separado, fragmentado, esfacelado.”

 

Viver, crise multidimensional, compreender, conhecer, ser humano, ser francês e, conclusão: regenerar Eros, destes temas e de muitos outros trata o volume, estimulando o amor ao saber, a curiosidade por todas as coisas.  Morin se posiciona contra a lógica de mercado, as metas quantitativas e as avaliações por superavaliadores que não se autoavaliam.

 

Morin propõe um retorno à filosofia socrática (diálogo), aristotélica (organização de informações), platônica (questionamento das aparências) e pré-socrática (questionamento do mundo, inserção do conhecimento na cosmologia moderna) e mostra a importância da incerteza e dos dilemas nas salas de aula onde o Google e a internet cumprem funções de enciclopédias e permitem a qualquer aluno contestar, em certas ocasiões, o professor.

 

O autor defende mesmo o valor do erro e esta obra, um texto ousado, vem justamente depois de Morin ter feito o monumental O MÉTODO, no qual tinha colocado o todo de seu pensamento.  É isso, uma reflexão para rejuvenescer a reflexão sobre a ciência, humanidades, teorias e práticas de ensino-aprendizagem.

 

Fonte:  Jornal do Comércio/Jaime Cimenti (jcimenti@terra.com.br) em 8, 9 e 10 de janeiro de 2016.