A INVENÇÃO DAS MEMÓRIAS
KARL OVE KNAUSGARD narra a infância em “A MORTE DO PAI”, que abre o Clube de Leitura ZH. O 2º Caderno do Jornal Zero Hora promove o Clube de Leitura ZH para debater o livro A Morte do pai, de Karl Ove Knausgard, na Livraria Cultura do Shopping Bourbon Country, em Porto Alegre, nesta segunda, às 19h 30m. A entrada é franca, mediante inscrição antecipada no endereço zhora.co/clubedeleiturazh.
Tudo na série de memórias do escritor norueguês Karl Ove Knausgard é uma provocação à literatura como praticada até a aparição desta grande empreitada artística que reconstrói minuciosamente a vida do escritor, da infância até sua consagração literária. Desde o título geral do projeto, Minha Luta, que remete ao infame livro de Adolf Hitler, até a própria natureza do conjunto de seis livros: memórias narradas com técnicas de ficção, um mosaico de coloridos detalhes construído por um autor que a certa altura faz questão de ressaltar que sempre teve uma péssima memória.
A Morte do Pai, volume inaugural da série (companhia das Letras, 512 páginas), é a primeira obra a ser discutida no Clube de Leitura ZH, encontro que integra a programação de aniversário de 50 anos do 2º Caderno. O bate-papo sobre o livro terá a participação do professor e poeta Diego Grando e dos jornalistas de ZH Cláudia Laitano, Alexandre Lucchese e Carlos André Moreira – e de todos os leitores presentes.
Narrado com pegada de romance, em uma prosa que consegue criar suspense na descrição de episódios prosaicos, A Morte do Pai apresenta a figura paterna do autor em duas fases: como uma persona de insuportável autoridade, na infância, e como um homem frágil e devastado pela doença, às vésperas do fim. A relação também serve como pretexto para Knausgard discutir a “luta” que trava no presente, ele próprio um pai tentando escrever um novo livro.
TRÊS GRANDES LIGAÇÕES ENTRE MEMÓRIA E LITERATURA.
Em Busca do Tempo Perdido – Modelo assumido para a série de Knausgard, é o grande projeto literário da memória, no qual Marcel Proust (1871-1922) transforma em romance o mundo aristocrático e decadente em que viveu.
Fun Home – Alison Bechdel narra, nesta graphic novel de 2006 aclamada pelos críticos, as histórias paralelas da descoberta da própria sexualidade como lésbica e da morte de seu pai, um homem irascível que negava a própria orientação gay.
Baú de Ossos – Marco brasileiro do gênero. Primeiro volume, publicado em 1972, das memórias do médico mineiro Pedro Nava. Com este relato de sua infância e de sua linhagem familiar, Nava elevou a memória à Literatura.
Fonte: Jornal ZeroHora/Carlos André Moreira (carlos.moreira@zerohora.com.br) de 24/09/2015