LAÇOS DE CONFIANÇA
QUEM INSPIRA CONFIANÇA CRIA LAÇOS PROFUNDOS.
Volta e meia o Pequeno Príncipe aparece em alguma curva da vida da gente. E, não é por menos, quando fico pensando sobre o estado espiritual, a educação e os relacionamentos, principalmente dos jovens, fico preocupada. E de forma geral, as relações humanas parecem cada vez mais superficiais e vazias. Recebemos abraços, muitas vezes, vem a pergunta: - Com que intenção fui abraçada, com que propósito fui elogiada, com que finalidade fui presenteada? Será que tudo isso foi de coração?
E quando surgem dúvidas desse tipo, o mundo ao redor se empobrece e se parece como um grande cenário de aparências.
Aí me lembro de um dos livros mais clássicos e reproduzidos em vários filmes: O Pequeno Príncipe. Saint-Exupéry, no capítulo 21 levanta um dos mais interessantes diálogos da literatura mundial: a conversa entre a raposa e o Pequeno Príncipe, que vou transcrever.Bom dia – disse a raposa.
- Bom dia – respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada. – Eu estou aqui – disse a voz –, debaixo da macieira... – Quem és tu? – perguntou o principezinho. – Tu é bem bonita...
- Sou uma raposa – disse a raposa.
- Vem brincar comigo – propôs o principezinho.
- Estou tão triste... – Eu não posso brincar contigo – disse a raposa. – Não me cativaste ainda.
- Ah! Desculpa – disse o principezinho e após uma reflexão, acrescentou: - Que quer dizer “cativar”?
- Os homens – disse a raposa – têm armas e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas?
- Não – disse o principezinho. – Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
É uma coisa muito esquecida – disse a raposa. – Significa “criar laços”...
- Criar laços?
- Exatamente – disse a raposa. – tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos... mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
Este texto aparentemente simples, ingênuo é na verdade um profundo balbuciar filosófico-poético sobre a carência mais profunda do ser humano: a necessidade de sólidos laços de confiança não somente com outras pessoas, mas também com instituições.
Confiança é algo íntimo. É algo que nos conquista de forma não forçada. É um elo espontâneo onde o coração cria laços profundos. Confiar significa estar seguro. E onde se está seguro não há lugar para medo. Há repouso, há paz. Realmente, as pessoas nas quais confiamos são únicas. Elas nos cativaram.
Mas, cuidado, a confiança é muito frágil! Uma vez quebrada não tem mais conserto.
Fonte: Revista DonnaZH/Por Themis Pereira de Souza Vianna.