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“BERLIM ALEXANDERPLATZ” E A SAGA DE UM ANTI-HERÓI
Monumental é um superlativo apropriado, em diferentes sentidos, para apresentar BERLIN ALEXANDERPLATZ. Trata-se da obra-prima com mais de 15 horas de duração que o diretor alemão Rainer Werner Fassbinder (1945 – 1982) realizou em 1980 para ser exibida em 14 partes na televisão. Com a assinatura de um dos maiores e mais prolíficos autores da história do cinema – realizou mais de 40 filmes em apenas 16 anos de carreira –, a produção teve lançamento no Festival de Veneza, em agosto daquele ano, e, desde então, são raras as ocasiões em que se pode assisti-la na tela grande.
Assim, cabe celebrar a iniciativa da Sala P.F.Gastal da Unsina do Gasômetro em exibir BERLIN ALEXANDERPLATZ a partir de hoje, com entrada franca. Serão apresentados de três a quatro episódios por dia com a trágica saga de Franz Biberkopf (Günter Lamprecht), homem que sai da prisão – após cumprir pena por assassinar sua mulher – e tenta recomeçar a vida na efervescente e instável Berlim dos anos 1920, ambiente marcado pela degradação econômica e política que marcaria a ascensão do nazismo ao poder.
Apresentado no livro homônimo lançado em 1929 por Alfred Döblin, Biberkopf combina, em sua jornada, afeto, resignação e fúria. Circulando pelo submundo do epicentro da República de Weimar, ele se envolve com boêmios, intelectuais, comunistas, fascistas, marginais e prostitutas (como as vividas por Hanna Schgulla e barbara Sukowa, musas de Fassbinder).
Nesta terça, justo no dia em que Fassbinder celebraria seus 71 anos, serão exibidas três sessões, com as partes 1, 2 e 3.
A iniciativa da Sala P.F.Gastal conta com a parceria da distribuidora Versátil – responsável pelo lançamento em DVD no Brasil da cópia restaurada de BERLIN ALEXANDERPLATZ, e do Instituto Goethe, que promoveu nos anos 1980, em sua unidade de Porto Alegre, antológicas maratonas da série.
Fonte: ZeroHora/Segundo Caderno/Marcelo Perrone (marcelo.perrone@zerohora.com.br) em 31 de maio de 2016.