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Millennium: A Garota na Teia de Aranha
Millennium: A Garota na Teia de Aranha

NOVA RELEITURA DA SAGA LITERÁRIA “MILLENNIUM”

 

Filme: MILLENNIUM A GAROTA NA TEIA DE ARANHA, de Fede Alvarez, ação, EUA, 2018, 117 min.

 

Quando o escritor sueco Stieg Larsson (1954-2004) criou a série Millennium,em 2002, imaginou-a em 10 romances centrados nos personagens de Lisbeth Salander, a moça antissocial que se transforma em hacker, e Mikael Blomkvist, jornalista geralmente medíocre com alguns arroubos inspirados.

 

Larsson morreu em 2004, tendo terminado apenas três livros da série, que começariam a ser lançados em 2005, para logo atingir as listas de best-sellers pelo mundo. Daí para o início de uma carreira cinematográfica da série literária foi um pequeno passo. Em 2009, Niels Arden Oplev realizou na Suécia o primeiro longa, THE GIRL WITH THE DRAGON TATTOO, refilmado dois anos depois em Hollywood por David Fincher. Os outros dois livros foram adaptados somente na Suécia, como telefilmes.

 

Em 2015, um novo romance sai com os mesmos personagens, escrito por David Lagercrantz: A GAROTA NA TEIA DE ARANHA. É a adaptação hollywoodiana desse romance, o primeiro fora da trilogia original, que chega agora aos cinemas. Intitulado no Brasil MILLENNIUM: A GAROTA NA TEIA DE ARANHA, para reforçar a ligação com a série original, e dirigido pelo jovem diretor uruguaio Fede Alvarez, esse novo longa não deixa de ser decepcionante, por três motivos.

 

Primeiramente, pelos dois longas anteriores de Alvarez, A MORTE DO DEMÔNIO (boa refilmagem do terror classe Z de Sam Raimi) e O HOMEM NAS TREVAS, um dos mais elogiados da nova safra de horror. Decepcionante também pelo que se esperava desse retorno à série, com a ótima Claire Foy no lugar da igualmente ótima Rooney Mara, do primeiro filme hollywoodiano.

 

Finalmente, o filme decepciona pelo que ele próprio promete em seu primeiro terço, marcante pela direção segura e por uma instigante apresentação dos personagens. Infelizmente, os dois terços seguintes não conseguem segurar o mesmo nível.

 

Duas coisas incomodam desde o início. Em primeiro lugar, a trilha sonora de Roque Baños, decalque de diversas trilhas dos últimos anos.

 

Depois, a insistência em detalhes tolos, como a presença de uma pequena aranha que passeia pelos locais onde Lisbeth está, como que para reforçar a ideia de que a moça estaria sempre envolvida na teia contra a qual deve lutar. No lado positivo, Claire Foy é uma Lisbeth mais raivosa que Rooney Mara, o que convém para uma fase ainda mais niilista e antissocial da personagem.

 

Apesar da queda da trama (e da direção, vale dizer), seus 117 minutos passam depressa, graças a uma teia que envolve família incestuosa, abandono, trauma, despeito e rivalidade, ingredientes para um bom melodrama escondido num filme de ação.

 

 

 

Fonte: Zero Hora/Segundo Caderno/Sérgio Alpendre/Folhapress em 12/11/2018.