CAIO EM CONTOS
Lançamento da editora Companhia das Letras reúne todas as narrativas curtas publicadas pelo escritor gaúcho e três textos que ainda estavam inéditos.
Livro: CONTOS COMPLETOS – Caio Fernando Abreu, Companhia das Letras, 760 páginas.
Cada vez mais lido mesmo duas décadas após sua morte, Caio Fernando Abreu (1948-1996) não é exatamente o que se pode chamar de autor fora de catálogo. Desde sua morte, sua obra tem sido alvo de interesse cada vez maior e de reedições em diversos formatos. A mais recente copilação, no entanto, se anuncia como ambiciosa: a reunião em um único volume de 760 páginas de todos os contos do autor – gênero no qual Caio sempre deu ostras de brilho e excelência em um Brasil que esbanjava bons contistas.
CONTOS COMPLETOS, que está sendo publicado agora pela editora Companhia das Letras, reúne textos curtos que o autor publicou ao longo de 25 anos e seis livros – de INVENTÁRIO DO IR-REMEDIÁVEL (1970) a OVELHAS NEGRAS (1995). O volume também reúne 10 textos avulsos. Sete já haviam sido publicados na década passada na trilogia CAIO 3D, da Agir. E três textos nunca haviam saído em livro – foram garimpados nos documentos reunidos no acervo do Instituto Delfos da PUCRS pelo pesquisador Erico Melo e tiveram a publicação autorizada pela família do autor. São dois contos dos anos 1990 e um de 1970.
É um novo recorte para uma das facetas mais expressivas da obra de Caio, seus contos, nos quais o lirismo que o torna popular até hoje entre leitores jovens se mescla a narrativas com toques de fantástico.
- O Caio é um escritor que procura uma prosa metafórica. Ele tem coragem de usar metáforas, imagens poderosas. As experiências vividas vão sendo colocadas em um tom poético, mas ele também, principalmente nos primeiros livros, tem um tom fantástico. Há um parentesco com autores como Murilo Rubião e J.J. Veiga, mas o Caio não está inteiro em nenhuma vertente, ele faz a síntese dele – diz o professor e pesquisador Ítalo Moriconi, um dos autores que assinam textos críticos no livro, que traz ainda artigos de Heloísa Buarque de Hollanda e de Alexandre Vidal Porto sobre a obra de Caio.
Para Moriconi, Caio sempre será um autor jovem. - O Caio sempre vai falar ao jovem adulto. Ele trabalha muito na esfera do amadurecimento, com o abandono das ilusões da contracultura – completa.
Fonte: Zero Hora/Segundo Caderno/Carlos André Moreira (carlos.moreira@zerohora.com.br) em 23/07/2018.