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Morfologia: Classes e Funções
Morfologia: Classes e Funções

 

 

MORFOLOGIA

CLASSES E FUNÇÕES

 

A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), um guia criado em 1958 que contém um resumo do conteúdo a ser utilizado nos livros de Língua Portuguesa, propõe 10 classes de palavras: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.

 

A NGB é uma espécie de resumo dos conteúdos gramaticais referentes ao português falado no Brasil e funciona como um guia para o ensino da nossa língua.

 

A NGB foi criada em 1958 por um grupo de estudiosos e gramáticos de muito prestígio, como Antenor Nascentes, Rocha Lima e Celso Cunha. No ano seguinte, foi transformada em lei por uma portaria do presidente Juscelino Kubitscheck e passou a ser utilizada obrigatoriamente nas escolas de todo o Brasil. Antes da existência dessa lei, o estudo da gramática não era unificado e havia muita confusão com o uso de diversas terminologias.

 

SUBSTANTIVOS

Os substantivos, juntamente com os adjetivos, os verbos e os advérbios representam uma classe aberta em nossa língua, ou seja, novos substantivos, novos adjetivos, novos verbos e novos advérbios são criados constantemente na língua pelos mecanismos de que esta dispõe para formar novas palavras.

Os substantivos podem ser definidos a partir de critérios diferentes.

 

Critério semântico ou nocional: Baseia-se no modo de significação, extralinguístico e intralinguístico, do vocábulo. Cunha e Cintra (2008, p. 92), assim como muitos outros gramáticos, definem substantivo a partir de um critério semântico como “a palavra com que designamos os seres em geral”.

Esses autores colocam que são substantivos “[...] nomes de noções, ações, estados e qualidades tomados como seres” (p. 191).

José Lemos Monteiro, em Morfologia Portuguesa (2002, p. 226), considera que há problemas nessa definição:

 

1. O que um ‘ser’?

 

2. Justiça, fé, doença, ideia são substantivos e não são seres.

 

3. Qualquer vocábulo assume a função de substantivo quando antecedido por um determinante: o sim, o viver, o aqui-e-agora.

 

Critério formal ou mórfico: esse critério se refere às características da estrutura do vocábulo. Assim, por esse critério, substantivo é o vocábulo formado por base lexical mais morfemas gramaticais: vogal temática nominal; desinências (gênero e número) e sufixo (nominal).

O critério mórfico ou de natureza formal que se baseia em propriedades de forma gramatical que podem apresentar. Margarida Basílio, em Teoria Lexical, afirma que “[...] substantivo é definido como uma palavra que apresenta as categorias de gênero é número com as flexões correspondentes.” (1991)

 

Problemas: segundo Basílio, substantivos e adjetivos possuem as mesmas flexões.

Critério funcional: esse critério baseia-se na função ou papel que o vocábulo desempenha na oração. Desse modo, substantivo é o vocábulo que funciona como núcleo de uma expressão ou como termo determinado. Em termos funcionais, o substantivo pode ser, segundo Basílio (1991), núcleo do sujeito, do objeto ou do agente da passiva.

 

CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS 

Tradicionalmente, os substantivos podem ser concretos e abstratos. Um substantivo concreto “designa ser de existência independente” e um substantivo abstrato “designa ser de existência dependente.” (BECHARA, 2000, p. 113).

 

Mas o que significa, afinal, dependência e independência nesse contexto de classificação de substantivos? Por exemplo, quando pensamos em ‘sol’ temos um substantivo concreto porque o sol não precisa de outros seres para existir; quando pensamos em ‘concentração’ ou ‘felicidade’ temos um substantivo abstrato: para que ‘concentração’ ou ‘felicidade’ se manifestem é preciso que haja alguém ou alguma coisa acontecendo.

Vamos pensar: Por que esses substantivos são chamados de abstratos?

 

Leia a primeira estrofe da música Verdade, verdadeira, cantada por Martinho da Vila:

 

O HOMEM NÃO É UM ANIMAL

MAS É IRRACIONAL

A VERDADE É VERDADEIRA

E A MENTIRA É MENTIROSA

MENTIROSA, A MENTIRA É MENTIROSA

TODA ROSA É UMA FLOR

MAS NEM TODA FLOR É UMA ROSA

UMA ROSA SÓ A ROSA É UMA ROSA

 

Imagine que estejamos brincando de mímica e queiramos fazer a mímica da palavra verdade. Como faríamos? E a da palavra mentira? Os substantivos abstratos são muito difíceis de serem descritos nessa brincadeira. Poderíamos considerar o substantivo felicidade como mais fácil de ser apresentado: tentaríamos um sorriso, uma cara alegre, talvez uma gargalhada. Com certeza, nossos companheiros no jogo nos diriam muitas outras palavras antes de inferir que a palavra correta é felicidade, se é que o fariam.

 

Fernando Moura, em Gramática aplicada ao texto (2002, p. 18), ao comentar a nomenclatura abstrato, afirma que “[...] de um papel branco, de um pano branco, de uma nuvem abstrai-se a idéia de branco. Brancura é assim um substantivos abstrato. Da idéia de morrer, tira-se a idéia de morte.”

 

Um substantivo concreto pode ser próprio e comum. Um substantivo próprio designa um indivíduo em particular de uma espécie como ‘Fusca’ ou ‘Mariana’. Um substantivo comum designa todos os indivíduos de uma espécie como ‘carro’ e ‘criança’.

 

Substantivos primitivos ou derivados: substantivos primitivos são aqueles que não vêm de outra palavra na língua, como é o caso de ‘flor’; substantivos derivados são aqueles formados a partir de outras palavras na língua pelo processo de derivação, como em ‘florista’.

 

Substantivos simples e compostos: substantivos simples apresentam um único radical (flor) e o substantivo composto apresenta mais de um radical (flor-de-lis).

 

Substantivo coletivo: nomeia um conjunto de seres de uma mesma espécie, como é o caso de ‘assembleia’, coletivo que nomeia um grupo de pessoas reunidas.

 

Você já parou para pensar na razão pela qual pessoas pouco escolarizadas usam com tanta frequência “A gente fomos”? Isso acontece porque os substantivos coletivos, por serem nomes no singular que se referem a um conjunto, acabam por gerar variação na concordância verbal.

 

Ressalte-se que a forma ‘a gente’, acompanhada de verbo conjugado na terceira pessoa do singular, embora comum na língua falada, deve ser evitada em ambientes de formalidade, já que ela não é prescrita pela gramática normativa.

 

Sautchuk, em seu livro Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática, considera que o critério sintático é o mais eficiente para a identificação e classificação dos substantivos. “[...] Só é substantivo, em português, a palavra que se deixa anteceder por determinantes.” (2004, p. 16)

 

É possível que palavras que não sejam substantivos funcionem como tal, pois uma palavra de outra classe gramatical pode ocupar uma função sintática típica do substantivo. Observe os exemplos a seguir:

 

1. O não é uma característica de todos os chefes.

2. Vamos aos finalmentes!

3. O andar dele é muito esquisito.

4. Seu falar me irrita.

 

Em todos os exemplos anteriores, as palavras sublinhadas pertencem, originariamente, a outras classes. Nas sentenças 1 e 2, os itens sublinhados pertencem à classe dos advérbios; nas sentenças 3 e 4, à classe dos verbos.

 

No entanto, nas quatro, verbos e advérbios encontram-se antecedidos por um item gramatical chamado de forma.

 

Assim, muitas palavras pertencentes a outras classes podem se tornar substantivos quando antecedidas por determinantes.

No ano de 1975, a Rede Globo exibiu a novela O Bem Amado, escrita por Dias Gomes. Nela, havia O prefeito Odorico, que ficou conhecido do público, pelas inúmeras palavras por ele criadas ao longo da novela.

 

ADJETIVOS

 

Adjetivos são palavras que indicam qualidade, defeito, característica (aspecto ou estado) ou origem de um substantivo, podendo ser simples (branco) ou compostos (branco-gelo). Em língua portuguesa, há diferentes recursos com a função de apresentar atributos e características dos seres, ou seja, tem-se a classe de palavra chamada de ‘adjetivo’ e outras formas para que se exerça a função de adjetivar.

Exemplos.

Adoro livros novos.

  Substantivo + adjetivo

 

 Comprei livros de história.

 Substantivo + locução adjetiva

 

Carro de João 

Meu carro

 

Essa locução adjetiva indica posse

              O pronome possessivo ‘meu’ é chamado ‘pronome adjetivo’: ele também indica posse

 

Livros usados são mais baratos.

 Substantivo + particípio passado de verbo

 

Livros que são usados são mais baratos.

Substantivo + oração subordinada adjetiva

 

Continuando nossa conversa sobre adjetivos, vamos analisar o trecho a seguir, retirado do capítulo XIII do livro Dom Casmurro e observar o que o autor descreve da personagem Capitu.

 

“Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos [...] desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo.”

(Trecho do livro Dom Casmurro, p. 27)

 

Podemos observar que ao utilizar a adjetivação dos substantivos ‘criatura’, ‘vestido’, ‘cabelo’, ‘olhos’, ‘nariz’, ‘boca’ e ‘queixo’, o autor nos dá uma breve descrição da personagem Capitu.

 

Criatura de quatorze anos, alta, forte, cheia, que está apertada em um vestido de chita.

 

O vestido, além de ser um ‘vestido de chita’, está ‘meio desbotado’. Locução adjetiva e Particípio

 

Seus cabelos são ‘grossos’ e ‘longos’, já que o autor nos diz que eles ‘descem até as costas’.

 

Capitu é ‘morena’, possui olhos ‘claros’ e ‘grandes’.

 

Seu nariz é ‘reto’ e ‘comprido’.

 

Sua boca é ‘fina’.

 

Seu queixo é ‘largo’.

 

Conforme dito, nem sempre utilizamos o adjetivo para caracterizar o substantivo. Esse processo de adjetivação pode ser feito através de um conjunto de palavras que tem valor de adjetivo: são as locuções adjetivas, normalmente formadas por uma preposição e um substantivo ou por uma preposição e um advérbio. Muitas dessas locuções possuem adjetivos equivalentes, como a locução ‘de mãe’ equivalente ao adjetivo ‘materno’.

 

No texto anterior, a expressão ‘de chita’ qualifica o vestido: Capitu não usa um vestido de seda, nem um vestido de cetim: caracterizando seu vestido como ‘de chita’, o autor nos remete à ideia de um vestido simples, feito de um algodão barato e geralmente, estampado com flores. Apesar da simplicidade do vestido, Machado de Assis escreve “Não conseguia tirar os olhos daquela criatura [...]”, o que nos mostra o profundo efeito que Capitu produzia, desde a infância dos personagens.

 

Conforme dissemos, muitas locuções possuem adjetivos equivalentes. No entanto, há casos em que essa correspondência não ocorre. A seguir, temos o primeiro parágrafo da crônica Brasília Fashion, escrita por Tony Bellotto. Nesse trecho, há adjetivações realizadas através de locuções, não substituíveis por adjetivos, que contribuem para o estabelecimento do significado no texto.

 

“O deputado da meia será afastado do cargo. E assim entrará para a história: como o deputado da meia. Não se fazem mais políticos importantes com nomes imponentes como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves ou Rui Barbosa. Agora os políticos se imortalizam por alcunhas edificantes como o deputado da meia, o senador do bigode, o prefeito da cueca, o vereador da peruca, o governador do panetone, a deputada da bolsa, o assessor da mala, a senadora da propina, o ministro do cartão corporativo, o suplente da pochete e assim por diante.”

 

Se procurarmos o significado da palavra adjetivo em um dicionário, veremos que, originariamente, ela significa ‘colocado ao lado de’. Isso nos mostra como o adjetivo funciona: para sabermos o que é um adjetivo, precisamos relacioná-lo ao substantivo ao qual se refere. Como substantivos e adjetivos compartilham características, frequentemente a distinção entre eles depende de elementos fornecidos pelo contexto.

 

Exemplos.

 

• O idoso brasileiro conseguiu muitos benefícios.

• O brasileiro idoso conseguiu muitos benefícios.

 

Na primeira frase, idoso é substantivo e brasileiro é adjetivo; na segunda, os papéis se invertem.

 

Vejamos agora os exemplos a seguir:

 

• Meu amigo velho continua frequentando minha casa.

• Meu velho amigo continua frequentando minha casa.

 

Na primeira frase, velho indica a idade do amigo; na segunda, quando colocamos o adjetivo anteposto, esse adjetivo passa a indicar afetividade. Assim, podemos concluir que quando colocamos o adjetivo após o substantivo ele conserva seu sentido de forma mais objetiva; quando o posicionamos antes do substantivo, ele passa a ter um valor mais sentimental. Essas diferentes colocações do adjetivo são usadas pelos autores para demonstrar suas intenções e seus pensamentos acerca do mundo que os cercam.

 

Ao estudarmos os substantivos, discutimos a possibilidade de outras classes gramaticais tornarem-se substantivos pela presença do determinante. Essa possibilidade também existe em relação ao adjetivo: é possível substantivá-lo utilizando essa mesma estratégia. Na Bíblia, em Mateus 5, temos: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.” A palavra ‘manso’, originariamente um adjetivo, tornou-se nesse contexto um substantivo.

 

Há muitos adjetivos que podem ser substantivados, quando precedidos por determinantes.

 

Este bolo está muito doce. = Adjetivo

Este doce está uma delícia. = Substantivo (precedido pelo determinante este)

Apesar de haver casos de adjetivos que podem atuar como substantivos, Basílio (1991, p. 82), afirma que adjetivos como bonito, satisfeito, emocionante, dentre outros, são usados exclusivamente como adjetivos.

 

Exemplo: Esse filme é emocionante.

 

*O emocionante foi visto por milhares de pessoas.

(Esse asterisco significa que a frase, embora correta sintaticamente, causará em um falante de Língua Portuguesa certo estranhamento.)

Ilari e Basso, no livro O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos (2006, p. 111), mostram que há palavras e frases que, embora não sejam originariamente adjetivos, acabam por funcionar como tal. Os autores apresentam os casos a seguir:

 

Ela sempre usa roupas muito cheguei.

Ele é um cara muito família.

Ele é um banana!

 

O grau dos adjetivos e os efeitos de sentido

 

Quando estudamos o substantivo, vimos que há diferença de sentido nas duas formas previstas pela gramática para se fazer o aumentativo, fenômeno que se repete em relação ao adjetivo. O superlativo do adjetivo, ou seja, a expressão de intensidade em uma qualidade expressa pelo adjetivo, pode ser feito com o sufixo –íssimo ou construído com muito. Dizer que “João é muito inteligente” não acarreta o mesmo significado que temos ao dizermos que “João é inteligentíssimo.”

Além disso, cabe comentar o uso de ‘super’ para indicar uma qualidade positiva. Basílio (1991, p. 88) afirma que essa estrutura:

 

“[...] é usada a composição de super + adjetivo ou substantivo: superescola, superluxo, supertroca, superinteligente. A composição com super tem como acepção primária a expressão do grau de intensidade. Dessa noção passa-se à noção de intensificação positiva. É de se observar que composições com super via de regra não funcionam com base de valor negativo: super-riqueza, *superpobreza, superinteligente/*superburro.”

 

ADJETIVO

 

O que é um adjetivo? A visão tradicional define adjetivo como um item que promove a delimitação , ou seja, “[...] por caracterizar as possibilidades designativas do substantivo, orientando delimitativamente a referência a uma parte ou a um aspecto denotado.” (BECHARA, 2000, 142).

Isso significa, resumidamente, que “Adjetivo é a palavra que expressa qualidade.” (Idem, p. 227)

Margarida Basílio, respeitada professora e pesquisadora, considera que há uma problema nessa definição de adjetivo, pois ela considera que o adjetivo não se caracteriza pelo significado e sim pela função. Segundo ela, o adjetivo tem uma “[...] vocação sintática. De fato, o adjetivo não pode ser definido por si só, sem a pressuposição do substantivo, já que sua razão de ser é a especificação do substantivo” (BASÍLIO, p. 50)

 

UMA CURIOSIDADE – O USO DE MEIO COMO ADJETIVO E COMO ADVÉRBIO

 

Aproveitando a discussão acerca do adjetivo, vamos tratar de uma questão recorrente, tanto na fala, quando na escrita, que é o uso da palavra meio, que tanto pode funcionar como numeral e atuar como adjetivo, quanto como advérbio de intensidade.

 

Quando usamos meio e ele significa ‘um pouco’, ele funciona como advérbio e é invariável, ou seja, não concordará com a palavra a qual se refere. Um advérbio pode atuar como modificador de um verbo, de um adjetivo e de um outro advérbio. Mas, como saber se a palavra meio corresponde ao adjetivo ou ao advérbio? Simples: quando meio for adjetivo ele significa metade. Daí, dizemos “É meio dia e meia”, significando “É meio dia e meia hora.”

 

Estou meio cansada.

Cansada é adjetivo, portanto meio é um advérbio.

Comi meio pacote de biscoitos.   

Comi meia barra de chocolate.

Pacote é um substantivo masculino.

Barra é um substantivo feminino.        

Nos dois exemplos, a palavra meio corresponde ao adjetivo metade. Se ela é um adjetivo, deverá concordar com o substantivo ao qual se refere.

 

A classe dos numerais

 

A visão tradicional considera que os numerais são uma classe de palavras “[...] de função quantificadora que denota valor definido.” (Bechara, p. 2000, 203).

No entanto, José lemos Monteiro, em Morfologia Portuguesa, considera que numerais fazem parte da classe dos nomes e assim exercem função de adjetivo e de substantivo. (MONTEIRO, p.235).

 

Dois é par.       Dois pares de sapatos.

 Substantivo      Adjetivo

 

A classe dos pronomes

 

Infante, em Curso de gramática aplicada aos textos, apresenta uma definição que resume o que é um pronome: “Pronome é a palavra que denota os seres ou se refere a eles, considerando-os como pessoas do discurso ou relacionando-os.” (INFANTE, 2000, p. 287). Desse modo, pronomes fixam o campo mostrativo da linguagem e valem sempre como sinais, ou seja, pronomes indicam ‘dêixis’ (“o apontar para”).

 

Temos seis tipos de pronomes:

1. Pronomes pessoais. Indicam diretamente a pessoa do discurso e apresentam três grupos de funções:

 

pronomes retos – eu, tu, ele/ela, nós, vós eles/elas.

 

Embora não listados pela Gramática Normativa, os pronomes de tratamento como você/vocês, senhores/senhoras, prezado cliente, dentre outros, podem funcionar como pronomes retos.

 

Os pronomes de tratamento são chamados de ‘segunda pessoa indireta’, porque, embora estejamos falando com alguém que está conosco, usamos o verbo na 3ª pessoa. Segundo Infante, “Ao tratarmos um deputado por ‘Vossa Excelência’ , por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.” (INFANTE, 1999, p. 290).

 

b) pronomes oblíquos átonos (aparecem sem preposição) – me, te, lhe, o/a, se, nos, vos, lhes, os/as, se;

 

c) pronomes oblíquos tônicos (aparecem com preposição) – mim, ti, ele, ela, si, nós, vós, eles, elas, si, comigo, contigo, consigo, conosco.

2. Pronomes possessivos. São pronomes que estabelecem uma relação de posse, de propriedade entre algo e as pessoas do discurso.

 

SINGULAR

1ª pessoa: meu, minha, meus, minhas

2ª pessoa: teu, tua, teus, tuas

3ª pessoa: seu, sua, seus, suas

 

PLURAL

1ª pessoa: nosso, nossa, nossos, nossas

2ª pessoa: vosso, vossa, vossos, vossa

3ª pessoa: seu, sua, seus suas

3. Pronomes demonstrativos. Indicam a posição dos seres em relação às três pessoas do discurso. Essa localização pode ser no tempo, no espaço ou no discurso:

 

1ª pessoa: este, estes, esta, estas; isto

2ª pessoa: esse, esses, essa, essas, isso

3ª pessoa: aquele, aqueles, aquelas, aquelas, aquilo

 

Conforme Bechara (2000, p. 167) “São ainda pronomes demonstrativos o, mesmo, próprio, semelhante e tal. Considera-se o pronome demonstrativo [...] quando funciona com valor ‘grosso modo’ de isto, isso, aquilo ou tal: Não o consentirei jamais.”

 

4. Pronomes indefinidos: Bechara (2000, p. 168) afirma que pronomes indefinidos aplicam-se à 3ª pessoa com sentido vago ou para indicar quantidade indeterminada.

 

São exemplos de pronomes indefinidos: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, outrem, nenhum, outro e um quando aparecem isolados, qualquer, cada, muito, mais, menos, diverso etc.

 

5. Pronomes relativos: os pronomes relativos “são os que normalmente se referem a um termo anterior chamado antecedente.” (BECHARA, 2000, p. 71).

 

São pronomes relativos em Língua Portuguesa, acompanhados ou não de artigos: que, o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quem, onde, quanto, quanta, quantos, quantas, quando, como.

 

Pronomes interrogativos: “São os pronomes indefinidos quem, que, qual e quanto que se empregam nas perguntas, diretas ou indiretas.” (BECHARA, 2000, 170).

 

A classe dos artigos

 

Artigo é uma palavra que acompanha um substantivo, particularizando-o (artigo definido) ou generalizando-o (artigo indefinido).

 

O artigo definido assinala que se trata de ‘ser’ devidamente situado e é considerado pronome demonstrativo quando antecede a preposição de ou o pronome relativo que.

 

Exemplo.

 

A blusa azul é minha e a amarela é dela.

 Artigo       Pronome (Somente pela ausência do substantivo blusa)

 

O artigo indefinido: Bechara (2000, p. 153) afirma que “Artigos indefinidos representam emprego especial da generalização do numeral um.”

 

a) ‘Um, uma’ (singular) = artigos

    ‘Uns, umas’ (plural) = pronomes

 

b) Um = algum, qualquer (pronomes indefinidos)