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Estudos sobre a Poesia Lírica
Estudos sobre a Poesia Lírica

Estudos sobre a Poesia Lírica

O QUE É POESIA LÍRICA?

 

Entre os gêneros reportados pela poética clássica, o lírico e o épico são os mais antigos. Enquanto a epopeia conectava-se à celebração dos grandes feitos coletivos, ressaltando os laços do grupo social, os cantos líricos expressavam outro tipo de situação. Referiam-se a uma percepção subjetiva do poeta, que cantava os seus sentimentos perante as situações apresentadas em sua vida, como a alegria por um nascimento, a tristeza diante da morte de um amigo, a insegurança frente a um amor duvidoso.

 

Desde muito remotamente, o gênero lírico foi identificado à musicalidade: o termo “lírico” é oriundo de lira, o instrumento musical que acompanhava o poeta, enquanto o poema era declamado. Outros instrumentos também acompanhavam o poeta lírico, como a flauta e a cítara, citadas por Aristóteles, em Arte Poética.

 

Entre a Idade Média e o Renascimento, a poesia lírica depurou-se da forma cantada e passou a ser escrita. Ainda assim permaneceram nos poemas líricos traços da musicalidade, como o refrão, a repetição de sons consonantais (aliteração) e de sons vocálicos (assonância), as rimas e o ritmo.

 

Na Antiguidade, a declamação do poema era feita com o poeta de costas para o público, para simular uma conversa consigo: o lírico, em suas origens, liga-se a uma poesia íntima, a uma confissão das emoções e dos sentimentos. Não narra uma história, mas expressa o que o sujeito sente. É, portanto, um gênero que tende à subjetividade, classicamente.

 

Outra questão importante no lirismo é o fato de que, ainda muito remotamente, desdobrou-se em várias formas, como: elegia, écloga, ode, soneto, hino...

 

Dos três gêneros da tripartição clássica, só o lírico manteve a escrita em versos. Por isso, o que é chamado pelo senso comum, atualmente, de “poesia”, vem a ser a poesia lírica.

 

A poesia lírica possui algumas características específicas.

Ela é polissêmica, isto é, não aponta para um sentido, mas é uma potência de significados. Não existe um sentido verdadeiro para o poema, mas leituras adequadas, frente aos seus múltiplos significados. A plurissignificação liga-se ao caráter simbólico, à ambiguidade e aos sentidos implícitos presentes no texto literário.

 

Uma outra característica da linguagem literária é o seu poder de síntese. Ela é capaz de sintetizar na estrutura do poema imagens e pensamentos extremamente complexos.

 

A linguagem lírica tende à subjetividade, à expressão de sentimentos internos, em um tom de confissão. Na verdade, havia na Grécia Antiga, um tipo de lirismo chamado “lirismo coral”, que cantava fatos relacionados ao grupo social. Mas, apesar do tom social, mantinham a expressão emotiva. E, como veremos séculos depois, a modernidade trouxe à tona um lirismo social, não necessariamente carregado de subjetividade.

 

Outro dado fundamental na linguagem lírica reporta à elisão da distância entre o eu lírico e o objeto do qual ele fala. Há uma espécie de simbiose entre a voz lírica e o objeto cantado, como se os dois entrassem em um processo de fusão. De modo frequente, o eu lírico projeta no objeto os seus sentimentos e a sua visão de mundo. Como no poema “4º. Motivo da rosa”, de Cecília Meireles, no qual o eu lírico identifica-se com a imagem da rosa:

 

“4o. Motivo da rosa”

Não te aflija com a pétala que voa:

também é ser, deixar de ser assim.

 

Rosas verá, só de cinzas franzida,

mortas, intactas pelo teu jardim.

 

Eu deixo aroma até nos meus espinhos

ao longe, o vento vai falando de mim.

 

E por perder-me é que vão me lembrando,

por desfolhar-me é que não tenho fim.

Em termos de estrutura, o poema lírico é tradicionalmente escrito na forma de versos, apresentando ritmo e sonoridade. A linguagem empregada na forma lírica é, por excelência, experimental e neológica, muitas vezes.

 

Alguns conceitos básicos para o estudo da poesia lírica

Poesia e poema

Começaremos com dois conceitos básicos. Você saberia diferenciar as ideias de poesia e de poema?

 

Poesia – Refere-se tanto ao gênero lírico, como à obra de um poeta específico.

 

Poema - O texto de poesia, propriamente dito.

Como texto de poesia, o poema apresenta

certos elementos específicos.

Três deles são: os versos, as estrofes e as rimas.

VERSOS / ESTROFES / RIMAS

Cada linha do poema é chamada de verso. Cada conjunto de versos do poema é chamado de estrofe.

 

“Memória”

Carlos Drummond Andrade

Amar o perdido

deixa confundido

este coração.

 

Nada pode o olvido

contra o sem sentido

apelo do Não.

 

As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão

 

Mas as coisas findas

muito mais que lindas,

essas ficarão.

 

Há poemas que apresentam rimas, que podem ser definidos como a repetição regular de sons similares ou idênticos. Geralmente, as rimas ocorrem entre as palavras finais dos versos, o que chamamos de rima externa. Existem, ainda, rimas entre a palavra final e outras palavras de um verso, o que denominamos de rima interna. A rima foi, durante séculos, um elemento fundamental da poesia.

 

Apollinaire criou um novo tipo de poesia, nomeado de caligrama. O caligrama representava graficamente o poema de acordo com a sua significação. Um poema sobre a resistência da língua francesa tomava a forma da torre Eiffel, por exemplo. Um poema sobre a chuva era escrito na forma de gotas caindo.

 

A partir do século XX, com a emergência das vanguardas modernistas, os artistas reivindicaram a libertação das normas estéticas rígidas. A poesia passou a ser um exercício “sem amarras”, para usarmos uma expressão de um dos manifestos da vanguarda modernista, o Futurista. Os versos livres predominam em um primeiro momento. Mais tarde, em torno da década de trinta, há o retorno à metrificação e às rimas, mas sem o estabelecimento de orientações fixas ou obrigatórias.

 

RITIMO

O ritmo é um elemento fundamental da poesia.

O poema é organizado em versos, frases poéticas arrumadas de acordo com a intenção do poeta, de um modo muito diferente da prosa, escrita em parágrafos, sem a marcação das pausas constantes, presentes nas terminações dos versos. A organização constantemente “quebrada”, com pausas longas e /ou breves do poema conecta-se ao seu ritmo.

 

Leia o texto de Norma Goldstein, sobre o ritmo do poema:

 

No poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, o ritmo ágil é elaborado pela profusão de vírgulas, bem como pela anáfora do pronome relativo “que”, repetido várias vezes. A agilidade impressa pelo ritmo veloz coaduna-se com a ideia da quadrilha, da troca incessante dos pares amorosos, da figuração do amor com a experiência do desencontro.

 

“Quadrilha”

João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo

[morreu de desastre, Maria ficou para tia],

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado na história.

(Carlos Drummond de Andrade)

 

Leia, agora, o poema “A valsa”:

“A valsa” (trechos)

Tu, ontem,

Na dança

Que cansa,

Voavas

Co'as faces

Em rosas

Formosas

De vivo,

Lascivo

Carmim;

Na valsa

Tão falsa,

Corrias,

Fugias,

Ardente,

Contente,

Tranquila,

Serena,

Sem pena

De mim!

CASIMIRO DE ABREU

No poema “A valsa”, o ritmo, também veloz, é obtido pela métrica curta dos versos de duas sílabas. A velocidade do ritmo liga-se à velocidade da dança, capaz de fazer a moça cantada pelo eu lírico com as faces “em rosas”.

 

Ao analisarmos um poema, é importante atentarmos para o seu ritmo e indagarmos sobre o seu modo (veloz? Truncado?), a regularidade no tamanho dos versos, a repetição de sons e os modos pelos quais o ritmo articula-se ao sentido do poema.

No poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, o ritmo ágil é elaborado pela profusão de vírgulas, bem como pela anáfora do pronome relativo “que”, repetido várias vezes. A agilidade impressa pelo ritmo veloz coaduna-se com a ideia da quadrilha, da troca incessante dos pares amorosos, da figuração do amor com a experiência do desencontro.

Para saber sobre a contagem das sílabas nos poemas, leia o capítulo quatro, “Sistemas de metrificação”, do livro Versos, sons e ritmos.

 

A MÉTRICA

Quando falamos no ritmo do poema, estamos nos referindo também à métrica.

A palavra métrica vem de “metro”, que significa: tamanho, medida. A métrica refere-se à medida do verso, geralmente composto de duas a doze sílabas poéticas. Quando falamos em métrica, dizemos sobre a técnica de composição de versos, bem como ao número de sílabas poéticas presentes em cada verso.

As estruturas métricas mais recorrentes na língua portuguesa são:

A REDONDILHA MENOR – 5 SÍLABAS POÉTICAS

A REDONDILHA MAIOR – 7 SÍLABAS POÉTICAS

O VERSO DECASSÍLABO OU HERÓICO 10 SÍLABAS POÉTICAS

O VERSO DODECASSÍLABO OU ALEXANDRINO 12 SÍLABAS POÉTICAS

A maneira pela qual o eu lírico expressa a sua visão pode dar-se através de comparações a um objeto e da figuração das sensações despertadas pelo objeto poético.

 

A IMAGEM DO POEMA

Na poesia lírica, o termo imagem alude às figuras de linguagem presentes no poema.

A imagem poética representa duplamente: a figuração de uma realidade, recriada ficcionalmente. A visão do eu lírico  sobre essa realidade.

As analogias presentes na imagem poética podem referir-se a objetos, como no poema a seguir, de Mário Quintana, no qual o autor estabelece analogias entre o poema e as imagens do gole d´água, do animal ferido e da moeda pequenina:

“O poema”

 

Um poema como um gole d’água bebido no escuro.

Como um pobre animal palpitando ferido.

Como pequenina moeda de prata perdida para

Sempre na floresta noturna

Triste.

Solitário.

Único.

Ferido de mortal beleza.

 

EXPLICAÇÃO EXPANDIDA

“Amor é fogo que arde sem se ver”, do soneto de Luís de Camões.

Nele há uma analogia entre a ideia de amor e a imagem do fogo. O verso sintetiza várias percepções nesta única imagem. De modo múltiplo, a imagem do amor como um fogo que arde sem se ver pode significar, ao mesmo tempo, a dor, o calor, a beleza, o ímpeto, o consumir-se, entre outros sentidos possíveis e condensados, de modo sintético, em uma imagem poética.

 

O EU LÍRICO

Pelo caráter confessional da poesia lírica, muitas vezes, a fronteira entre o eu lírico e ou eu biográfico mostra-se tênue. Esta tenuidade, entretanto, não significa identidade.

Na poesia lírica, a voz que enuncia o poema é nomeada de eu lírico. É importante distinguir o eu lírico do autor (que podemos chamar de eu biográfico). O eu lírico é uma voz criada pelo autor ao construir o poema. Ou seja: é uma criação do autor, não é a voz deste.

EXEMPLO 1

O poema “Evocação do Recife”, de Manuel Bandeira, recupera personagens, lugares e situações que fizeram parte da infância do poeta. A Rua da União, Dona Aninha Viegas, a casa do avô são elementos presentes na memória subjetiva do autor e recuperados no momento de organização de sua escrita poética.

“Evocação do Recife”

Recife

 

Não a Veneza americana

Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais

Não o Recife dos Mascates

Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois

- Recife das revoluções libertárias

Mas o Recife sem história nem literatura

Recife sem mais nada

Recife da minha infância

A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado

e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas

Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê

na ponta do nariz

Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras

mexericos namoros risadas

A gente brincava no meio da rua

Os meninos gritavam:

Coelho sai!

Não sai!

 

A distância as vozes macias das meninas politonavam:

Roseira dá-me uma rosa

Craveiro dá-me um botão (Dessas rosas muita rosa

Terá morrido em botão...)

De repente

nos longos da noite

um sino

Uma pessoa grande dizia:

Fogo em Santo Antônio!

Outra contrariava: São José!

Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.

Os homens punham o chapéu saíam fumando

E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.

(Rua da União...

Como eram lindos os montes das ruas da minha infância

Rua do Sol

(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)

Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...

...onde se ia fumar escondido

Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...

...onde se ia pescar escondido

Capiberibe

- Capiberibe

Lá longe o sertãozinho de Caxangá

Banheiros de palha Um dia eu vi uma moça nuinha no banho

Fiquei parado o coração batendo

Ela se riu

Foi o meu primeiro alumbramento

Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu

E nos pegões da ponte do trem de ferro

os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras

Novenas

Cavalhadas

E eu me deitei no colo da menina e ela começou

a passar a mão nos meus cabelos

Capiberibe

- Capiberibe

Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas

Com o xale vistoso de pano da Costa

E o vendedor de roletes de cana

O de amendoim

que se chamava midubim e não era torrado era cozido

Me lembro de todos os pregões:

Ovos frescos e baratos

Dez ovos por uma pataca

Foi há muito tempo...

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros

Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo

Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil

Ao passo que nós

O que fazemos

É macaquear

A sintaxe lusíada

A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem

Terras que não sabia onde ficavam

Recife...

Rua da União...

A casa de meu avô...

Nunca pensei que ela acabasse!

Tudo lá parecia impregnado de eternidade

Recife...

Meu avô morto.

Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro

como a casa de meu avô.

 

Ao escrever “Evocação do Recife”, Bandeira recupera esses elementos e os reelabora, a partir de sua criatividade, na voz lírica inventada por ele. Não é a mesma experiência, mas, a partir dela, a criação de outra experiência: a experiência poética.

 

Por isso, podemos dizer que, certas vezes, pode haver um diálogo profundo entre as experiências do eu lírico e as vivenciadas pelo autor, mas não afirmar que tais experiências sejam as mesmas. Vale ressaltar que esse diálogo não é uma regra, ao contrário: muitas vezes, o autor constrói um eu lírico afastado de suas experiências. Pensar na identidade entre o eu lírico e o autor é não reconhecer um traço fundamental do texto literário: a sua liberdade ficcional.

 

O LIRISMO PARTICIPANTE

 

Outro ponto importante a reconhecer é a possibilidade de a voz lírica ser enunciada em terceira pessoa. Isto ocorre, principalmente, na poesia a partir do movimento modernista, que apresenta, por vezes, poemas com uma preocupação marcadamente social, como ocorre em certas obras de Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto, só para citar dois exemplos.

A este lirismo podemos chamar participante. Angélica Soares, em seu livro Gêneros literários, que consta em nosso material didático, afirma ser o lirismo participante o “resultado de uma integração entre a emoção e o desejo de interpretar o mundo; integração responsável pelo nascimento de uma significação que, ao revelar o mundo, revela o sujeito que o considera poeticamente, unindo-se, mais nitidamente, o emocional e o reflexivo”.

Um exemplo do que chamamos de lirismo participativo pode ser encontrado no poema “Balada das dez bailarinas do cassino”, de Cecília Meireles:

 

Balada das Dez Bailarinas do Cassino

Dez bailarinas deslizam

por um chão de espelho.

Têm corpos egípcios com placas douradas,

pálpebras azuis e dedos vermelhos.

Levantam véus brancos, de ingênuos aromas,

e dobram amarelos joelhos.

 

Andam as dez bailarinas

sem voz, em redor das mesas.

Há mãos sobre facas, dentes sobre flores
e com os charutos toldam as luzes acesas.

Entre a música e a dança escorre

uma sedosa escada de vileza

As dez bailarinas avançam

como gafanhotos perdidos.

Avançam, recuam, na sala compacta,

empurrando olhares e arranhando o ruído.

Tão nuas se sentem que já vão cobertas

de imaginários, chorosos vestidos.

 

A dez bailarinas escondem

nos cílios verdes as pupilas.

Em seus quadris fosforescentes,

passa uma faixa de morte tranquila.

Como quem leva para a terra um filho morto,

levam seu próprio corpo, que baila e cintila.

Os homens gordos olham com um tédio enorme

as dez bailarinas tão frias.

Pobres serpentes sem luxúria,

que são crianças, durante o dia.

Dez anjos anêmicos, de axilas profundas,

embalsamados de melancolia.

Vão perpassando como dez múmias,
as bailarinas fatigadas.

Ramo de nardos inclinando flores

azuis, brancas, verdes, douradas.

Dez mães chorariam, se vissem
as bailarinas de mãos dadas.

 

As formas líricas na atualidade

Pelo menos desde o século XVI, assistimos à fusão de elementos de gêneros literários distintos em uma só obra. Muitas vezes, podemos encontrar em textos dramáticos e épicos traços do lirismo, assim como é possível haver obras líricas com laivos épicos e/ou dramáticos. Esta fusão, a partir da modernidade, tornou-se cada vez mais recorrente.

 

Outro dado importante para pensarmos sobre o lirismo na atualidade é a relação entre as letras de música e a poesia lírica. A discussão sobre o fato das letras de músicas populares poderem ou não ser consideradas como poemas líricos é polêmica, mas já se admite a consideração de um grupo de estudiosos, críticos, pesquisadores e poetas, como Luiz Tatit, Arthur Nestrovski, José Miguel Wisnik e Carlos Rennó, dentre outros, que percebe o caráter lírico das letras da música popular brasileira e apontam a sua riqueza.