Translate this Page




ONLINE
7





Partilhe esta Página

                                            

            

 

 


Blogueira Fitness Infantil
Blogueira Fitness Infantil

“BLOGUEIRA” MALHADORA DE 9 ANOS ABRE DEBATE SOBRE RISCOS DE EXERCÍCIOS E DA EXPOSIÇÃO NA INTERNET.

 

Página de menina foi bloqueada na rede.  Mãe já fez outro perfil.

 

“Blogueira fitness infantil” é como apresentam Anna Clara Mansur, 9 anos, no Instagram.  Com diversas publicações, inúmeros vídeos e fotos de exercícios, a menina vinha expondo seu dia a dia de malhação e alimentação esportiva e provocou polêmica na internet.  Ontem, o perfil de Anna, que contava com mais de 22 mil seguidores, foi bloqueado pelo Instagram.

 

No entanto, momentos depois do bloqueio, a mãe da menina, a empresária Mileny Mansur, criou um novo perfil para a filha e uma campanha na rede social para “conseguir novamente o número de seguidores dela”.  Apesar de o Instagram informar que não comenta casos específicos, a companhia reafirmou a sua primeira regra dos termos de uso: “Você precisa ter ao menos 13 anos de idade para usar o serviço”.

 

Nas imagens na rede social, a garota aparecia vestida com legging, top e short, figurino padrão das mulheres nas academias.  As legendas comprovam a inserção na cultura fitness.  Numa delas, a criança exibe um prato de macarrão integral com carne e escreve: “Uma alimentação saudável e balanceada”.

 

Moradora de Goiânia (GO) e filha de um personal trainer, Anna Clara é uma espécie de “pequena miss Sunshine” do século 21: no lugar da maquiagem e dos vestidos que mimetizam o mundo das misses, pesos, anilhas e shorts de ginástica.  Não é um caso isolado.  Um número considerável de crianças tem frequentado o universos das academias de ginástica, a ponto de ganhar exercícios vendidos por esses estabelecimentos como próprios para a idade, mas que dividem as opiniões de especialistas.  Para além de eventuais riscos ao crescimento, a incorporação de códigos do mundo adulto e a exposição em espaços frequentados por maiores suscitam debate.

 

“Criança tem que fazer exercício, sim.  Na pracinha, na rua, brincando de pique-pega.  Tem que ser um ambiente lúdico e com outras crianças.  A academia não é esse espaço. Para além dessa questão de queimar etapas, a criança tem na extremidade dos ossos placas de crescimento.  Quando colocado muito peso, essas placas não se desenvolvem e atrapalham o crescimento”, afirma o pediatra Daniel Becker.

 

Menores expostos.

 

Há alguns anos, os irmãos romenos Claudio e Giuliano Stroe, hoje com 8 e 10 anos, respectivamente, ficaram conhecidos como “irmãos Hércules”, causando furor mundo afora com suas rotinas pesadas de exercícios. A dupla chegou ao noticiário por expor nas redes sociais seu dia a dia de levantamento de pesos e exercícios impressionantes.  O mais velho, que já quebrou dois recordes mundiais, alcançou 3,6 milhões de curtidas no Facebook e chegou a quase 120 mil inscritos no YouTube.  Especialistas de diversos países criticaram os pais e disseram temer o baixo crescimento dos meninos.

 

Mais recentemente, em 2014, a russa Kristina Pimenova, também de 9 anos, ficou conhecida como a “criança mais bonita do mundo” após a publicação de fotos feitas por sua mãe, uma ex-modelo criticada por, supostamente, sexualizar a filha nas imagens.  Já o americano Alonso Mateo, 5 anos, chamou atenção por ter fotos de suas alegadas produções de moda publicadas.  Seus pais foram criticados por expô-lo e, nas palavras de alguns, “privá-lo” da infância.

 

Mãe defende a prática.

 

Segundo a empresária Mileny Mansur, mãe de Anna Clara, a filha vê a academia de “forma lúdica”, não pega peso em seus exercícios e só frequenta o local duas vezes por semana.  Nos outros dias, ela sustenta, a menina segue uma vida normal como a de qualquer outra criança.  “Não achamos que ia chegar a esse ponto.  Não vejo maldade nenhuma nas roupas que ela está usando e na prática de exercícios.  O pai dela é profissional e a acompanha sempre.  Também treino todo dia”, afirma Mileny, que passou a filtrar as mensagens que a filha lê no aplicativo a fim de privá-la das críticas.

 

Becker pede cuidado na escolha das atividades dos filhos: “Não é brincadeira, [a exposição na internet] é exibicionismo.  O esporte é o meio social em que se deve pensar a formação de uma criança, mas não a academia.  Somente a partir dos 13 anos é que se pode pensar nesse tipo de exercício.  Modismos e consumismos estão chegando às crianças.”

 

Nova conta.

Após realizar o sonho de ter milhares de seguidores no Instagram, Anna Clara teve sua conta bloqueada pela rede social.  “Ela ficou muito chateada com o bloqueio.  Nós estamos revoltados, porque o perfil dela não pode ser visto como objeto de pornografia infantil.  Não podemos aceitar uma maldade dessas com uma criança”, disse a mãe da garota.

 

Com o bloqueio do perfil de Anna Clara, Mileny decidiu criar outra conta para a menina e iniciar uma campanha para “conseguir novamente o número de seguidores”. “Se o problema era uma criança ter uma conta no Instagram, agora não será mais.  Eu sou a responsável por ela, vou movimentar a conta por ela”, afirma.  Apesar de ficar conhecida como blogueira fitness infantil, Anna Clara não possui um blog, apenas contas no Instagram e no Facebook.  A mãe revela que o título de blogueira é uma brincadeira entre a filha e as amigas da escola.  “As meninas brincam de ser blogueira.  Cada uma é blogueira de alguma coisa, ela é a fitness”, conta.

 

Segundo a empresária, a filha malha a quatro meses, com uma rotina de uma hora por dia, duas vezes por semana e sempre acompanhada pelo pai, Wesley Mansur.

 

 

USO EXCESSIVO DE DISPOSITIVOS MÓVEIS PODE PREJUDICAR COMPORTAMENTO DE CRIANÇAS.

 

Como parte de um verdadeiro fenômeno moderno, crianças estão fazendo um uso cada vez mais precoce de tablets e dispositivos móveis, muitas vezes incentivados pelos pais como forma de manter os filhos distraídos.

 

No entanto, de acordo com um estudo desenvolvido por psicólogos infantis da Escola de Medicina da Universidade de Boston, nos EUA, quando usados em excesso pelos pequenos, esses aparelhos tendem a prejudicar o seu desenvolvimento emocional e o seu comportamento.

 

Publicado no periódico Pediatrics, o estudo mostra que as crianças que fazem uso pesado desses dispositivos demonstram sinais de incapacidade de controlar as suas emoções, disfarçando-as com atividades ligadas aos aparelhos, como a utilização de aplicativos.

 

“Já foi mostrado por estudos que o aumento do uso da TV diminui o desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais de crianças.  O uso de dispositivos móveis atua de modo similar, substituindo o tempo passado desenvolvendo interações diretas entre humanos”, afirmou Jenny Radesky, instrutor do setor de pediatria comportamental da universidade e um dos autores do levantamento.

 

Ainda de acordo com o estudo, o uso desses aparelhos por menores de 3 anos de idade poderia ainda impactar o desenvolvimento de habilidades necessárias ao estudo da matemática e das ciências.

 

Fonte:  Jornal O Sul-Caderno Reportagem-04/02/2015