APRENDER E SE DIVERTIR DEPOIS DA AULA
INCORPORADAS À ROTINA DO ESTUDANTE, PRÁTICAS ALÉM DO PERÍODO REGULAR OFERECIDAS DENTRO E FORA DA ESCOLA TRABALHAM HABILIDADES DE FORMA LÚDICA E PRAZEROSA.
Permanecer na escola além do período de aula pode ser divertido e ajudar a desenvolver as capacidades dos alunos. As instituições têm aumentado a oferta de atividades complementares que permitem o desenvolvimento de habilidades com as quais os alunos mais se identificam, muitas vezes de forma mais lúdica e prazerosa do que no turno regular.
- São atividades que ampliam as experiências vivenciadas pelos alunos e organizam o acesso a novos conhecimentos e à formação de novas amizades. Isso ocorre a partir da convivência com outros grupos para além da sala de aula – explica a coordenadora do curso de Pedagogia da Feevale, Moana Meinhardt.
Tarefas programadas para o turno oposto ao de aula costumam abarcar esportes, idiomas e artes, não obrigatoriamente dentro da escola. Antes de fazer a matrícula, convém prestar atenção à dinâmica da família, à agenda dos pais e ao investimento econômico disponível. As expectativas sobre o futuro da criança ou do adolescente podem direcionar a agenda do período oposto ao da aula.
- É necessário considerar qual o projeto que os adultos têm para os filhos. Há pais que vão buscar enfatizar a questão da internacionalização e vão matricular os filhos em idiomas. Outros pais vão priorizar a saúde, com esportes como natação, judô ou taekwondo. Essa escolha tem muito a ver com o ambiente em que a família está inserida – afirma o professor Augusto Niche Teixeira, coordenador do curso de Pedagogia da Unilasalle e consultor da Beformless – Inovação Estratégica.
Para quem procura fundamentar a decisão, os orientadores educacionais das escolas podem conversar sobre as necessidades que devem ser complementadas por cada aluno, segundo Teixeira:
- O diálogo com a escola faz com que os pais escolham as atividades complementares com base em aspectos pedagógicos. São diversas as atividades que podem ser propostas pela equipe de orientação fundamentadas na história de cada estudante. Assim, essa formação visa a preencher lacunas, e não a apenas ocupar tempo.
Atividades para além das que os estudantes demonstram maior interesse podem ser estimuladas para fazer com que conheçam novas propostas e ampliem o repertório de experiências.
- O desempenho das crianças nestas tarefas deve ser acompanhado, sem forçar que realizem algo com o qual não demonstram nenhuma afinidade e que poderá se tornar uma obrigação, gerando sentimentos negativos – afirma a professora Moana.
COMO ESCOLHER AS ATIVIDADES
Veja o que observar antes de fazer a matrícula dos estudantes em cursos dentro ou fora da escola:
Considerar o que desperta a atenção da criança ou do adolescente, para que as atividades sejam prazerosas.
Levar em conta o tempo e a logística necessários, como a disponibilidade dos pais em levar e buscar os filhos nas tarefas.
Estimular atividades diferentes daquelas que os filhos demonstram interesse, para que ampliem o repertório de experiências.
Conversar com os filhos e procurar tomar a decisão em conjunto.
Pesar as contribuições das tarefas para o desenvolvimento das crianças ou dos adolescentes.
EM ORQUESTRA, IRMÃOS APRENDEM MÚSICA E RESPONSABILIDADE
As quintas e as sextas-feiras são aguardadas com ansiedade pelos irmãos Maria Eduarda Contu, 13 anos, e Pedro Contu, 12 anos. Nesses dias, os estudantes do Colégio Rosário participam da orquestra da escola e fazem aulas de música na Elite Musical.
Maria Eduarda, que cursará o 8º ano do Ensino Fundamental, ensaia com a orquestra desde 2014. Começou com a flauta, nas aulas regulares, e foi selecionada pelo professor de música para ingressar no grupo – atualmente, toca teclado. A participação na orquestra animou o irmão, Pedro, que está se dedicando à percussão. Na Elite Musical, eles aprendem piano e bateria, duas horas por semana.
Além das aulas de música, eles fazem esporte e estudam inglês, fora da escola. O pai, o médico Paulo Contu, diz que as atividades foram negociadas com os filhos:
- A música foi uma iniciativa deles. Já o esporte e a escola de línguas foi uma influência nossa. Temos de insistir um pouco mais, mas eles entendem que é uma necessidade. Além disso, eles praticam escotismo, que tem encontros semanais.
O professor Augusto Niche Teixeira explica a importância do aprendizado de música: desenvolve o raciocínio lógico e desperta a sensibilidade acerca da estética e de áreas do conhecimento como história, filosofia e antropologia.
Além disso, a orquestra da escola estimula nos irmãos a importância da responsabilidade, segundo o pai dos estudantes:
- Eles assumiram o compromisso de ensaiar e já fizeram apresentação na escola, na Rádio da UFRGS e na Catedral Metropolitana.
POR QUE ESTIMULAR
Veja a importância de cada atividade no desenvolvimento dos estudantes, segundo o professor Augusto Niche Teixeira:
ESPORTE
As atividades esportivas, além de atuar nos aspectos biológicos, potencializam outras dimensões do desenvolvimento na vida escolar. Elas contribuem para o desenvolvimento das atividades motoras, da socialização, da interpessoalidade e das relações estabelecidas por regras e contratos sociais.
IDIOMAS
São a porta de entrada para diferentes culturas e permitem um melhor entendimento dos processos de globalização atuais. Novos idiomas podem ser aprendidos desde a Educação Infantil e contribuem para o futuro acadêmico-escolar e profissional dos estudantes.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Diversas instituições propõem desafios pedagógicos que buscam melhorar a qualidade de vida nas comunidades em que estão inseridas. São feitos por meio de projetos que desenvolvem conhecimentos e sabores a partir das áreas do currículo escolar.
EMPREENDEDORISMO
Contribui para que os estudantes desenvolvam a alteridade, a responsabilidade pelo outro e a com preensão da vida em sociedade. É fomentado sob a lógica da inovação social – conjunto de estratégias para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
CULTURA
Desenvolvem habilidades interdisciplinares e promovem o conhecimento sobre si. Também contribuem para a construção do sujeito em um tempo no qual é ator ativo no processo de transformação social.
NÃO EXAGERE
Embora a diversidade de atividades seja benéfica ´para crianças e adolescentes, o especialista alerta para o perigo de sobrecarga. É importante que estudantes dos diferentes níveis de ensino tenham espaço para o descanso, pois o cansaço físico e a exaustão interferem no âmbito emocional.
Fonte: ZeroHora/Caderno Educa Volta às Aulas em 26 de janeiro de 2016.