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Violência na Rotina da Universidade
Violência na Rotina da Universidade

VIOLÊNCIA NA ROTINA DA UNIVERSIDADE

 

Estudo aponta que duas em cada três estudantes foram vítimas de abuso em campi ou festas acadêmicas.

 

Quando alunas de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) decidiram denunciar abusos sexuais nos ambientes universitários, no final do na o passado, não estavam apenas rompendo anos de silêncio, mas escancarando ao país que a cultura do estupro também impera no Ensino Superior.  Em uma pesquisa inédita divulgada ontem, quase 70% das universitárias afirmaram já terem sofrido algum tipo de violência em espaços acadêmicos.

 

Encomendado pelo Instituto Avon ao data Popular, o levantamento ouviu 1.823 universitários das cinco regiões de todo o país, sendo 60% mulheres.  Das entrevistadas, 67% já sofreram algum tipo de violência (sexual, psicológica, moral ou física) no ambiente universitário.  Entre os homens, 38% dos estudantes admitiram ter já ter praticado pessoalmente algum tipo de violência contra mulheres em espaços acadêmicos.

 

Diferentemente da violência doméstica, em que a Lei Maria da Penha tipifica todos os casos, o grande problema da violência  de gênero nas universidades é que ela não está clara nem para quem sofre nem para quem comete, segundo a presidente do Conselho do Instituto Avon, Alessandra Ginante.

 

Na pesquisa, apenas 10% das mulheres afirmaram espontaneamente ter sofrido algum tipo de violência no ambiente acadêmico.  No entanto, quando foram questionadas se sofreram algum dos itens da lista de violências, o número saltou para 67%.  No caso dos homens, apenas 2% admitiram  de forma espontânea ter cometido algum ato de violência.  Questionados a partir de uma lista de situações violentas, 38% deles reconheceram ter praticado as ações.

- Um dos valores que a pesquisa tem é classificar esses tipos de violência, que precisam ser combatidos – completou Alessandra.

 

O presidente do data Popular, Renato Meirelles, acrescenta que o levantamento mostrou que a desigualdade de gênero não está ligada à desigualdade social:

- Os muros da universidade não são impermeáveis ao machismo da sociedade brasileira.  A violência contra a mulher não está ligada à desigualdade social, não ocorre apenas em meios de menor escolaridade – explica.

  

ENTREVISTADOS

1.823 universitários = 40% homens e 60% mulheres

 

IDADE

51% de 16 a 25 anos; 

35% de 26 a 35 anos;

10% de 36 a 45 anos;

  4% com 46 anos ou mais.

 

CLASSE ECONÔMICA

53% média

36% alta

12% baixa

 

INSTITUIÇÕES

76% privada

24% pública

 

MEDO

42% das mulheres já sentiram medo de sofrer violência em ambientes universitários

36% das mulheres já deixaram de fazer alguma atividade por medo de sofrer violência

 

VIOLÊNCIA

Mulheres:  10% relataram espontaneamente terem sofrido violência de um homem na universidade ou em festas acadêmicas.  Mas, quando são estimuladas com uma lista de violências, elas reconhecem que foram submetidas a muitas delas e o número sobe para 67%

Homens:  2% admitiram espontaneamente terem cometido algum ato de violência contra a mulher na universidade ou em festas acadêmicas.  Mas 38% reconheceram ter cometido as violências apresentadas na lista.

 

ASSÉDIO SEXUAL

73% dos entrevistados conhecem casos

56% das mulheres sofreram

26% dos homens cometeram

 

CASOS ESPECÍFICOS

12% das mulheres foram coagidas a participar de leilões, desfiles ou outras atividades degradantes

11% das mulheres foram forçadas a ingerir bebidas alcoólicas

 

VIOLÊNCIA FÍSICA

22% dos entrevistados conhecem casos

10% das mulheres sofreram

  4% dos homens cometeram

 

DESQUALIFICAÇÃO INTELECTUAL

62% dos entrevistados conhecem casos

49% das mulheres sofreram

19% dos homens cometeram

 

VIOLÊNCIA SEXUAL

46% dos entrevistados conhecem casos

14% dos entrevistados conhecem casos de estupro

28% das mulheres sofreram

11% das mulheres sofreram tentativa de abuso sob efeito de álcool

13% dos homens cometeram

 

REAÇÃO

63% das mulheres admitem não ter reagido quando sofreram violência

 

HOMENS NÃO RECONHECEM VIOLÊNCIA

35% não consideram violência coagir uma mulher a participar de atividades degradantes como desfiles ou leilões

31% não consideram violência repassar fotos ou vídeos das colegas sem autorização

27% não consideram violência abusar da garota se ela estiver alcoolizada.

 

 

MEDO E ABANDONO DA ACADEMIA

 

Casos frequentes de violência fizeram com que 42% das alunas sentissem medo nos ambientes universitários e 36% delas já deixaram de fazer alguma atividade acadêmica por isso.  O levantamento mostrou que 49% das alunas já foram desqualificadas intelectualmente no ambiente universitário por serem mulheres, com piadas ou sátiras de gênero.

 

Embora dois terços das alunas tenham sofrido violência, 63% não reagiram, diz a pesquisa.  A maioria delas, por medo de ser exposta (61%).  Das que contaram, um terço sofreu represálias, como ser hostilizada, ficar isolada ou ser exposta na universidade.

- É preciso pensar uma solução para esse problema que passe pela responsabilização de todos os componentes da comunidade acadêmica – afirmou o presidente do Data Popular, Renato Meirelles.

 

A pesquisa foi apresentada no Fórum Fale Sem Medo, em SP.  Criado pelo Instituto Avon, ocorre há três anos e integra agenda nacional da campanha mundial 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

 

Confira os dados completos em www.zhora.co/univiolencia

Em vídeo, a repórter Letícia Duarte comenta os dados.  Veja em www.zhora.co/comentados

Fonte:  ZeroHora/Fernanda da Costa (fernandacosta@zerohora.com.br) em 04/12/2015  *A repórter viajou a São Paulo a convite da organização do Fórum Fale Sem Medo.