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Ensinando as Crianças a Lidar com as Frustrações
Ensinando as Crianças a Lidar com as Frustrações

EU QUERO AGORA!

 

EM FAMÍLIA:  DICAS PARA ENSINAR AS CRIANÇAS A LIDAR COM AS FRUSTRAÇÕES.

 

Birras, desistências, ataques de raiva. Crianças (e mesmo adultos) que não sabem lidar com a frustração desenvolvem problemas de relacionamento – na vida amorosa ou profissional – e um grande sofrimento diante de situações que poderiam ser simples de resolver.  Na infância, o apoio e a orientação da família e da escola são fundamentais nesse processo.

 

Confira dicas de especialistas das áreas de Psicologia e da Educação sobre como ajudar as crianças a aceitar os erros e dominar melhor a frustração.

 

LEVANTAR RÁPIDO DA QUEDA

 

Logo no início da vida, a criança enfrenta situações nas quais nem sempre os seus desejos são atendidos, o que leva à frustração – desde a hora de mamar no seio da mãe até o momento de querer um enfeite da mesa da sala que não é brinquedo.  Faz parte do desenvolvimento aprender estratégias para lidar com essa decepção, e esse é um momento em que a criatividade pode ser estimulada.  Para a psicóloga Elaine Henning, em todas as situações da infância a criança pode ser direcionada para o “cai-levanta”, que leva à resiliência:

- Para encarar a frustração, nada melhor do que treino.  Desde pequeno, se o ilho caiu, tudo bem, ele vai cair mesmo.  Basta dizer para limpar o joelho e continuar a brincadeira.  Aprender isso depois é mais difícil.  Na vida adulta, as quedas são maiores.

 

FAÇA DO LIMÃO UMA LIMONADA

 

Pais e professores devem aproveitar as experiências de frustração das crianças para falar de superação e persistência.  Quando algo não sai como esperado, é o momento de ensinar a entender o porquê, segundo Ana Priscila batista, autora do livro Professores e Estilo de Liderança e doutora em Educação.  Os pais devem ajudar os filhos a encontrar alternativas diante de um problema.  Assim, a criança aprende que, quando não conseguir algo, pode tentar fazer de um jeito diferente.

- Além disso, os adultos também podem organizar o ambiente de tal modo que a criança consiga realizar algumas atividades e, assim, aprender que consegue fazer, o que propicia o aprendizado da autoconfiança, uma habilidade também bastante desejada – recomenda Ana Priscila.

 

AUTOESTIMA EM ORDEM

 

Pais não devem salientar e comparar os erros dos filhos aos acertos dos outros,  Isso traz a percepção de que a criança não pode se equivocar – do contrário, não será aceita.  Ao mesmo tempo, é importante avaliar bem as circunstâncias: se dizemos que algo é fácil e a criança sente dificuldade, ela vai achar que tem algo de errado em si mesma e desanimar.  Por outro lado, se dizemos que é difícil e ela consegue, a sensação é de superação e valorização, o que diminui a frustração dos erros.  Como em qualquer aprendizado, o treino é essencial.  Não se aprende a tolerar o erro acertando.  É importante não privar a criança do erro totalmente e mostrar compreensão quando ela estiver chateada.

 - Enquanto a tolerância está se desenvolvendo, não ajuda dizer que não há motivos para se irritar.  Afinal, é o que a criança está sentindo, e ela precisa ser acolhida – diz a psicóloga e psicopedagoga Verônica Tatsch Dias.

 

SEM PROTEÇÃO EM EXCESSO

 

Saber esperar para ser atendido, querer algo e não ganhar, esperar a mãe terminar de assistir a seu programa antes de colocar no canal de desenhos, por exemplo, são bons exercícios para  as crianças, segundo a psicóloga Yanne Gonçalves, mestre em Psicologia.  O problema surge quando os pais tentam evitar qualquer tipo de frustração dos filhos e, assim, não permitem que os pequenos desenvolvam habilidades essenciais para a vida adulta.  Outra questão importante é que as crianças aprendem observando as pessoas que amam.

- Pais que apresentam dificuldades de lidar com as frustrações, que perdem a paciência fácil, acabam passando isso para os filhos – alerta Yanne.  Mas o medo da superproteção não deve levar ao extremo oposto.  Tudo tem o seu equilíbrio, e é preciso que os pais entrem em um consenso de como atuar em cada situação.

 

METAS E BOM HUMOR

 

Estabelecer objetivos e critérios de sucesso evita a dispersão, a sensação de insatisfação e a falta de sentido.  Depois de ajudar os filhos a ter esse horizonte claro nas atividades, é bom ensiná-los a planejar etapas, prazos e recursos.  Um ambiente otimista em todo o processo é essencial, mesmo que os resultados deixem a desejar.  Pouco acontece como planejado, mas, se há trabalho duro e persistência, as atividades são bem-sucedidas.  Festejar as tentativas, e não só quando a criança consegue fazer algo, também é importante.  Pesquisas apontam que, diante de uma demanda específica, crianças que são elogiadas pelo seu esforço têm um desempenho melhor do que aquelas que são elogiadas pela sua inteligência, porque persistiam mais.

 

ESTÍMULOS NA ESCOLA

 

Professores contribuem quando colocam nas atividades escolares estímulos para desenvolver a inteligência emocional, o autoconhecimento, a empatia e o relacionamento.  O diálogo para que os alunos interiorizem essas experiências é fundamental.  Mesmo que os adultos possam recuperar essas qualidades, é mais fácil e causa menos sofrimento adquiri-las na infância.

 

Zero Hora/Caderno Vida em 17 de julho de 2016.