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Geana Taísa Machado Krause
Geana Taísa Machado Krause

ENTREVISTA:       Geana Taísa Machado Krause                                        

  

Sua Biografia:

Graduada em Pedagogia. Especialista em Educação Especial e Inclusiva. Especialista em Educação Infantil e Anos Iniciais. Especialista em Gestão e Tutoria EAD. Psicopedagoga Institucional e Clínica com ênfase em TGD. Professora da Rede Municipal de Porto Alegre.  Autora de diversos livros infantojuvenis, organizou as coletâneas: Reflexões e Práticas “Os Desafios na Área do Saber “ (Ed. Leia Livros) e “Os Caminhos para a Inclusão Escolar (Darda Editora).

 

Sua Obra:

Sinopse:

Para buscar reflexões acerca da Educação no contexto da pandemia da Covid-19, nada mais correto que dar voz aos educadores. Neste sentido, o tema que move este livro procura compreender alguns elementos que se tornaram presentes no universo da escola neste contexto. Incertezas, vivências, indagações, descobertas que podem contribuir e fomentar novas práticas de ensino. Mas para que isto ocorra algumas questões precisam ser repensadas. E um dos principais desafios da educação na contemporaneidade é defender que a Educação é um direito de todos, mesmo em tempos de pandemia.

 

 

Quem é a mulher Geana Taísa Machado Krause?

Sou antes de tudo uma mãe apaixonada pelos meus dois filhos. E uma professora que vive e respira o universo escolar.

 

Como surgiu a escritora Geana Krause?

Então, o convívio dentro da escola é que me aproximou da literatura. Desde meu tempo como estudante, por ter incentivo dos professores. E depois de adulta atuando em sala de aula, lendo para meus alunos e fazendo contação de histórias, percebi o quanto é rico esse recurso. Você ao escrever cria mundos, personagens e novas aventuras. E por si só um grande exercício de autoconhecimento.

 

Qual foi o primeiro livro publicado? Fale sobre ele.

Meu primeiro livro foi "Que bicho é esse? Adivinha!" é infantil. Sem dúvida o meu preferido. Projetei todo ele do início ao fim. Foi publicado pelo Clube de Autores, fiz as ilustrações e a capa. Foi um sonho realizado. E a partir da vontade de vê-lo publicado, que passei a conhecer mais o mundo literário, fiz muita pesquisa antes, pois não conhecia ninguém que pudesse me orientar.

 

Você é professora em uma escola pública municipal. Ministra suas aulas para qual série e como vê o ensino em sua cidade?

Sou professora de Educação Especial, atualmente dou aulas na sala de multimeios, atendo alunos de 6 a 21 anos com deficiência intelectual. Minhas aulas são adaptadas conforme as necessidades dos alunos, algumas são mais visuais. Outras, uso recursos sensoriais. Depende muito das características de quem estou atendendo. Educação Especial é apaixonante, e muito se aprende com os próprios alunos.

Quanto ao ensino da cidade, defendo o ensino público como uma solução para os problemas da desigualdade social. É só pela educação que se pode ter alguma mudança. Infelizmente é preciso haver mais incentivo. As escolas precisam qualificar os professores, investir na formação do profissional.  Em tempo para o planejamento e reuniões.

Falta espaço adequando, recursos materiais, muitas vezes, básicos. A cidade é grande, são muitas escolas. Mas os recursos não são bem divididos. A educação sempre é deixada de lado. Além disso as escolas são constantemente vandalizadas. Isso tudo acaba por refletir no ensino. Mas sigo acreditando que não há escola melhor que uma escola pública de qualidade.

 

É a favor da leitura dos clássicos? Um assunto tão comentado no último ano.

Acredito que ler sempre é positivo. Mas deve-se proporcionar todo tipo de leitura.  Às vezes se fala em autores mais atuais, mas acabam sendo lembrados apenas autores internacionais. Deve-se ter espaço para todo tipo de leitura. Nos clássicos é possível compreender contextos históricos, tipo de linguagem utilizada e mil coisas. Acho que a forma como é oferecida é que as vezes acaba assustando. Apresentar várias versões de um clássico, ou fazer com que os próprios alunos façam essa escolha. Bem, existem várias maneiras de fazer alguém gostar ou odiar um livro.

 

Na sua opinião o que falta para melhorar o ensino no Brasil?

Investimento e valorização dos professores. Parece batido, mas o problema continua o mesmo, entra governo e sai governo.

 

Os governos brasileiros não valorizam a cultura e, principalmente a literatura, na sua opinião, quais as políticas públicas que deveriam ser implantadas para promover a literatura e desenvolver nas pessoas, o gosto pela leitura?

Vejo muito incentivo no audiovisual e tecnologias. Os projetos governamentais e privados em sua maioria procuram este tipo de mídia. Talvez porque elas apareçam mais. Deem mais visibilidade. É preciso maior investimento na literatura. E isso deve começar na escola. Em Porto Alegre temos o projeto "Adote um escritor" que incentiva a literatura, com compras de livros, visita dos autores às escolas. Enfim precisamos de mais projetos dentro das escolas, que visem sensibilizar novos leitores.

 

 

Acho que temos um conceito arcaico do que é cultura no Brasil desde o início, o que vem do Exterior é melhor! Os povos que colonizaram a nossa terra introduziram suas culturas no território brasileiro. Como mudar esse conceito?

Até no meio literário se percebe isto. É um conceito que está enraizado na nossa sociedade e acaba por fazer com que grandes artistas desistam de seus talentos. É preciso coragem para investir em cultura no Brasil.  E para viver da arte, além de coragem é preciso ter um pouco de loucura e muito amor.

 

Para você, qual o melhor livro e o melhor autor de todos os tempos?

Gosto de tantos. Mas tenho com os livros uma relação de afeto. E se tivesse que escolher ficaria com o livro O príncipe de Maquiavel pela relevância histórica, que continua tão atual, infelizmente. E como autor escolheria Moacyr Scliar, pela relevância que teve na mudança do meu modo de escrever atualmente. A forma como ele escrevia o cotidiano, suas coisas e sua terra. Me fez perceber e valorizar as minhas vivências, a minha cidade e que meu país tem muita história.

 

Sobre Reflexões e Práticas - A Educação em Tempos de Pandemia, qual o objetivo da coletânea? O livro pode servir de parâmetro para outros professores, da rede pública e também da rede privada?

Acredito que sim, esta coletânea trouxe uma visão de professores com realidades diferentes. Mas unidos por uma mesma dificuldade, o isolamento, as dificuldades da pandemia. O que eles pensam, o que fizeram e sentiram, está reunido nos artigos.

 

Sabemos que muitos estudantes não têm acesso a internet e, segundo o que vimos na imprensa, alguns professores foram "jogados" à própria sorte, sem condições de atender às demandas. Como foi ministrar aulas em 2020?

Muito difícil, nem todas as pessoas tem acesso a internet. E com a pandemia a desigualdade social se acentuou ainda mais. Famílias passando necessidade. Aumento da violência doméstica. Enfim, tudo isso acaba também aparecendo na escola. Os professores foram guerreiros, mas não conseguem ajudar a todos. E isto é realmente frustrante.

 

Diante de todas as dificuldades impostas pela pandemia e, a falta de uma infraestrutura adequada para atender às necessidades dos alunos e professores, qual foi o resultado alcançado?

Posso dizer que esperávamos, no início, muito mais, se pensando apenas na parte pedagógica. Mas não foi uma coisa tão simples assim, o isolamento social, as aulas remotas, o vírus, tudo entra junto nas aulas. O aluno não vem sozinho, os professores tiveram que lidar com a saúde emocional das pessoas, estabelecer vínculos, entrar em contato com outras redes de apoio social. E se pensar por esta ótica, o ano apesar de todas as dificuldades impostas, acabou sendo um tempo de superação. Onde todos buscaram fazer o seu melhor sempre.

 

Como está a situação, agora, em 2021, com a reabertura das escolas?

Vejo o ano de 2021 quase igual ao ano passado, infelizmente. Precisamos de vacina urgentemente. Está é a única solução para um retorno com segurança.

 

Pais que não dispõem de tempo para os filhos. Que trabalham e quando em casa, acabam se envolvendo com a internet, seu celular ou até mesmo, com tarefas domésticas, deixando de dar atenção para a criança. Qual os efeitos colaterais desse abandono no próprio lar?

Tem que se achar tempo. Os filhos estão cada vez mais órfãos de pais vivos. As redes sociais na verdade não trazem nada de muito produtivo, elas são criadas para o consumo. E de tentar captar a atenção da pessoa por um longo período de tempo.

As crianças percebem esse tipo de comportamento e acabam repetindo. A infância é muito curta, não adianta depois reclamar que o filho na adolescência não quer conversar. Se ele não aprendeu a ter esse diálogo em família na infância.

 

De vez em quando, acontece de pais reclamarem de livros adquiridos pela escola, ou sugerido para leitura, por acharem inadequado para seus filhos. Por uma ou outra passagem, frase ou palavra mencionada. Porém, tratando-se de livro clássico, que por anos acompanhou alunos, e de repente é considerado impróprio. A que se deve isso?

É essa nova cultura de cancelamento. Acho que as coisas têm o seu tempo. E tudo visto na época e contexto que foi criada e com uma visão crítica, pode ser muito bem utilizada. Tudo é a forma de como utilizar o livro.

 

Quais seus projetos literários.

Atualmente tenho mais duas coletâneas de artigos em andamento. E três livros infantis que quero poder finalizar até 2022.

 

Por que você recomenda a leitura de seus livros? 

Meus livros são feitos sempre com muita dedicação. E tentam trazer algo de bom para quem os lê. Pode ser um aprendizado ou apenas uma forma de esquecer um pouco, este mundo complicado em que vivemos.

 

Deixe uma mensagem para seus leitores.

Nunca percam o hábito de ler, incentive a leitura seja para uma criança ou alguém que ainda não está alfabetizado. Leiam para as pessoas. Nós vamos, um dia deixar de existir, mas as histórias sempre serão eternas.