ENTREVISTA: Raphael Fajardo
Sua Biografia:
Raphael Fajardo é professor, graduando em Filosofia, nasceu em 10 de agosto de 1989. Ministra aulas de música há dez anos, também atua como instrutor de autoescola há seis anos.
Tem uma página no Facebook, @raphaelfilosofo, onde aborda temas da Filosofia, Teologia e Política, e está iniciando sua carreira como escritor. A Maldição de Lilith é o seu livro de estreia.
Sua Obra:
Sinopse:
Tudo que vou contar a vocês foi vivido por Bernardo, um garoto inteligente, jovem, sonhador, que poderia ter sido o que quisesse. Quando percebeu, estava num caminho sem volta.
O que sabemos é que Bernardo teve uma vida extremamente tumultuada, cheia de brigas, depressão, suicídio...
Muitas vezes, daríamos a própria vida para que tudo fosse diferente e menos assustador, no entanto, parece que o destino quer nos pregar uma peça, colocando pedras em nosso caminho, para que uma lição seja aprendida... E o sofrimento, misturado ao pânico e o mistério tomarão conta desta história impressionante envolvendo um humano e um demônio.
Como surgiu o escritor Raphael Fajardo?
O Raphael Fajardo escritor nasce despretensiosamente. Nunca tive a intenção de me expor profissionalmente, aliás, sempre fui e sou muito tímido, mas tenho a impressão de que algo em todos nós acaba falando mais alto que aquilo que nos acomoda. Fui impulsionado a ser professor, mesmo tendo que atender turmas com 60 alunos. Do mesmo modo, que alguma coisa me impulsionou a escrever. Foi como um desejo brotado, mas sem ter sido regado. Muito provável que eu vá escrever diversos livros, é um mundo que me encanta, é mágico, me faz sentir a vida com mais intensidade, me faz sonhar. E, tudo que eu queria era estar quietinho no meu canto, isolado no meu mundinho, mas quanto mais eu tento me aquietar, mais eu me exponho e mais chamo a atenção das pessoas através do meu trabalho, isso é bom? Sim, pois me enobrece profissionalmente, me faz crer que estou num caminho não só promissor, mas também produtivo, afinal como diria o filósofo Cortella: “Qual é a tua obra?”
Aos poucos crio minha obra. Na literatura, em sala de aula, na música e até mesmo como filósofo! Aonde tudo isso vai me levar? Espero que para “Eudaimonia” como diriam os gregos.
Fale de você e das múltiplas atividades além da literatura.
Chamo-me Raphael Fajardo, tenho 29 anos, sou professor de música há 10 anos. Dou aula de violão, bateria e contrabaixo. Tive banda de rock por alguns anos. Fazíamos shows e chegamos a iniciar a gravação de um CD, mas como banda é igual casamento, nem sempre dá certo, então, decidimos encerrar as atividades e cada um seguiu seu caminho. Hoje minha contribuição para a música é dando aulas particulares. Atendo alunos de todas as idades, a grande maioria faz aula de violão.
Trabalhei por 6 anos como instrutor teórico de autoescola.
Atualmente sou professor de filosofia e sociologia. Meu interesse pela filosofia surgira desde 2010. Como de praxe em minha vida, também foi despretensiosamente, mas sem dúvida é aonde me encontrei profissionalmente e ajuda a descobrir-me como pessoa.
Pretende dedicar-se à música profissionalmente, ou somente ao ensino musical?
Hoje meu foco deixou de ser a música. Sigo dando aulas, pois gosto de me sentir envolvido, mas não seguirei neste caminho profissional. Meu foco é a filosofia e a literatura.
Por que o estudo da Filosofia?
Por que o interesse pela filosofia?
Por que o interesse pela vida?
Por que amar?
Por que sofrer?
Não tenho respostas para todas as perguntas.
Preciosismo... eu tentar saber o que não sinto.
O que faz a filosofia a não ser evitar que sejamos tolos? Essa contribuição já seria o suficiente pra chamar a atenção de qualquer pessoa, não acha? Provavelmente a filosofia tenha me escolhido, não eu a ela.
Qual o seu filósofo preferido e por quê?
Sócrates.
Por diversos motivos. Sócrates era um filósofo prático, ele vivia a filosofia e a praticava o tempo inteiro.
Não nos deixou nenhuma obra que tenha saído de sua escrita, pois como disse: “Sua filosofia era vivida”.
Ele passa a vida inteira em busca da “verdade” através das suas reflexões e diálogos que são narrados nos livros de Platão.
E como surgiu o interesse pelo ocultismo, visto que é um assunto bem hermético e de difícil compreensão pela maioria das pessoas?
O pós-morte é algo que deixa todos intrigados.
Para onde vamos?
Estamos sozinhos?
O mundo espiritual existe?
Anjos, demônios, Deus, diabo, talvez Lilith...
O que é ficção e o que de fato é real?
Quando adolescente, eu via e sentia coisas que não eram “normais”. Portanto, tive uma adolescência “perturbada” digamos assim.
Como não conseguia obter respostas com os mais próximos sobre o que ocorria comigo, optei por pesquisar e estudar sobre o assunto, nisso, eu encontro um mundo vasto. Um mundo de escuridão e luz bem ao meu redor, um mundo que se encontra e se desencontra a todo instante.
O livro A Maldição de Lilith, nasceu do estudo do esoterismo? Como se deu isso?
Curiosamente não. O livro tem início e meio através um pensamento relâmpago, foi como uma ideia que surgiu pronta.
Tem relação com as coisas, as quais vi e vivi? Obviamente sim! Mas jamais pensei que algo pudesse se tornar um livro, tampouco pensava em ser escritor.
Lilith é um personagem que já foi lembrado em duas séries da TV, Sobrenatural e Lúcifer. Lilith faz parte da história bíblica ou é apenas um ser sobrenatural inserido no conhecimento de algumas doutrinas ocultas?
Ah, o assunto é muito complexo, existem muitas teorias sobre o tema.
Há trechos na Bíblia que conhecemos que dão pistas sobre a existência de Lilith. Em Gênesis 2:23, está escrito "E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada."Há variações na tradução em que ele diz "esta sim é osso dos meus ossos", como se houvesse existido outra mulher antes dela que não fosse feita dele.
Lilith é considerada um demônio feminino, deusa da lua...
Em livros apócrifos é dito que Lilith fugiu do Éden por não querer ser “dominada” por Adão, após isso Deus enviou então três anjos para trazê-la de volta: Sanvi, Sansavi e Samangelaf. O nome dos tais anjos ainda integra o folclore europeu, e muitas pessoas penduram placas na porta de casa com os nomes desses anjos para 'afastar o espírito de Lilith'.
É difícil precisar o que é mitológico e o que é real. Há quem creia em Deus, há quem diga que Deus também é uma ficção, isso envolve fé.
Há pessoas que creem que Lilith tenha sido a primeira “vampira”, pois teria sido amaldiçoada por Deus, depois de sair do Éden. Na maldição ela não mais poderia ver a luz do sol, tampouco se alimentar de algo que não fosse sangue. Depois disso teria tido relação sexual com o demônio Samael e dessa relação seria o início de uma legião de vampiros.
O que é verdade? Difícil responder, mas como já dizia aquele velho ditado: “Onde há fumaça, há fogo”.
O Bernardo foi inspirado em sua vivência ou um personagem da sua imaginação?
Um pouco das duas coisas.
Nem tudo ocorreu detalhadamente como está na obra, mas sim, algumas coisas ali realmente aconteceram.
Bernardo teve a oportunidade de ir com mais intensidade onde não pude ir, ou não tive coragem para tal.
Anjos e demônios. O bem e o mal, sempre a eterna disputa. Eles existem ou são apenas representações dos seres humanos?
Parece uma pergunta filosófica! Bom, anjos e demônios existem! Mas de qualquer modo a pergunta é muito reflexiva, pois, sim, o bem e o mal estão dentro de nós, e isso gera um conflito interno incessante, creio que não precise dar detalhes sobre isso, pois, sem dúvida, todos sentem, mesmo que neguem.
No final do livro, ficamos pensando na “maldição” de Lilith. Realmente é uma maldição ou um éden? Que tal insinuar alguma coisa, sem dizer nada? O que Bernardo acha disso?
Faço-me essa pergunta todos os dias.
Fica a pergunta para bilhões de pessoas que creem em Deus: diriam sim a Jesus se pudessem ser imortais e deuses sem o amor de Deus?
Bernardo parece ter se desamarrado da dependência, tornou-se dono de si próprio por toda a eternidade. Ele parece satisfeito no fim do livro, mas como fica a continuação desta história? E Larissa? Até por que...
O que você acha de ser escritor em um país de poucos leitores, onde a literatura nacional não é valorizada e o custo de edição é alto?
Não me preocupo com isso! Deixe-me explicar: Talvez pensar nisso demasiadamente signifique estar pensando, mesmo que indiretamente em meio de ter uma rentabilidade maior.
Claro que, custo alto de edição é algo ruim, pode desanimar novos escritores, mas elimina pseudo-escritores, pois, para ir até o fim, com essa realidade além de desafiadora, desanimadora, sobram aqueles que têm de fato “alma pela literatura”.
Quanto à desvalorização da literatura nacional, os valores se inverteram, a imoralidade proliferou-se na cultura da música, nos meios de comunicação...
Qual outro resultado poderia esperar?
Não tenho pretensão que minha obra ajude a salvar a vida da literatura nacional, pois, por si só ela se ruirá como também o intelecto, principalmente dos jovens, mas se a obra tocar de uma maneira positiva nem que seja uma única pessoa, terá valido a pena.
Muitos acreditam que é difícil mudar os brasileiros adultos, quem não tem o hábito da leitura, vai continuar sem ler. E as crianças e os jovens, na sua opinião o que deve ser feito para estimular a leitura? Depende da família ou apenas da escola?
O problema é cultural, não envolve a escola.
Escola é o lugar onde se estuda, onde se têm acesso a livros, a professores que em suma são leitores e incentivam a leitura aos alunos. O problema central é o costume familiar.
Por mais que ao nosso redor o mundo te convide a ser preguiçoso e demasiadamente desinteressado por tudo, se no núcleo familiar existir o hábito da leitura, do debate, da reflexão, da indagação, da reunião em família, do amor, alegria... Ali, com toda certeza, será um local onde existirão leitores assíduos.
O que poderia ser feito para estimular a leitura? É responsabilidade de cada um ou dos governos, que não têm interesse em promover a cultura no país?
As grandes mudanças, que de fato impactam nossa cultura, costumam nascer através de uma ideia. Um pensamento filosófico, um livro...
A política é sempre o “mais do mesmo” como diria o cantor Renato Russo. Então, envolver política nessa reviravolta no interesse pela leitura é utópico.
Minha sugestão seria recomeçar a criação! Não deu certo, vamos começar do zero! he he mas já que: “Querer não é poder”, sugiro que a base familiar tenha mais responsabilidade ao educar seus filhos e de fato eduquem!
Agora! Se os responsáveis pela estrutura moral da criança, que são os pais, não terem ideia alguma sobre valores, dificilmente conseguirão dar uma boa estrutura. Consequentemente a tão inocente criança estará fadada a ser um reflexo dos pais por muitos anos até conseguir encontrar sua personalidade, isso se conseguir.
Qual seu autor preferido e o livro, que na sua concepção é o melhor de todos os tempos e por quê?
Paulo Coelho. Os livros dele me encantam!
Livro preferido: O Banquete de Platão. É um diálogo onde Sócrates fala sobre o amor. Os diferentes tipos de amor, etc. É um livro inspirador.
Fale se seus projetos artísticos e literários.
Não planejo nada, as coisas vão acontecendo como um furacão que passa e deixa todos os rastros possíveis.
Sou apenas um instrumento das ideias que nem sei que tenho, mas estão lá escondidas, e quando decidem aparecer, tomam conta de mim, e assim eu escrevo, ou me impulsiono a dar aula, ou filosofar.
Quem consegue planejar a vida sem se sentir um tolo?
Será que posso me tornar o senhor do tempo? Prefiro viver dentro do meu tempo, e que minha obra fale por mim, afinal, mais vale minha obra do que eu mesmo.
Por que você recomenda a leitura de seus livros?
Porque tem o que há de melhor em mim.
Meu empenho, amor, verdade e leveza.
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