UMA POESIA DENSA EM RITMO INTENSO
ESCRITOR RICARDO SILVESTRIN LANÇA NOVO LIVRO DE POEMAS COM BATE-PAPO E SESSÃO DE AUTÓGRAFOS...
Será (foi) uma festa o lançamento de TYPOGRAPHO, novo livro de poesia de Ricardo Silvestrin. O evento integra a agenda da FestiPoa Literária, ma Casa de Teatro, com um bate-papo entre Silvestrin e o escritor Escobar Nogueira, seguido de sessão de autógrafos, espetáculo com a poeta Maria Rezende e música com os DJs Rafael Ferretti e Pitti Sgarbi.
No entanto, ao contrário do que pode sugerir o festivo encontro, TYPOGRAPHO é um livro que convida ao recolhimento da leitura solitária.
O título vem da ideia de pensar o poeta como um tipógrafo, alguém que produz texto escrito. Acho muito bonita a solidão do poema na página, a mancha das estrofes com o branco em volta, e tudo que se tira dele lendo e relendo – explica Silvestrin.
TYPOGRAPHO é o segundo volume de poemas adultos publicado por Silvestrin depois de uma imensa incursão pela prosa que resultou na coletânea de contos PLAY (2008) e no romance O VIDEOGAME DO REI (2009). O livro chega com prefácio elogioso de Armindo Trevisan e orelha de Ziraldo.
TYPOGRAPHO marca meu retorno ao verso. METAL (o anterior, lançado em 2013) foi um diálogo com a prosa, com a poesia expandida. Agora, faço uma volta à cadência, à metrificação. Embora eu não fique contando sílabas, há um andamento, um ritmo – analisa o poeta, autor de PALAVRA MÁGICA (1995) e O MENOS VENDIDO (2006), ambos premiados com o Açorianos de Literatura.
ENTRE VINÍCIUS E RAP BRITÂNICO
Ao longo da criação do livro, Silvestrin se inspirou em diferentes leituras. Ele cita Vinícius de Morais como uma importante referência.
Quando li a poesia de Vinícius pela primeira vez, aos 15 anos, me pareceu que ele era mais livre na música. Abordava questões como culpa e pecado. Achei pesado. O que me deu liberdade nessa época foi Manuel Bandeira. Só há cinco ou seis anos percebi a força dessa parte mais densa – conta Silvestrin.
Embora as imagens e a densidade temática de TYPOGRAPHO, que aborda desde o ofício poético até questões como guerra e suicídio, devam muito a Vinicius, é ao rap que o ritmo rápido e fluido do livro remete. Alguns poemas foram construídos sob a métrica das letras do grupo britânico Us3. O efeito deu tanta dinâmica ao texto que Silvestrin resolveu usar certos artifícios para “frear” um pouco a leitura.
Embora eu tenha criado todo o livro apenas com letras minúsculas, decidi usar também maiúsculas e vírgulas por conta desses poemas mais rápidos. Como eles estavam sob uma marcação rítmica muito forte, usei a pontuação para segurar a leitura = diz Silvestrin.
Fonte: ZerpHora/Segundo caderno/Alexandre Lucchese (alexandre.lucchese@zerohora.com.br) em 22 de maio de 2016.