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Quero Publicar Meu Livro! — por Ceres Marcon
Quero Publicar Meu Livro! — por Ceres Marcon

"Para realizar grandes conquistas,

devemos não apenas agir, mas também sonhar;

não apenas planejar, mas também acreditar."                                                                                              Anatole France

 

QUERO PUBLICAR MEU LIVRO

 

Após anos ou meses de trabalho hercúleo, você, finalmente, acabou de escrever sua obra prima. Durante esse período, deixou de lado à família, os amigos, as festas, porque aquela história, agora terminada, era seu trampolim para a fama. A partir de agora, aquele vizinho invejoso, aqueles que chamaram você de louco, e o colega que duvidou de sua capacidade, terão que engolir o sapo e reverenciar a sua genialidade. Você começa a sonhar com sua imagem veiculada na mídia, cria situações mentais em que responde perguntas dos entrevistadores, de preferência o Jô Soares, se vê diante de estudantes ministrando palestras, imagina o dia do lançamento do livro, a fila imensa dos fãs que enfrentarão chuva, calor e frio para conseguirem um autógrafo do autor mais badalado do momento. Enfim, as expectativas sobem até as estrelas e você delira.

 

Para que tudo isso se realize, enviou o manuscrito para grandes Editoras, afinal, para você, nada menos do que o suprassumo do mercado editorial. Doeu gastar o dinheiro guardado na poupança por tanto tempo com a impressão e a encadernação do original, porque algumas empresas não recebem seu texto via correio eletrônico. Os dias vão passando, e quando percebe, lá se foram seis meses de angústias, ansiedades e insônia pela tão almejada resposta positiva, que não chegou. E então, um belo dia, você percebe que a realidade é muito diferente do sonho e a publicação se encontra a milhas e milhas distante de acontecer. A esperança dá lugar à revolta e essa se transforma em reclamações intermináveis. Primeiro, os familiares terão que ter paciência com seu mau humor e lágrimas, depois será a vez das redes sociais aguentarem seu “chororô”. Por conta dessa revolta, você acaba se unindo a grupos de insatisfeitos pela rejeição e que acreditam na ideia de que o escritor nacional é desprezado por todos. Começa a acreditar que o Brasil é um país de não leitores, que prioriza apenas a literatura estrangeira e não incentiva a leitura de autores nacionais. Pior, você começa a criticar o colega escritor, publicado por uma Editora pequena, ou não, com a convicção de que o trabalho dele é inferior ao seu. Despreza os iniciantes, apunhalando-os sem piedade com palavras ofensivas, pensando que assim, você elimina concorrência e porque você continua convicto de que é o melhor escritor do mundo. Só as Editoras não perceberam.

 

Quando isso acontece, a espiral em que você se envolve só tem uma direção: para baixo. Amigos se afastam, admiradores deixam de prestar atenção em você e nem mesmo os que o apoiavam se sentem motivados a continuarem ao seu lado.

 

Se antes você se sentia desprezado, agora se sente abandonado.

 

Porém, o desejo continua o mesmo: “quero publicar meu livro!”. E daí? O que você fez a esse respeito? Que atitude tomou para seu projeto se tornar realidade, após constatar, que as grandes Editoras não se interessaram pela sua história best-seller? Procurou por um crítico literário, por alguém que lhe desse uma opinião sincera e isenta a respeito do seu manuscrito? Buscou alternativas de publicação em plataformas como Amazon, Clube de Autores, Bookess, Wattpad ou outras similares? Criou algum tipo de propaganda para divulgar quem você é e o que faz, como um Blog, Site ou mesmo uma página no Facebook? Sabe identificar quem é o seu público leitor? Criou alguma relação de amizade com grupos que gostam de ler o que você escreve? Participou de algum concurso literário ou de antologias com outros escritores? Procurou informação sobre Editoras por demanda, para analisar a proposta delas e decidir se é viável investir no próprio sucesso?

 

Se as respostas para essas perguntas forem todas negativas, melhor começar a repensar seus desejos, porque talvez, você ainda não tenha entendido o que é ser um escritor. Porque talvez, você continue em busca de culpados pelo próprio fracasso.

 

Já passei pelo processo de escrever um “best-seller”, enviar o manuscrito e não obter resposta alguma e pelo calvário de sentimentos de rejeição, incapacidade e todo o choro possível, sobre o mercado editorial e mais uma porção de “mimimis”. Conclui que não ter sido publicada foi muito bom, porque hoje, eu teria vergonha do que escrevi. Uma história repleta de pontas soltas e inverossimilhanças, personagens caricatos e superficiais.

 

Passada a fase de frustração, decidi enfrentar a seleção para antologias, publicar com outros autores e compreendi que as minhas dificuldades são as mesmas de todos os colegas. Comecei a ser mais exigente com o que escrevo. Fiz cursos para aprimorar minha escrita e, então, arrisquei entrar para a auto publicação. Primeiro no Wattpad e depois na Amazon. Também criei minha página de escritora no Facebook e acredito que um Site vai ser o próximo passo. Durante essa pequena caminhada, eu aprendi que não posso abrir mão de um leitor crítico, porque prezo o meu público, não importa quão pequeno ele seja. Estou convicta de que não posso ficar parada a espera que alguém me encontre e acredite no meu potencial.

 

Em um mercado que agrupa tanta diversidade de textos e escritores, fica mais e mais difícil separarmos o que é relevante daquilo que não é. E vamos ser coerentes, Editoras não são entidades filantrópicas, também não são fomentadoras de cultura, são empresas, têm gastos e visam lucro. Não são culpadas pelo nosso insucesso. As Editoras monitoram o mercado, buscam talentos na Web, captam tendências e observam a repercussão dos textos junto aos leitores. Elas estão presentes e atentas. Nós é que precisamos saber como vender nosso texto.

 

Quer publicar o seu livro? Pare de reclamar. Faça-se visível. Mostre ao mundo que você existe, que não é mais um, que seus textos fazem a diferença, para você, para o leitor e para as Editoras.

 

Eu comecei a fazer a minha parte, e você?

por Ceres Marcon / Escritora