AUTOPUBLICAÇÃO
Chega um tempo que precisamos decidir. Olhamos para nosso livro finalizado, reescrito, revisado re-reescrito e acreditamos que a hora chegou, afinal queremos não apenas ser lidos nas plataformas da internet, mas queremos vender nossos livros, não é?
A primeira coisa que fazemos é ir à busca de editoras tradicionais, afinal o caminho mais fácil é sempre mais tentador. Enviamos e-mails cheios de orgulho por nosso feito e afirmamos, categoricamente, que ninguém escreveu algo tão bom quanto à obra em questão. Os mais espertos, pedem informações sobre o recebimento de originais antes de enviá-lo. Para esses que preferiram questionar antes de enviar, as respostas chegam padronizadas: “Não estamos recebendo originais no momento.” Para os outros, as respostas nem sempre chegam, e, se chegam, trazem o mesmo recado: “Não estamos recebendo originais no momento”.
Há ainda editoras que possuem um formulário para ser preenchido e solicitam que providenciemos o registro na BN e ISBN. Sem eles, não adianta enviar o original. E a resposta pode demorar seis meses, um ano ou a vida toda.
Pessimista? Não. Realista. Porque o mercado é assim. Não existem editoras praticantes da filantropia e a grande maioria não está preocupada com escritores iniciantes, mas com vendas.
Resta, portanto a autopublicação.
O grande problema da autopublicação é a falta de planejamento por parte do escritor. Porque a pressa faz a gente cair em armadilhas cruéis. É preciso, antes de fazer orçamentos, pesquisar as editoras, saber a quanto tempo estão no mercado, ver quais os títulos publicados, até porque, nem todas trabalham com o mesmo projeto que temos para oferecer.
Mas você precisa de muito mais. Quantos livros você vai querer em um primeiro momento? Quinhentos? Mil? Como as editoras que você escolheu para fazerem o orçamento do seu livro trabalham? Elas possuem alguma parceria com livrarias ou o trabalho todo vai ficar ao seu encargo?
Vai publicar, além de livro físico, e-book? E os convites? E o banner? E os marcadores de páginas? E a divulgação? Vai ser apenas pela internet ou terá alguma chamada na rádio local e em jornais da sua cidade? Já procurou uma livraria para agendar uma possível noite de autógrafos? E depois do lançamento, essa mesma livraria ficaria com seus livros para revender? Quanto pretende oferecer de para que ela venda seu livro? Vai trabalhar consignado? Quanto vai sobrar para você de lucro?
E se, ao final de meses de trabalho, você ficar com caixas e caixas de livros empilhadas em um canto da casa, olhando e cobrando de você uma atitude?
É para desanimar? Não. Como diz um amigo meu, é choque de realidade. É preciso que nos preparemos para o que vier de bom e de ruim. Por isso, planejar é fundamental. Todas essas questões são as mesmas que faço a mim mesma quando penso em autopublicação. É um grande passo, mas em algum momento terá que acontecer, ou tudo ficará, sempre, ao nível dos sonhos.