Curso de Escrita Criativa
Como surgiu? O que é? Para que serve? Qualquer pessoa pode fazer?
As oficinas formais de escrita criativa surgiram nas universidades dos Estados Unidos, entre as décadas de 30 e 40 e chegaram ao Brasil na década de 60. E, hoje, devido à Web, encontramos diversas ofertas de cursos para quem quer ser escritor. Os preços são diferenciados e as propostas, também. Encontramos cursos presenciais, como o da PUC (Pontifícia Universidade Católica-RS) e uma infinidade de cursos online, nos quais o tempo de duração varia de um para o outro. Não vou entrar no assunto dos aproveitadores de plantão, aqueles que prometem mundos e fundos e, ao final, só levaram seu rico dinheirinho e você fica a ver navios.
Você deve estar com aquela dúvida coçando em seu cérebro. Será que a Ceres fez algum curso de escrita criativa? Sim. Fiz. Ajudaram? Muito. Já publicou? Não. Então, para que fazer? A minha resposta é simples: cada um tem seus objetivos. Eu queria aprender a estruturar um romance, entender sobre arco do personagem, como criar um enredo envolvente, entre outras coisas. Publicar está entre elas. Se você procura um curso de escrita criativa para virar best-seller, isso até poderá acontecer, mas a probabilidade é bem pequena. O curso é, com certeza, um excelente suporte para melhorar o seu texto, mas daí até o best-seller há um longo percurso de trabalho exaustivo, não só de escrita, como também o de encontrar uma editora e, antes mesmo disso, se tornar conhecido no meio.
Até aqui não respondi as perguntas lá do início. E, para explicar melhor sobre o assunto, achei justo procurar por alguém com mais conhecimentos do que eu na área. Para isso, conversei com uma pessoa muito querida que nos ajudará a entender até onde um curso de escrita criativa pode nos levar.
Felipe Colbert nasceu no Rio de Janeiro. É autor de quatro livros (Belleville, A Última Nota, Ponto Cego e A Entrevista Ininterrupta) e especialista em estruturação de romances. Possui trabalhos publicados no Brasil e na Europa. Além de escrever e publicar seus livros, ocupa as funções de coach e parecerista crítico, e dedica-se a trabalhar textos ficcionais de novos escritores. Também é responsável pelo site http://www.serescritor.com.br/, projeto independente que oferece uma extensa lista de serviços para auxiliar quem deseja publicar seus livros. Atualmente reside na cidade de São Paulo. Mais informações: http://www.felipecolbert.com.br
Gostaria de começar, perguntando a você, qual foi o seu primeiro contato com os cursos de Escrita Criativa e quais as suas expectativas com relação a eles?
Na realidade, no começo da minha carreira, logo após a publicação do meu primeiro livro, pesquisei por materiais que pudessem me auxiliar na construção dos meus futuros romances e deparei-me com várias propostas de cursos de Escrita Criativa. O que eu procurava ia além disso. Queria encontrar meios de organizar minhas ideias no texto e estruturá-las de forma a prender o leitor às páginas. Foi quando tive meu primeiro contato com as técnicas internacionais de estruturação de romances que aplico até hoje. Desde então, venho repassando essas técnicas a outros escritores e tentando colaborar com a solidificação da literatura brasileira e tudo que envolve esse mercado.
Qual a importância que você, como escritor, atribui a um curso desses?
Para o iniciante, é bastante válido. Os cursos ainda são raros, mas têm aparecido com mais frequência do que há dez anos atrás. A informação está por aí, basta procurar. É preciso que um escritor se especialize, assim como em muitas outras áreas profissionais. Participar de workshops, assistir palestras, comparecer em lançamentos de livros, feiras literárias, Bienais... tudo isso conta no currículo.
De acordo com a sua experiência, como ex-participante de cursos desse tipo e, hoje, com seu próprio curso, qualquer pessoa pode fazer o curso ou existe algum pré-requisito?
Eu lido com escritores que nunca tiveram experiência ou mesmo os que já publicaram livros. É óbvio que o nível de adaptação depende de cada profissional. E também, da complexidade do projeto. Quando um autor se propõe a escrever um romance sobre uma conspiração internacional, provavelmente será mais intenso do que um que escreve literatura infanto-juvenil. O bom é que essas técnicas que ensino através do coaching podem ser aplicadas em qualquer gênero ficcional.
Se, durante o curso, você perceber que o aluno não leva o menor jeito para ser um bom escritor, como você costuma proceder? Ou isso não acontece?
Eu o oriento a procurar exercitar um pouco mais antes de iniciar um romance. Talvez através de contos, por exemplo, embora as técnicas sejam diferentes.
Qual a sua metodologia de ensino e quais as vantagens desse método?
No meu caso, gosto de trabalhar individualmente com o projeto de cada um. Acompanhar toda a construção do manuscrito do aluno, desde a Premissa até o processo final de revisão. Ensino as técnicas, analiso as cenas, tudo isso com a preocupação de preservar o estilo do aluno.
Quais os objetivos do seu curso e o tempo de duração?
Potencializar a possibilidade de publicação de qualquer manuscrito em uma editora. O projeto pode levar meses ou até mais de um ano, dependendo da complexidade e se o aluno assimilou e aplicou bem as técnicas.
Desde que você iniciou o trabalho com o curso, qual a principal preocupação dos seus alunos e como você os aconselha com relação a elas?
Eu os oriento não somente na questão do manuscrito, mas também de como se portar em uma possível conversa com um editor. O aluno tem que ter capacidade de falar a “mesma língua” que esse profissional. Pode ser uma chance única, e ela não deve ser desperdiçada. O mercado é muito difícil, mas com boas perspectivas para a literatura nacional.
As pessoas que procuram pelo seu curso têm por objetivo a publicação da obra? Quais as chances disso acontecer?
Todos vêm com o objetivo de ver suas obras distribuídas nas livrarias em grandes quantidades. Eu deixo claro que, até isso acontecer, existe um longo caminho a ser percorrido. A primeira coisa que o escritor precisa ter consciência é que necessita se dedicar quase diariamente ao projeto que pretende realizar. Tudo que vier depois disso, é consequência.
Quais os conselhos que você pode dar para quem procura um curso como o seu?
Leia muito antes de pensar em iniciar a escrita de um livro. Um bom autor tem que ser, antes de mais nada, bom leitor e bom observador.
Para finalizar, quero agradecer em nome das Mosqueterias a você, Felipe, por ter colaborado conosco. Esse seu gesto nos auxilia com o projeto de luta pela dignidade da Literatura de Língua Portuguesa e dos escritores brasileiros e portugueses. Deixo um espaço, aqui, para que você possa acrescentar o que julgar necessário aos nossos leitores.
Eu agradeço muito por ter sido convidado a participar do projeto. Acredito que, juntos, conseguiremos catapultar ainda mais a carreira dos nossos autores e contribuir para uma literatura nacional mais sólida e competitiva com o mercado internacional. Quem quiser entrar em contato, basta acessar o meu site pessoal (http://www.felipecolbert.com.br) ou de serviços (http://www.serescritor.com.br). Até a próxima!
Espero que todos se beneficiem com a entrevista do Felipe e consigam tirar suas dúvidas quanto ao assunto abordado.
por Ceres Marcon / Escritora
A seguir, segue uma lista de sites que oferecem cursos na área de escrita criativa.
http://www.serescritor.com.br/
http://www.felipecolbert.com.br/
http://www.marcelospalding.com/
http://ficcao.emtopicos.com/cursos/
http://www.cursosdeescrita.com.br/