POR QUE REVISAR UM TEXTO?
Você já se perguntou sobre a complexidade que existe ao elaborarmos uma única frase? Lembra que precisamos de sujeito, verbo e predicado? Que as vírgulas podem ser nossas melhores aliadas ou nossas piores inimigas? E o que me diz sobre as regras de acentuação? Durante o processo de escrita, as palavras chegam ao papel ou a tela do computador com muita rapidez e não nos ocorre que existe uma norma preestabelecida, que define como devemos estruturar nosso pensamento na hora de transformá-lo em escrita.
Ao finalizar um texto qualquer, alguns o deixam descansar, respiram e o retomam em outro momento em que estejam descansados daquele tema. Outros passam para a leitura imediata do que foi produzido. A partir desse momento, há uma inversão de papéis e o escritor dá lugar ao leitor. Então, o pouco ou o muito que sabemos sobre regras gramaticais emerge de nosso inconsciente, e nossos olhos procuram pela pontuação mal empregada, observamos se os significados das palavras que escolhemos condizem com o que queríamos transmitir e corrigimos a ortografia. O básico. Certo? Se houver mais entendimento de elementos linguísticos, buscamos a coerência e a coesão entre parágrafos, se há necessidade de mudá-los de lugar, de acrescentarmos ou excluirmos frases ou mesmo eliminá-los totalmente.
Esse processo é cansativo, lento e trabalhoso, porque não somos especialistas em Língua Portuguesa. Quantas pessoas você conhece que sabem desfazer uma ambiguidade, detectar uma cacofonia, identificar um desvio linguístico? Que ouviram falar em frases siamesas? Quando estávamos na escola, nosso revisor era o professor de Língua Portuguesa. Ele apontava as falhas, marcava as alterações a serem feitas em nossa pequena criação, nos dizia em que ponto havíamos perdido o senso de direção e como poderíamos retornar ao assunto. Também nos mostrava como construir frases claras, nos dizia que um bom texto precisa ter início, meio e fim.
Hoje, o professor não faz mais parte de nossa vida diária. Temos que confiar no que aprendemos durante anos de escola, seja no ensino médio ou em um curso superior, e lógico, no conhecimento que adquirimos com as leituras feitas durante a busca em aprimorar nossa linguagem.
O problema consiste em que o texto, em algum momento, estará pronto e precisará ser lido. E o inevitável ocorre. Nós o lemos. E, muitas vezes, no meio do processo de perseguição aos errinhos básicos, desistimos ou deixamos para lá, acreditando que o leitor não vai se importar com essas bobagens, afinal, todos estão sujeitos a uma falha.
Há os que preferem contratar um profissional que os auxilie, outros dispensam, não porque não se preocupem com o texto, mas por considerá-lo oneroso. E é nesse ponto que as pessoas, escritores como eu e você, se agarram com unhas e dentes. Entendo que muitos, em função de um orçamento apertado, não consigam pagar por esse tipo de serviço. Nesse caso, o que fazer?
Podemos optar por alguns caminhos simples que, em um primeiro momento, servirão como um apoio para não cometermos tantos erros e não desmerecermos nosso leitor. Primeiro, o uso do corretor ortográfico que está no nosso computador e segundo, encontrar um bom leitor beta, que possa apontar as alterações que julgar necessárias e nos tranquilizar sobre nosso trabalho.
No entanto, a pergunta persiste: por que revisar um texto? Acredito que o escritor e sua escrita têm alguns objetivos. Desejam passar a mensagem de forma clara, ou seja, querem ser compreendidos em sua totalidade; almejam despertar no leitor a vontade de continuar absorvendo o trabalho, que nada mais é do que conquistar o interesse do leitor; e sem dúvida alguma, mostrar seriedade no que faz, transmitir credibilidade, seja qual for o gênero ao qual se dedique.
Revisar é, definitivamente, a segunda etapa para nos tornamos bons profissionais da escrita.
E você, o que acha?
por Ceres Marcon / Escritora