MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DISCURSO
AS ENTIDADES DO TEXTO
Há três modos básicos de organização de um texto: o narrativo, o descritivo e o dissertativo. Todo texto é apresentado por um “eu” que não tem existência real. Há uma diferente entidade para cada modo de organização de texto. Essas entidades não são os autores do texto, mas aqueles que “falam” no texto.
O modo de organização é determinado também pelo conteúdo e construído conforme o objetivo da produção do texto. Observe a seguir:
Quem “fala”
Narração...............narrador
Descrição..............observador
Dissertação...........argumentador
Conteúdo
Narração..........ações, acontecimentos
Descrição.........seres, objetos, cenas, processos
Dissertação......opiniões, argumentos
Objetivo
Narração..........relatar
Descrição.........identificar, localizar, qualificar
Dissertação......discutir, informar, expor
É importante lembrar: não existem textos exclusivamente narrativos, descritivos ou dissertativos. Mas sempre há o predomínio de um dos três modos sobre os demais.
NARRAÇÃO
O texto narrativo apresenta uma história vivida por determinadas personagens, em tempo e lugar definidos. Um narrador conta a história. Quando há trechos descritivos, servem para que o leitor visualize melhor os acontecimentos narrados.
DESCRIÇÃO
O texto descritivo apresenta um observador. O olhar desse observador pode ser objetivo ou subjetivo, profundo ou superficial. Uma pessoa do século I e uma do século XXI, por exemplo, observariam de forma bem diferente um mesmo fenômeno.
A descrição, em geral, aparece dentro de um texto narrativo ou dissertativo. Toda descrição tem um tema-núcleo, que pode ser um objeto, um ser animado ou inanimado ou mesmo um processo.
DISSERTAÇÃO
Na dissertação, o autor defende seu ponto de vista com uma série de argumentações, com o propósito de convencer o leitor. O tema pode estar na 1ª ou na 3ª pessoa. O texto dissertativo costuma ter três partes principais: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
DISCURSO
A produção de um texto oral ou escrito ocorre com base em uma situação ou contexto, do qual fazem parte: a pessoa que fala, com quem ela dialoga, o porquê da conversação, qual a intenção de quem fala etc. A compreensão integral do texto se realiza através da organização clara desses diversos aspectos.
Discurso é a atividade comunicativa entre interlocutores que apresenta sentido e está inserida em um contexto.
TIPOS DE DISCURSO
Há três tipos de discurso: direto, indireto e indireto livre.
No discurso direto, o narrador introduz a personagem e termina a frase com dois pontos. Em seguida, faz um novo parágrafo e coloca um travessão, seguido da fala da personagem.
Normalmente, há um verbo de elocução (verbo que introduz a fala da personagem: dizer, responder, falar, perguntar, pedir, etc.), que pode ser colocado também no meio ou depois da fala. Observe:
Ana Paula olhou para a classe e indagou:
- Vocês estudaram para a prova?
Veja agora estas outras frases: A professora Ana disse que daria prova naquele dia. Depois um aluno pediu que ela deixasse a prova para a aula seguinte.
Nas frases acima, o narrador conta o que as personagens (professora Ana e um aluno) disseram, reproduzindo as suas palavras. Tem-se aí o discurso indireto.
Se fosse usado o discurso direto, teríamos:
A professora Ana disse
- Vou dar prova hoje.
Leia este outro texto:
“Ela o cumprimentou arisca meio de longe, estendendo-lhe as pontas dos dedos, os olhos no chão. Depois saiu ligeira para os fundos da casa, não apareceu mais. E a prima? Disse ao se despedir, já no cavalo. Deixa pra lá, tem dessas esquisitices de ausência de moça solteira, desculpou o pai.”
DOURADO, Autran. Uma vida em segredo. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.
Neste outro texto, há um discurso misto: o discurso do narrador (“Ela o cumprimentou arisca... não apareceu mais.”) e as falas das personagens que se introduzem, revelando o seu fluxo de pensamento (“E a prima? Disse ao se despedir, já no cavalo. Deixa pra lá, tem dessas esquisitices de ausência de moça solteira, desculpou o pai.”) A mistura do discurso indireto do narrador é chamada discurso indireto livre.
Na passagem do discurso direto para o indireto e vice-versa, ocorrem algumas modificações. Veja abaixo
Discurso Direto
A fala aparece na 1ª pessoa do singular (eu) ou do plural (nós), sendo possível também encontrar “você” e “senhor(a)”. Exemplo:
- (Nós) jantaremos daqui a pouco.
O verbo pode aparecer nos seguintes tempos verbais:
Presente do Indicativo
- Você está com fome.
Pretérito Perfeito do Indicativo
- A dona Marli já fez o macarrão.
Futuro do Presente do Indicativo
- Bianca não comerá em casa.
Presente do Subjuntivo
- Espero que Bianca não chegue tarde.
Imperativo
- Experimente a sobremesa.
Uso dos dois pontos e do travessão, depois do verbo de elocução.
A mãe disse:
- Vamos jantar.
Discurso Indireto
A fala da personagem aparece na 3ª pessoa do singular ou do plural. Exemplo:
O garoto disse que queria macarrão com molho.
O verbo pode aparecer nos seguintes tempos verbais:
Pretérito Imperfeito do Indicativo
O garoto disse que queria macarrão com molho.
Pretérito Mais-que-Perfeito do Indicativo
O marido perguntou se dona Marli cozinhara o molho de tomate.
Futuro do Pretérito
João arriscou que Bianca não comeria em casa naquela noite.
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
Depois veio a mulher dizer que ele provasse a sobremesa.
Ausência de pontuação depois do verbo de elocução, que vem seguido do conectivo que.
A mãe disse-lhes que se servissem.
MONÓLOGO
Monólogo é a forma do discurso em que a personagem extravasa de maneira ordenada e lógica os seus pensamentos e emoções sem dirigir-se especificamente a qualquer ouvinte.