LINGUAGENS E ORALIDADE
Você verá mensagens que se utilizam de elementos expressivos verbais e não verbais.
LINGUAGENS VERBAL E NÃO VERBAL
Ao fazer um texto, um escritor usa a linguagem verbal. Um pintor costuma utilizar a linguagem não verbal, pois raramente usa palavras para criar um quadro, recorrendo mais a recursos relacionados à imagem. Já um ilustrador, quando cria uma charge com ilustração e legenda, emprega as duas linguagens: a verbal e a não verbal.
Na leitura de um texto, interpretam-se palavras e frases. Na de uma imagem, observam-se estímulos visuais e sensoriais. Exige-se percepção para decodificar símbolos e integração de diversas informações para compreender o que se quer transmitir dentro de um contexto.
Ao escrever a partir de uma imagem e de texto, antes leia e interprete um de cada vez. Depois, junte os dois para identificar o tema comum, a ideia central, e produza o texto.
HUMOR
O humor pode ser usado como recurso para a construção de efeito de sentido. Existem várias formas de produzir humor, como contar uma piada, escrever uma crônica ou conto humorístico, desenhar uma charge.
HUMOR E TEXTO HUMORÍSTICO
O humor é usado em vários textos: anúncios publicitários, histórias em quadrinhos, textos literários etc. Para o autor conseguir o efeito de humor desejado, o leitor precisa entender a intenção transmitida; interpretar adequadamente a mensagem a partir do seu contexto; compreender os jogos de palavras realizados; identificar as conotações usadas e os efeitos de sentido construídos pelo autor.
Pode-se construir humor no texto não só no nível semântico (nas significações das palavras e dos enunciados, na apresentação de fatos engraçados e no desfecho inesperado), mas também no sintático (na relação entre palavras e orações, na construção das frases).
Esta anedota narra uma situação cômica em um consultório médico:
Medicina moderna
“- Puxa, doutor... Nunca imaginei que tivesse problemas cardíacos!
- Tá vendo como foi bom ter vindo aqui? Ia passar o resto da vida numa
Boa e envelhecer sem nem suspeitar que é um homem doente!”
Piadas do Batoré. Edições P.B.Q. São Paulo: Nobel.
CRÔNICA HUMORÍSTICA
Leia a seguir uma crônica humorística em que o humor é construído por meio de uma situação inusitada e o leitor é surpreendido pelo desfecho inesperado.
Pai não entende nada
“- Um biquíni novo?
- É, pai.
- Você comprou um no ano passado!
- Não serve mais, pai. Eu cresci.
- Como não serve? No ano passado você
Tinha 14 anos, este ano tem 15. Não cresceu tanto
Assim.
- Não serve, pai.
- Está bem, está bem. Toma o dinheiro.
Compra um biquíni maior.
- Maior não, pai. Menor.
Aquele pai, também, não entendia nada.”
VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias da vida privada:
101 crônicas escolhidas, 26 ed. Porto Alegre: L&PM, 1996
HUMOR E ASSOCIAÇÃO ENTRE AS LINGUAGENS
Além do desenho sem textos, em que o efeito humorístico é apenas visual, o humor aparece também por meio de associações entre palavras e imagem. O desenho pode ser autossuficiente (o texto não acrescenta nada de novo); pode não ser relevante (o texto prevalece); pode ser tão importante quanto o texto.
CHARGE
A charge faz parte do material de opinião, aquele em que o autor expressa seu ponto de vista sobre um assunto. É apresentada em jornais e revistas, em geral na página de editoriais, a página nobre.
A compreensão da crítica feita pelo chargista depende da cumplicidade entre autor e leitor. O leitor precisa ter um conhecimento prévio do assunto abordado e conhecer as circunstâncias, as personagens e os fatos retratados. Assim, para interpretar uma charge, é preciso não se esquecer do contexto em que foi elaborada.
Uma boa charge mostra um assunto atual e busca ir direto ao interesse do público leitor. A mensagem contida é interpretativa e crítica, e pelo seu poder de síntese pode ter o peso de um editorial.
HISTÓRIA EM QUADRINHOS (HQ)
Enquanto a charge transmite a sua mensagem, em geral, em uma única imagem, as histórias em quadrinhos (HQs) são uma arte sequencial, desenhos em sequência que narram uma história. A charge costuma ter conteúdo humorístico. As histórias em quadrinhos podem ou não ter o humor como efeito de sentido.
Na arte sequencial, a comunicação se faz por meio de imagens identificadas pelo emissor e pelo receptor. Para “ler” uma história em quadrinhos, é preciso interpretar imagens, relacioná-las com as palavras e perceber sequências de causa e efeito.
Os quadrinhos servem para entreter, mas podem veicular uma mensagem instrucional; podem ser usados para uma campanha de economia de água, alertar sobre riscos de doenças ou transmitir informativos de trânsito, por exemplo.
A história em quadrinhos em geral envolve várias técnicas narrativas através dos dois canais: imagem e texto. Para compreender a mensagem, o leitor precisa relacionar os elementos da imagem (icônicos) com os de texto (linguísticos).
O diálogo da HQ é apresentado na forma direta; no entanto, não é transcrito do mesmo modelo que, por exemplo, o diálogo em contos ou peças teatrais. As falas são indicadas, em geral, por meio de balões, estabelecendo-se uma comunicação mais imediata entre as personagens e o leitor, já que o texto é incorporado à imagem.
Conheça alguns elementos comuns nas histórias em quadrinhos:
LOCALIZAÇÃO DOS BALÕES: indica a ordem em que se sucedem as falas (de cima para baixo, da esquerda para a direita).
CONTORNO DOS BALÕES: varia conforme o desenhista; no entanto, alguns são comuns, como os que apresentam linha contínua (fala pronunciada, em tom normal); linhas interrompidas (fala sussurrada); ziguezague (um grito, uma fala de personagem falando alto, ou som de rádio ou televisão).
ONOMATOPÉIAS OU SINAIS DE PONTUAÇÃO: reforçam sentimentos e expressam a intensidade da voz da personagem.
Fonte: Produção de Texto
Editora Moderna
Autores: Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano