A IDADE MÉDIA ORIENTAL
AS CIVILIZAÇÕES DA ÁSIA ORIENTAL
A ANTIGA CIVILIZAÇÃO CHINESA
Ao iniciar-se a Idade Média a China já possuía 3.000 anos de história. Em torno dos rios Hoang-Ho (Rio Amarelo) e Iang-Tse-Iang (Rio Azul) uma grande civilização desenvolvera-se e fabricava sedas e cerâmicas finíssimas, construíra a GRANDE MURALHA (É uma das mais colossais obras do mundo antigo. Tem 2.000 km de extensão e possui duas mil e quinhentas torres.) e um canal unindo os dois grandes rios.
Atingira a China antiga a um alto grau de civilização e cultura; a matemática, a medicina e a astronomia eram motivo de preocupação entre seus habitantes que conheciam também as propriedades da agulha imantada e a pólvora usada nos fogos de artifício. Ao seu país chamavam os chineses de CELESTE IMPÉRIO e nele uma aristocracia feudal de sacerdotes, funcionários e guerreiros, levava uma vida relativamente fácil e requintada.
A escrita era complicada e chegou a ter 50.000 sinais. Uma literatura vigorosa já divulgara nas camadas sociais superiores temas religiosos, poéticos, históricos e filosóficos. O filósofo mais conhecido da China é Confúcio cujas ideias fundamentais eram a veneração aos antepassados e o respeito às antigas tradições. Admitia o grande filósofo chinês que a organização social deveria basear-se na disciplina familiar porém achava que o direito de rebelião era de origem divina.
A CHINA NA IDADE MÉDIA
Quando na Europa Ocidental começaram as invasões bárbaras a China politicamente já havia conhecido um regime verdadeiramente feudal, no qual 21 Estados independentes viviam constantemente em lutas entre si. Nos fins do século VI, contudo, o país foi unificado por um chefe militar chamado Gao Tsu que denominou o país de Tang e se proclamou imperador.
O Império Tang viveu uma época de prestígio e refinamentos. Embaixadores da Pérsia e da Arábia visitaram os soberanos chineses. A escultura e a pintura atingiram grande perfeição. Os imperadores da dinastia Tang consideravam-se enviados dos deuses e usavam o título de “filho do céu”. Uma aristocracia de funcionários instruídos e mercadores ricos dominava economicamente o país. Insurreições de camponeses e movimentos de independência chefiados pelos governadores das províncias acabaram provocando o desmembramento do Império Tang.
No século X uma nova unificação do país foi feita, iniciando-se a dinastia Sung. Embora os povos nômades do norte não reconhecessem o novo Império Sung e constantes guerras contra os mesmos exigissem a manutenção de grandes exércitos, impostos excessivos e muitas vezes o abandono das atividades agrícolas, a arte chinesa nesse período floresceu excepcionalmente. As pinturas da época são feitas em telas de seda e desenvolve-se uma arquitetura suntuária com palácios e templos finamente ornamentados com mármores, ouro, porcelanas e esculturas de valor.
Em 1069, um ministro da dinastia Sung, Wang-An-Shih, apresentou um grande plano de salvação nacional pois as secas dos anos anteriores, as guerras e a exploração haviam levado a China ao caos. Wang-An-Shih colocou sob a direção do Estado o comércio, a indústria e a agricultura, regulou e fixou salários e preços, concedeu pensões para os desempregados e velhos. A avançada experiência de Wang-An-Shih foi asperamente combatida pelos conservadores que conseguiram revogar quase toda sua legislação.
No século XII os mongóis, nômades da Ásia Central, conseguiram dominar o país e Cublai Cã, neto do famoso Gengis Cã, fundou uma nova dinastia. A invasão mongol fora uma calamidade para os chineses pois os mongóis devastaram a nova terra conquistada; porém como estabeleceram na China a base de seu colossal império, promoveram posteriormente o desenvolvimento do comércio e da indústria. A reação contra os dominadores estrangeiros iniciou-se através da formação de sociedades secretas; a mais famosa foi a da “Açucena Branca” composta, sobretudo de agricultores.
Em 1348, no sul da China, começou a grande revolução nacional contra os mongóis na qual se destacou o líder camponês Tchu-Ieng-Tchan que conseguiu ocupar a cidade de Nanquim e proclamar-se imperador. O novo soberano dominava, no entanto, apenas a China meridional que denominou de IMPÉRIO MING; posteriormente uma grande e bem sucedida campanha militar contra os remanescentes mongóis da China setentrional deu-lhe o domínio da antiga capital dos invasores, PEKIN, e a posse de todo o país.
A dinastia Ming reina de 1368 a 1664 período de grande prestígio cultural e político para a China. Caracteriza-se por uma série de imperadores cultos e de acentuado gosto artístico que consegue se manter no poder até o dia em que os manchus ocupam o país. A ocupação manchu (Os manchus habitavam a Manchúria, região ao norte da China, e somente no século XVII organizaram-se como Estado.) foi pedida e auxiliada pela própria nobreza feudal chinesa alarmada com uma grande revolução popular que conseguira o domínio da capital (Pekin) e a fuga do último imperador Ming. Os manchus após debelarem a revolução contra os Ming, recusaram-se a abandonar o país transformando Pekin em sua própria capital.
A dinastia manchu identificou-se completamente com a nobreza feudal chinesa e manteve-se no poder até a Proclamação da República em 1912.
O JAPÃO
Antes da assimilação da cultura chinesa os japoneses viviam apenas de caça, da pesca e de uma rudimentar agricultura. Durante séculos o Japão constitui-se de uma infinidade de domínios feudais nos quais exerciam muita influência os samurais, casta militar semelhante a cavalaria medieval europeia. A grande capacidade de assimilação do povo japonês fez com que o budismo introduzido pela imperatriz Suiko possibilitasse não somente a unidade de crença mas favorecesse também a unidade política. Um sobrinho de Suiko, Shotoku Taishi (593-621), que governou como regente, compreendeu perfeitamente a superioridade cultural do budismo (O budismo originou-se na Índia. Seu fundador, Sidarta Gautama, mais conhecido pelo nome de Buda, ensinava que a suprema felicidade é a obtenção do nirvana, estado de espírito que se atinge pelo estudo e pela meditação e no qual há absoluto repouso e nenhum desejo. Admitia também Buda, a reencarnação ou transmigração das almas.) sobre o antigo culto japonês “xintó” que se baseava no culto dos antepassados. Antevendo as possibilidades políticas do budismo, Shotoku promulgou em 604 um edito em 17 artigos fundamentado na moral búdica e dele serviu-se como base para seu governo. Mais ou menos nessa época fixaram-se as tradições japonesas fortemente influenciadas pela cultura chinesa recebida, sobretudo, através da Coréia.
A partir de 886 um alto funcionário do governo o kwambaku era quem tinha a responsabilidade propriamente de governar; o imperador intitulado Tenshi (filho do céu) ou Teno (dominador do céu) entretinha-se com os luxos e os requintes de sua corte, compunha versos, colecionava obras de arte e estudava literatura chinesa. Surgiram assim lutas entre as grandes famílias feudais (Taira, Minamoto, Fugiwara) que disputavam o cargo de kwambaku ou tentavam mesmo absoluta independência.
Durante séculos as lutas entre os grandes senhores feudais assolaram o país. Finalmente um membro da família Minamoto restabeleceu em 1185 o poder central instituindo uma nova forma de governo, o xogunato, ao mesmo tempo que mudava a capital de Kioto para Kamakura. O xogunato mantém teoricamente a autoridade do imperador mas o submete a tutela de um “xogum”, chefe militar todo poderoso que através de governadores militares nas províncias domina de fato todo o país. Com o xogunato não desapareceu o regime feudal porém melhoraram as condições de vida dos camponeses e desenvolveu-se relativamente o comércio.
Ao findar a Idade Média o xogunato ainda era o regime vigorante no Império do Sol Levante.