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A Civilização Bizantina
A Civilização Bizantina

                                                                                                               Igreja de Santa Sofia

 

A IDADE MÉDIA ORIENTAL

 

A CIVILIZAÇÃO BIZANTINA

 

ASPECTOS GERAIS

 

O governo do Império Bizantino era teocrático e absoluto.  O estado era um bloco político-eclesiástico no qual,  o imperador tomava o título de “basileus” e governava através de uma grande organização burocrática de funcionários que fiscalizava praticamente toda a vida econômica do país.

 

Durante o começo da Idade Média, Constantinopla e outras cidades bizantinas controlavam o comercio entre o Mediterrâneo e o Oriente.  As influências de suas atividades comerciais foram vitais, não somente para a Idade Média mas até para a Idade Moderna.

 

O renovado contato comercial com o Oriente foi uma das causas principais do aparecimento de muitas cidades no Ocidente europeu.  A concorrência comercial e a luta pelo controle do comércio com o Oriente, que foi foi principalmente impulsionado pelos bizantinos, estimularam os descobrimentos e a expansão da civilização moderna.

 

AS CLASSES SOCIAIS

Enquanto na Europa Ocidental a organização social era de base agrária, a sociedade bizantina apresentava-se com caráter essencialmente urbano e perdulário.  Os ricos viviam em grandes e cômodas casas e o comércio suntuário era um dos mais importantes.  O regime da servidão existente para as classes inferiores era contudo amenizado pelo grande desenvolvimento industrial e comercial do Império, o que possibilitava ao servo submetido aos grandes latifundiários uma vida melhor do que a dos camponeses da Europa Ocidental.

 

A vida dos altos funcionários parece ter-se caracterizado pela indolência, pelas maneiras efeminadas e pela intriga.  A expressão “bizantino”, Indica hoje esterilidade mental e refinamento de ostentação.

 

O GOVERNO E A OBRA DE JUSTINIANO

Justiniano (527-565) foi o mais famoso dos imperadores bizantinos.  Era filho de um simples camponês macedônio e falava o grego, língua oficial em Constantinopla, com sotaque.  Seu tio Justino, que havia tomado o poder com um golpe de Estado apoiado pelo Senado, deixou-lhe como herança o império.

 

Justiniano foi um governante de grande tino administrativo, com algumas virtudes e grandes defeitos.  Sofreu grande influência de sua esposa Teodora, que anteriormente ao casamento havia levado vida dissipada e escandalosa.  Filha de um guarda de ursos do Hipódromo, ficou órfã muito cedo, tendo trabalhado durante algum tempo como atriz no circo.  Elevou-se à condição de basilissa (imperatriz) pelo seu casamento com Justiniano.

 

Com o apoio de dois generais, Belisário e Narsés, Justiniano levou ao apogeu as conquistas bizantinas. Mas estas conquistas guerreiras ocasionaram enormes gastos, cobertos por impostos que provocaram profundo descontentamento  no meio do povo.

 

A maior obra de Justiniano não foi militar nem econômica, e sim legislativa.  Visando à revisão e à codificação do antigo direito romano, Justiniano nomeou uma comissão de juristas sob a direção de seu ministro Triboniano, a qual redigiu o famoso CORPUS JURIS CIVILIS (Corpo do Direito Civil), que compreende:

 

a)    O Digesto ou Pandectas, onde estavam compiladas as doutrinas dos jurisconsultos romanos;

b)    O Código, onde se encontravam as leis que tinham sido estabelecidas desde o reinado de Adriano até o de Justiniano;

c)    As Intitutas, ou resumo para o ensino do direito;

d)    As Novelas, que reuniam as leis promulgadas por Justiniano

 

O direito romano no CORPUS JURIS CIVILIS adaptou-se às novas condições criadas pelo despotismo oriental vigente em Constantinopla e ao cristianismo, adotado como religião oficial.  O antigo JUS CIVILE (direito civil) aplicava-se ao cidadão das mais diversas nacionalidades, e o JUS NATURALE (direito natural) era tido como um direito de origem divina, concepção que aliás vigorou durante toda a filosofia medieval posterior.

 

A ARTE BIZANTINA.

A arte bizantina reunia as tradições artísticas dos romanos, o temperamento transformador dos gregos e os princípios artísticos dos povos da Ásia Menor.  Sobretudo na construção e na decoração de igrejas expressou-se a arte bizantina.

 

Os arquitetos bizantinos, aproveitando o plano, as dimensões e os elementos construtivos das basílicas romanas, criaram o estilo arquitetônico cujo apogeu é, sem dúvida, a Igreja de Santa Sofia.

 

A Igreja de Santa Sofia pretende exprimir o caráter íntimo e espiritual da vida cristã.  Externamente é coberta apenas por uma argamassa, que não pode esconder, contudo, o estilo grandioso.  O interior, no entanto, é decorado com colunas de mármore branco, verde e vermelho, com mosaicos lindíssimos, folhas de ouro e vitrais nos principais ângulos.  Seis mil candelabros e quarenta e dois mil vasos de prata destinados ao culto, deram-lhe uma magnificência jamais alcançada por outro templo.

 

Sua cúpula de 32 metros de diâmetro e 50 metros de altura é um empreendimento arrojado para a arquitetura da época e possui uma grandeza majestosa que não pode ser descrita.

 

Os mosaicos eram preferidos pelos artistas bizantinos para expressão de seus sentimentos artísticos.  Eram desenhos conseguidos pela combinação de pequenos pedaços de vidro ou pedra coloridos, geralmente sobre fundo azul ou ouro.  As representações dos santos e de Cristo eram geralmente deformadas para causar a impressão de piedade.

 

Mestres em mineração e metalurgia, os bizantinos exploraram o ferro, o cobre e o chumbo da Europa Oriental.  Exportaram para os países do Mediterrâneo os mármores da Ática, da Tessália e da Lacônia, assim como exploraram as salinas do sul da Itália.  Nas joias, objetos de luxo, papiros, manuscritos e saltérios, os artistas bizantinos deram sempre o toque inconfundível de sua arte verdadeiramente bela e influenciaram profundamente as civilizações ocidental, cristã e sarracena.

 

É imenso o débito do Ocidente para com os eruditos de Constantinopla que copiaram e conservaram manuscritos, prepararam antologias gregas e escreveram enciclopédias que abrangiam os conhecimentos do mundo antigo.

 

EVOLUÇÃO E INFLUÊNCIA DE BIZÂNCIO.

A obra de Justiniano não teve continuadores.  Depois de sua morte seguiram-se 50 anos de anarquia e discórdia, ao mesmo tempo, que os bárbaros começaram a fazer recuar continuamente as fronteiras do Império.

 

Durante o reinado de Heráclio (610-641), fundador de uma nova dinastia, foram aniquilados os persas, antigos inimigos de Constantinopla.  Mas surgiram os árabes que se apoderaram da Palestina, da Siria e do Egito e os búlgaros que ocuparam os Bancãs.

 

A vida do Império Bizantino foi sempre agitada.  Bastaria dizer que dos cento e poucos imperadores, 20 pereceram violentamente, 21 abdicaram, 18 morreram na prisão e 18 foram vítimas de mutilações.

 

Aos eruditos de Constantinopla devemos a cópia e a conservação de inúmeros manuscritos gregos e foi o CORPOS JURIS CIVILIS de Justiniano que possibilitou realmente a transmissão do direito romano à última fase da Idade Média e ao mundo moderno.  A Rússia, sobretudo, recebeu uma grande herança de Bizâncio:  o alfabeto, o calendário, a religião e, talvez, o próprio despotismo governamental, característica dominante em toda a sua história.