DÚVIDAS ETERNAS
Você escreveria esse “à francesa” com o acento indicativo da crase ou sem o acento?
SAIU A FRANCESA OU SAIU À FRANCESA?
Todos certamente já ouviram a expressão “sair à francesa”. Essa expressão é usada para indicar que a pessoa saiu discretamente, de fininho, sem se despedir de ninguém.
O problema surge na hora de escrever essa expressão. Você escreveria esse “à francesa” com o acento indicativo da crase ou sem o acento?
E cuidado! Esse acento não é um detalhe sem importância. A presença ou ausência desse sinalzinho muda a mensagem transmitida.
Sem o acento indicativo da crase a frase “saiu a francesa” passa a mensagem de que uma moça que nasceu na França saiu. A francesa foi embora. A francesa seria o sujeito da oração. Já com o acento indicativo da crase, a expressão apresenta o modo como alguém saiu, ele saiu discretamente.
Os adjuntos adverbiais de modo, desde que femininos, recebem obrigatoriamente o acento grave: vender à vista; falar às claras, sair às pressas, servir à francesa, andar à toa, ficar à mingua...
CONCERTO OU CONSERTO?
Vamos recordar uma duplinha famosa: as palavras concerto com “C” e conserto com “S”.
As duas formas existem e estão corretas? Pois é, e é aí que está o problema, porque, embora existam e estejam corretas, há significados diferentes. Como podem apresentar significados diferentes, devem ser usadas em situações diferentes.
Conserto com “S” quer dizer restauração, reparação, remendo. Devemos, então, fazer um conserto com “S” na roupa que está rasgada, no celular que está quebrado, no carro que bateu.
Já a palavra concerto com “C” refere-se a uma peça musical, com orquestra, coro, banda de rock...
Devemos, então, escrever com “C” o concerto da orquestra sinfônica, o concerto da Madonna, o concerto de música indiana...
Uma curiosidade: em Portugal, “concerto”, que significa “harmonia”, é também usado como sinônimo de “concerto”. Concertar pode ser “harmonizar”.
OS ESTADOS UNIDOS ACEITOU OU ACEITARAM?
É comum pessoas ficarem em dúvida na hora de concordar o verbo com o nome de lugar no plural. Você diria que: “OS Estados Unidos aceitou a proposta da ONU” OU “Os Estados Unidos aceitaram a proposta da ONU”?
Segunda a tradição, correto, nesse caso, é: “Os Estados Unidos aceitaram a proposta da ONU”. A regra diz que quando o nome próprio vier antecedido de artigo no plural, como no caso de “os Estados Unidos”, devemos concordar o verbo também no plural.
Diga, então: “Os Alpes estão sempre cobertos de neve”. “Os Andes fazem a fronteira do Chile com a Argentina.”
Se não houver artigo no plural, deixe o verbo no singular. Diga, por exemplo, “O Amazonas é o maior rio do Brasil”; “Memórias Póstumas de Brás Cubas foi escrito por Machado de Assis”.
ELE QUIS OU QUIZ?
Vamos falar de um erro muito frequente, principalmente, nas mensagens das redes sociais. É o péssimo hábito que algumas pessoas têm de escrever as formas conjugadas do verbo querer com “z”.
Na língua portuguesa, só podemos escrever com “z” as formas conjugadas dos verbos que têm “z” na raiz do verbo. Isso aparece na forma infinitiva. Por exemplo, como os verbos “dizer”, “fazer” e “trazer” se escrevem com “z”, as formas ele “diz”, ele “faz”, eu “fiz”, ele “fez” e ele “traz” devem ser escritas com “z”.
O verbo “querer” não tem “z”. Então, todas as suas formas conjugadas que têm o som de “z” devem ser escritas com “s”. Assim, escreva com “s”: Ele quis, eles quiseram, se ele quisesse...
Essa regra cabe também para o verbo “pôr” e seus derivados, como dispor, propor... Como eles não têm a letra “z” na sua forma infinitiva, todas as formas conjugadas deverão ser escritas com “s”.
Escreva, então, com “s”: Eu pus, nós pusemos, se ele puser, se ele pusesse, eu dispus, ele propôs e eles propuseram.
Fonte: Jornal o Sul/Sérgio Nogueira/(snconsultoria@terra.com.br)