LÍNGUA PORTUGUESA
DICAS DE SÉRGIO NOGUEIRA
Papelzinhos ou papeizinhos?
Primeiro vamos tirar a dúvida de como colocar no plural uma palavra que está no diminutivo.
Por exemplo, você diria... papelzinhos ou papeizinhos? Animalzinho ou animaizinhos?
Então anote a dica: para pôr no plural os diminutivos formados com o sufixo – zinho, você primeiro tem de colocar a palavra primitiva (aquela sem o prefixo –zinho ) no plural. E depois acrescentar o sufixo –zinho do diminutivo.
Veja o exemplo:
Para fazer o plural do diminutivo da palavra PAPEL, primeiro colocamos a palavra PAPEL no plural. Que dá, PAPÉIS. A essa forma no plural é que vamos acrescentar o sufixo do diminutivo –zinho:
PA-PEI-ZINHOS.
E perceba que o “S” de PAPÉIS foi parar depois do sufixo.
Assim sendo: pasteizinhos, animaizinhos, faroizinhos, azuizinhos...
Ele requereu ou ele requis?
O verbo REQUERER costuma dar nó na língua.
Por exemplo, você diria:
O advogado requereu ou requis os documentos?
O correto é:
O advogado REQUEREU os documentos.
Essa confusão surge, porque muita gente acredita que o verbo REQUERER seja derivado do verbo QUERER e, portanto, deva seguir sua conjugação. Se ele QUIS, “ele REQUIS”.
Mas, cuidado, o verbo REQUERER não significa QUERER DE NOVO. REQUERER significa “pedir por meio de requerimento”.
Para empregar o verbo REQUERER tem ainda outra dificuldade, pois se trata de verbo irregular. Isso quer dizer que sua conjugação não segue um modelo, um padrão.
Assim, devemos dizer:
Eu requeiro / que eu requeira...
Nos tempos do pretérito e do futuro, sua conjugação é regular:
Se ele vendeu, perdeu, comeu... ELE REQUEREU.
Confira a conjugação completa numa boa gramática para não errar mais.
Às vezes ou as vezes?
Nosso problema agora é a ocorrência do acento indicativo da crase na expressão AS VEZES.
Você já deve ter notado que não é sempre que essa expressão aparece com acento. E é aí que está formada a encrenca. Em que casos devemos colocar o acento grave e quando não devemos?
Acompanhe comigo.
Devemos pôr o acento da crase quando a expressão AS VEZES tiver o sentido de DE VEZ EM QUANDO.
Assim, na frase: “Às vezes os meus vizinhos fazem muito barulho” ocorre crase, pois é o mesmo que dizer:
“De vez em quando meus vizinhos fazem muito barulho.”
Agora, não use o acento indicativo da crase quando a expressão não puder ser substituída por DE VEZ EM QUANDO.
Por exemplo, nas frases:
Eu me lembro de todas as vezes em que eu te vi;
Foram raras as vezes em que ele não me decepcionou.
Para mim ou para eu?
Agora vamos falar de uma dificuldade linguística que muita gente tem e que é muito fácil de resolver.
É o famoso: PARA MIM ou PARA EU.
Você sabe quando deve usar um e quando deve usar o outro?
Por exemplo, você diria:
A secretária entregou o relatório para mim.
OU
A secretária entregou o relatório para eu?
Nesse caso, correto é: A secretária entregou o relatório para mim.
Mas cuidado! Se houver um verbo depois do pronome, muda tudo.
Aí, devemos dizer: A secretária entregou o relatório PARA EU ANALISAR.
Perceba que a diferença entre PARA MIM e PARA EU está na presença ou não de um verbo no infinitivo após o pronome.
Portanto, grave a dica: sempre que houver um verbo no infinitivo depois do pronome, use os pronomes pessoais do caso reto, que são EU, TU, ELE, NÓS, VÓS e ELES.
E essa dica não vale só para a preposição PARA. Isso ocorrerá com qualquer preposição.
Confira:
O time chegou antes de mim. / O time chegou antes de eu sair.
Meu irmão fez isso por mim. / Meu irmão fez isso por eu estar doente.
Fonte: Jornal O Sul-Coluna Sérgio Nogueira-21/12/2014