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Atenção com as Palavras — Dica 6
Atenção com as Palavras — Dica 6

 

DÚVIDAS ETERNAS

 

SENTAR-SE À MESA OU SENTAR-SE NA MESA?

Vamos observar um vício de linguagem tão comum no nosso dia a dia que muitos já nem percebem a inadequação.

 

Você, por exemplo, sabe onde está o problema na frase: “Ele sentou na mesa para almoçar?”.

 

Descobriu?

 

Rigorosamente são dois problemas.  O primeiro é o verbo “sentar” que, no sentido de apoiar as próprias nádegas no assento, é pronominal, ou seja, deve ser conjugado com os pronomes “me, te, se, nos e vos”.  Devemos dizer:  “Eu me sento; tu te sentas; ele se senta; nós nos sentamos; eles se sentam”.

 

O verbo “sentar” não é pronominal quando tem o sentido de “colocar”, como na frase: Ele sentou pedras e tijolos na beira do rio.

 

Vamos, agora, ao outro problema da frase.  Se você pretende comer, é melhor sentar-se “à mesa”.  Seria muito deselegante você sentar-se na mesa, ocupando o lugar dos pratos e talheres.  “Sentar-se na mesa é sobre  a mesa.  Para comer, é recomendável que “nos sentemos à mesa”.

 

É o mesmo caso de “Sentar-se no piano”.  Só se for sobre o piano.  Para tocar, devemos dizer que “Ele se sentou ao piano”.

 

Todos nós podemos nos sentar no sofá, na cadeira, no chão, no banco...

 

PERDA OU PERCA?

É uma confusão muito comum que as pessoas fazem com as palavras “perda” e “perca”.  Você sabe a diferença entre as duas?

 

Você diria que seu carro teve perda total ou perca total?  O correto é dizer que seu carro teve perda total. E você sabe por quê?

 

Observe a diferença entre essas duas palavras, para nunca mais errar na hora de emprega-las.  “Perda” é um substantivo e tem o sentido de “deixar de ter algo, deixar de conviver com alguém” ou ainda de “prejuízo, de destruição”.

 

A frase: “Sentiu muito a perda da casa e dos amigos” quer dizer que ele deixou de ter a casa e deixou de conviver com os amigos.

 

A palavra “perca” é uma forma do presente do subjuntivo do verbo “perder”:  “Talvez eu perca o começo do filme”.  “Você quer que seu time perca o campeonato?”  “Nunca perca seu bom humor!”

 

ESTE OU ESSE?

Agora a dúvida é o uso dos pronomes “este” e “esse”.

 

Qual frase você considera correta:  “Alguém leu este relatório que está na minha mão?” ou “Esse relatório que está na minha mão?”

 

O correto, segundo nossa tradição gramatical, é “este” relatório que está na minha mão.  O pronome “este” deve ser usado para indicar algo que está próximo da pessoa que fala.

 

Se o relatório estivesse perto da pessoa que ouve a frase, deveríamos dizer: “esse” relatório que está na sua mão.  O pronome “aquele” indica algo que está distante de quem fala e de quem ouve.  Como na frase:

 

Você leu “aquele” relatório que está na mesa do chefe?  Assim, guarde a regrinha:

 

Os pronomes “este”, “esta” e “isto” indicam o que está próximo da pessoa que fala.

 

Os pronomes “esse”, “essa” e “isso” indicam o que está próximo da pessoa que ouve.  E os pronomes “aquele”, “aquela” e “aquilo” indicam o que está longe dos dois.

 

SE EU MANTESSE OU SE EU MANTIVESSE?

Vejamos uma dúvida clássica: a conjugação verbal.  Já perdi a conta de quantas vezes alunos, amigos e leitores me perguntaram como se faz a conjugação do verbo “manter”.

 

A forma que mais atormenta nossos amigos é a do imperfeito do subjuntivo.

Qual a forma correta entre:  “Se ele mantesse a calma, tudo se esclareceria” ou “Se ele mantivesse a calma, tudo se esclareceria?”

 

A resposta para essa dúvida é muito simples.  Basta lembrarmos que o verbo “manter” é derivado do verbo “ter”. E, por isso, deve seguir o mesmo modelo de conjugação.

 

Assim, se dizemos “Se ele tivesse calma”, devemos dizer “Se ele mantivesse a calma.  O mesmo esquema vale para outros verbos derivados do verbo “ter”, como:  “reter, conter, deter, entreter”...

 

Devemos, portanto, dizer:  se ele retivesse, detivesse, contivesse, entretivesse, obtivesse...

 

Fonte:  Jornal o Sul/Coluna SérgioNogueira (snconsultoria@terra.com.br)