DÚVIDAS ETERNAS
SENTAR-SE À MESA OU SENTAR-SE NA MESA?
Vamos observar um vício de linguagem tão comum no nosso dia a dia que muitos já nem percebem a inadequação.
Você, por exemplo, sabe onde está o problema na frase: “Ele sentou na mesa para almoçar?”.
Descobriu?
Rigorosamente são dois problemas. O primeiro é o verbo “sentar” que, no sentido de apoiar as próprias nádegas no assento, é pronominal, ou seja, deve ser conjugado com os pronomes “me, te, se, nos e vos”. Devemos dizer: “Eu me sento; tu te sentas; ele se senta; nós nos sentamos; eles se sentam”.
O verbo “sentar” não é pronominal quando tem o sentido de “colocar”, como na frase: Ele sentou pedras e tijolos na beira do rio.
Vamos, agora, ao outro problema da frase. Se você pretende comer, é melhor sentar-se “à mesa”. Seria muito deselegante você sentar-se na mesa, ocupando o lugar dos pratos e talheres. “Sentar-se na mesa é sobre a mesa. Para comer, é recomendável que “nos sentemos à mesa”.
É o mesmo caso de “Sentar-se no piano”. Só se for sobre o piano. Para tocar, devemos dizer que “Ele se sentou ao piano”.
Todos nós podemos nos sentar no sofá, na cadeira, no chão, no banco...
PERDA OU PERCA?
É uma confusão muito comum que as pessoas fazem com as palavras “perda” e “perca”. Você sabe a diferença entre as duas?
Você diria que seu carro teve perda total ou perca total? O correto é dizer que seu carro teve perda total. E você sabe por quê?
Observe a diferença entre essas duas palavras, para nunca mais errar na hora de emprega-las. “Perda” é um substantivo e tem o sentido de “deixar de ter algo, deixar de conviver com alguém” ou ainda de “prejuízo, de destruição”.
A frase: “Sentiu muito a perda da casa e dos amigos” quer dizer que ele deixou de ter a casa e deixou de conviver com os amigos.
A palavra “perca” é uma forma do presente do subjuntivo do verbo “perder”: “Talvez eu perca o começo do filme”. “Você quer que seu time perca o campeonato?” “Nunca perca seu bom humor!”
ESTE OU ESSE?
Agora a dúvida é o uso dos pronomes “este” e “esse”.
Qual frase você considera correta: “Alguém leu este relatório que está na minha mão?” ou “Esse relatório que está na minha mão?”
O correto, segundo nossa tradição gramatical, é “este” relatório que está na minha mão. O pronome “este” deve ser usado para indicar algo que está próximo da pessoa que fala.
Se o relatório estivesse perto da pessoa que ouve a frase, deveríamos dizer: “esse” relatório que está na sua mão. O pronome “aquele” indica algo que está distante de quem fala e de quem ouve. Como na frase:
Você leu “aquele” relatório que está na mesa do chefe? Assim, guarde a regrinha:
Os pronomes “este”, “esta” e “isto” indicam o que está próximo da pessoa que fala.
Os pronomes “esse”, “essa” e “isso” indicam o que está próximo da pessoa que ouve. E os pronomes “aquele”, “aquela” e “aquilo” indicam o que está longe dos dois.
SE EU MANTESSE OU SE EU MANTIVESSE?
Vejamos uma dúvida clássica: a conjugação verbal. Já perdi a conta de quantas vezes alunos, amigos e leitores me perguntaram como se faz a conjugação do verbo “manter”.
A forma que mais atormenta nossos amigos é a do imperfeito do subjuntivo.
Qual a forma correta entre: “Se ele mantesse a calma, tudo se esclareceria” ou “Se ele mantivesse a calma, tudo se esclareceria?”
A resposta para essa dúvida é muito simples. Basta lembrarmos que o verbo “manter” é derivado do verbo “ter”. E, por isso, deve seguir o mesmo modelo de conjugação.
Assim, se dizemos “Se ele tivesse calma”, devemos dizer “Se ele mantivesse a calma. O mesmo esquema vale para outros verbos derivados do verbo “ter”, como: “reter, conter, deter, entreter”...
Devemos, portanto, dizer: se ele retivesse, detivesse, contivesse, entretivesse, obtivesse...
Fonte: Jornal o Sul/Coluna SérgioNogueira (snconsultoria@terra.com.br)