O PREÇO DE ACHAR QUE CULTURA NÃO VALE NADA
Prefeitura empobrece Novo Hamburgo ao acabar com a Orquestra de Sopros
Qual é a importância de uma orquestra? Para a prefeitura de Novo Hamburgo, quase nenhuma. Só isso explica a decisão de cortar o repasse anual de R$ 1,2 milhão que sustentava a tradicional Orquestra de Sopros da cidade. Esse valor, suficiente para viabilizar a instituição durante um ano inteiro, é o mesmo que a prefeitura gasta para asfaltar, acredite, um único quilômetro de rua.
Quer dizer: para o governo de Novo Hamburgo, cujo orçamento chega a R$ 2 bilhões, manter viva uma das orquestras mais antigas do Estado — ela faria 73 anos em 2025 — não é um legado a ser preservado, mas um peso a ser descartado. Não é nada que inspire orgulho, pelo contrário, é um capricho qualquer que não merece uma migalha do que o município arrecada.
O que acontece quando um governo não enxerga nada disso? Quando não reconhece o valor de uma fila de crianças calçando seus melhores sapatos para assistir a um concerto? Quando não entende que cidades sem cultura são apenas amontoados de ruas e prédios, sem alma, sem voz e sem história?
Talvez as contas fechem, os cofres respirem e o orçamento se equilibre — porque organizar as finanças, de fato, é fundamental. Mas a cidade, ainda assim, vai ficar mais pobre.
Fonte: Zero Hora/Paulo Germano em 21/03/2025