LEITURA EM ASCENSÃO
Mercado Literário: Vendas de livros aumentaram quase 30% em 2021 no país, e 2022 pode ter mais crescimento, projeta sindicato de editores
O período do Natal foi o que registrou maior volume de livros vendidos e maior faturamento do setor no ano passado no Brasil, revela pesquisa feita pela Nielsen BookScan para o Sindicato Nacional doas Editores de Livros (Snel) e divulgada na semana que passou.
Segundo o Painel do Varejo de Livros no Brasil, de 6 de dezembro de 2021 a 2 de janeiro de 2022 foram vendidos 5,4 milhões de livros no país, com alta de 4,94% sobre o mesmo período de 2020, que havia tido 5,1 milhões de unidades comercializadas. O faturamento alcançou R$ 235 milhões, com expansão de 14,14%. O balanço de 2021, que se encerrou com este que foi o 13º Painel divulgado pelo Snel no ano, mostrou crescimento de 29,36% em volume, comparativamente ao ano anterior, e de 29,28% em faturamento. Foram vendidos 55 milhões de livros em 2021 no país, o que gerou uma receita de R$ 2,28 bilhões.
O resultado foi extremamente positivo, avalia o presidente da entidade, Dante Cid:
— Com toda a dificuldade do ano passado, ainda vimos no balanço consolidado que houve crescimento real, descontada a inflação. E é um crescimento significativo.
Mesmo comparando com o ano atípico de 2020, marcado por fechamento de setores da economia, o Snel não esperava incremento como o registrado, acrescentou Cid. De acordo com ele, a pesquisa confirma que a população brasileira "está lendo mais, gostando mais de ler". Se o primeiro trimestre de 2020, ainda pouco afetado pela pandemia, for comparado com o mesmo período de 2021, nota-se que a venda de livros aumentou entre 19% e 20%.
— É um percentual significativo esse incremento do hábito da leitura em um trimestre já impactado pela crise sanitária – destaca Cid.
O hábito deve se manter em 2022, projeta. E aponta que recentes pesquisas do Instituto Pró-Livro sobre o hábito de leitura apontam as redes sociais, e não mais o cinema ou a televisão, como principais concorrentes do livro.
— Percebemos que as pessoas deixaram o hábito da leitura e direcionaram esse costume para as redes sociais. Se nada muito novo ocorrer em relação às redes sociais, roubando o tempo adicional das pessoas, creio que a tendência de ler mais tende a se manter – explica.
Embora a pesquisa detalhada sobre as vendas de 2021 ainda não tenha sido concluída, Cid adiantou que os destaques do ano passado foram os livros de ficção, de autoajuda e religiosos, que cresceram acima da média dos demais segmentos. Livros infantis não didáticos também tiveram uma boa aceitação.
Segundo projeção do Snel, com a volta às aulas, deve aumentar a venda de livros didáticos, porque 2021 ainda não foi atípico em relação ao ano escolar.
— Foi um período grande de ensino híbrido. Espera-se que, em 2022, a grande mudança no quadro de vendas seja para o livro didático, com um ano escolar já normalizado e o ensino infantil predominando e protegendo as crianças. Com a volta à escola normal, esperamos também a normalização da venda de didáticos – projeta o presidente da entidade.
A inflação em alta é desafio para 2022, acredita o gestor da divisão Nielsen Book Brasil, Ismael Borges, que também comemora o resultado de 2021 no setor livreiro. Para Borges, 2021 foi um ano de números superlativos: na macroeconomia, inflação de dois dígitos; no mercado livreiro, crescimento de quase 20 pontos percentuais acima da inflação.
— O maior desconto médio anual já registrado fez zerar a variação do preço médio do livro. Fechamos o ano no azul elástico em razão dos desdobramentos das crises e do cenário pandêmico. A partir de agora, devemos perseguir um ambiente menos turbulento, com variações mais ajustadas – acredita o gestor da Nielsen.
O Painel do Varejo de Livros visa dar mais transparência à indústria editorial brasileira. A iniciativa resulta da parceria entre o Snel e a Nielsen, com o objetivo de disponibilizar para o setor dados atualizados capazes de contribuir para tomadas de decisão por empresários de todos os portes.
Os dados são coletados diretamente do caixa de livrarias, e-commerces e varejistas colaboradores. As informações são recebidas eletronicamente em formato de banco de dados e, após o processamento, os dados são enviados online e atualizados semanalmente.
Fonte: ZH/Caderno DOC/Alana Gandra-Agência Brasil em 30/01/2022