MAIS DE TRÊS DÉCADAS NO PALCO
A atriz e produtora Débora Bloch escolheu o texto OS REALISTAS, do escritor norte-americano Will Eno, para comemorar seus 35 anos de carreira. No palco, ela está acompanhada de Emílio de Mello, Fernando Eiras e Mariana Lima. Eles vivem dois casais que possuem diversas coisas em comum. A direção é de Guilherme Weber.
Em entrevista ao Jornal do Comércio, Débora, aos 52 anos, falou sobre o espetáculo e a carreira.
Por que você escolheu encenar essa peça?
O que me atraiu foi o texto, com muito humor e diálogos brilhantes. Uma peça divertida e ao mesmo tempo sensível e delicada. Que fala da vida e da morte, do ordinário e do extraordinário. Que fala de assuntos universais, comuns a todo ser humano, o amor, o casamento, a morte. Além disso, o texto é uma partitura para quatro atores executarem suas personagens com profundidade e humor.
Como é fazer um drama depois de anos atuando em Fica Comigo Esta Noite, 5X Comédia, Duas Mulheres e um Cadáver, Brincando em Cima Daquilo, ou seja, em comédias? Os Realistas foge um pouco desse padrão, não?
Mas eu também fiz Tio Vania, de Tchekov, e Kean, de Sartre... Acho que Os REALISTAS é a continuação de uma busca minha por novos caminhos e experiências artísticas.
Você completou 35 anos de carreira quando estreou essa peça. Que balanço faz desse tempo
É muito tempo... Teria que fazer vários balanços (risos). Mas acho que busquei caminhos que me renovassem. Como diz a Fernanda Montenegro, os primeiros 20 anos são moleza (mais risos). Tudo é novidade. Depois, você tem que se renovar, experimentar novos caminhos, para não se repetir, se reinventar e continuo buscando.
Há algum trabalho que seja um destaque para você nesses anos de estrada?
Acho que a peça OS REALISTAS e a série JUSTIÇA são trabalhos que eu destacaria, porque são resultado de uma busca artística que se realiza com eles. Gosto do último trabalho... e do próximo!
Sendo mulher, é difícil envelhecer diante do público nesta sociedade marcada pelo machismo?
É difícil envelhecer diante do público, e também num País machista. Mas, ao mesmo tempo, você se torna uma atriz melhor, com mais domínio do seu ofício, mais madura. Portanto, tem um lado bom nisso. Mas, se você ficar buscando a juventude, é infelicidade na certa. É preciso aceitar o tempo e desfrutar do que ele tem de bom. Mas acho que o Brasil é um lugar difícil para as mulheres envelhecerem, Vejo minhas amigas europeias mais tranquilas com a idade delas, porque os homens também o são.
Você filmou Sonho Sem Fim em Pelotas. Então existe uma ligação sua com o Rio Grande do Sul desde a década de 1980. Como ela foi e se mantém?
Minha relação com o Estado é sempre através do meu trabalho, e gosto muito disso. Quando você vai a um lugar com o trabalho, você se aproxima mais das pessoas do lugar do que quando vai a turismo. Fiz muitos amigos aqui. Filmei com Jorge Furtado, fiz vários textos do Verissimo, de quem sou fã, como Comédia da Vida privada e um quadro do TV Pirata que chamava Sabrina, Os Diamantes Não São para Comer. Vim muitas vezes para o Rio Grande do Sul com teatro e estou feliz de voltar com uma nova peça agora.
Fonte: Jornal do Comércio/Michele Rolim em 25/09/2016.