COMO RESPONDEREMOS AO MUNDO
A Companhia Brasileira de Teatro, um dos grupos mais expressivos do País, volta à Capital. Depois de apresentar o seu repertório em Porto Alegre que inclui as montagens VIDA, OXIGÊNIO, ISSO TE INTERESSA?, DESCARTES COM LENTES, ESTA CRIANÇA E KRUM, ela traz seu mais recente espetáculo o projeto BRASIL, no Theatro São Pedro.
Reconhecida por sua proposta vanguardista voltada para a encenação e a dramaturgia contemporânea, a companhia paranaense propõe uma montagem composta por um conjunto de performances criadas a partir da reflexão dos artistas sobre o Brasil com direção de Marcio Abreu. Entre 2013 e 2014, a companhia brasileira de teatro viajou por capitais das cinco regiões brasileiras, passando por Salvador, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília. Enquanto eram apresentados espetáculos de seu repertório, o grupo realizou seminários, palestras, leituras e vivências com o público e outros artistas.
Dessas viagens, trocas de informações com pessoas diversas e, também, das reflexões artísticas que o percurso gerou, foi montado o espetáculo. O resultado está entrelaçado nas cenas que estão no palco. “É uma sequência de performances que tem uma certa autonomia, juntas e articuladas tocam uma outra dimensão”, acredita o diretor.
Os atores Giovana Soar, Nadja Naira e Rodrigo Bolzan e o músico Felipe Storino tratam, entre outras coisas, de temas como política, igualdade, gênero, consumo exacerbado, economia de mercado, ética e o papel da arte no mundo. Muito disso, é expresso pelo corpo dos atores, mas há também momentos de texto propriamente dito, inspirados em discurso reais, como os da ex ministra da Justiça da França Christiane Taubira ou do ex presidente uruguaio Jose Mujica, bem como criações da própria companhia.
“Não fizemos essa peça para falar sobre o País, nunca foi objetivo. E a tendência é cair nisso, mas o que queremos é refletir a partir do Brasil, sobretudo das nossas vivências do processo de parar e olhar esse País. O projeto evoca a questão: como respondemos ao mundo tudo que vivemos?”, afirma Abreu.
A execução do projeto começou logo após as manifestações de junho de 2013, e com essas avalanches de acontecimentos da cena política, o espetáculo acabou passando por uma série de atravessamentos. “Ele não modificou na sua estrutura, mas substancialmente sim”, conta o diretor, que explica que trata-se de uma obra cênica que não é o “resultado final” da proposta e por isso chama-se “projeto”.
O plano de ação nasceu da inserção do grupo na seleção pública de Manutenção de Companhias de Teatro da Petrobras, que concedeu patrocínio por três anos para pesquisa, montagem e circulação. Em Porto Alegre, será (foi) realizada também uma oficina teatral no complexo cultural Multipalco. A atividade destinada a estudantes, artistas e interessados. Saiba mais em: www.companhiabrasileira.art.br
Fonte: Jornal do Comércio/Caderno Viver por Michele Rolim em 1º de maio de 2016.