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Comendo Plástico, do Jornalista Flávio Tavares
Comendo Plástico, do Jornalista Flávio Tavares

COMENDO PLÁSTICO

 

Estamos nos alimentando de micropartículas de plástico contidas em peixes, mexilhões e ostras. Esta aterradora invasão de microplástico nos mares (e nos cursos d'água em ger4al) foi considerada como hipótese há dezenas de anos, mas agora foi confirmada em pesquisas científicas.

 

Os pontos essenciais da pesquisa, realizada PELA Universidade Federal de São Paulo, foram publicados, dias atrás, na conceituada revista científica norte-americana Science of the Total Environment, o que lhe dá um caráter definitivo.

 

A incidência de microplástico no litoral paulista é uma das maiores do mundo. Em algumas áreas, foi encontrada uma média que variou entre 12 e 16 partículas de plástico por cada grama de tecido do animal marinho.  Em alguns mexilhões, foram encontrados mais de 300 microplásticos por grama, número brutal que dá ideia da poluição aterradora dos cursos d'água.

 

A pesquisa fixou-se agora no estuário de Santos, no litoral paulista, mas vai estender-se a outros Estados, inclusive o Rio Grande do Sul. Fico pensando no que deverá ser encontrado na bacia de Rio Grande e no Guaíba, onde (além de plástico) costumam jogar móveis e estofados velhos e outras quinquilharias já inservíveis.  Assim, pergunto-me da possibilidade de serem encontrados entre nós também microrresíduos de tecido de pano em peixes...

 

Além do plástico (deteriorado pela água e, assim, transformado em microrresíduos), soma-se, aqui no Rio Guaíba, a aterradora contaminação por resíduos industriais e domésticos, inclusive fezes.

 

Mais do que tudo, em nosso Estado, basta já a contaminação do Rio dos Sinos (e dezenas de arroios), onde os curtumes lançam imensa quantidade de resíduos químicos da curtição do couro...

 

Pela primeira vez, a Assembleia Legislativa demonstra interesse concreto pela preservação do meio ambiente e mostra que sustentabilidade não é algo a esmo, como folha ao vento.  O Legislativo decidirá sobre um projeto do então deputado Edegar Pretto (hoje presidente da Conab) que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos nas lavouras do Rio Grande do Sul.

 

É uma mostra da transformação de meras palavras sobre sustentabilidade e meio ambiente em ações concretas para assegurar nosso futuro.

 

Fonte:  Jornal Zero Hora/Jornalista Flávio Tavares em 16/07/2023