MOMO REACENDE ALERTA SOBRE CRIANÇAS E INTERNET
Relatos em redes sociais falam sobre figura macabra que apareceria em canal de vídeo infantis incentivando o suicídio. Plataforma nega
Aparição da personagem Momo, uma boneca de pele pálida e olhos esbugalhados, que aparece em meio a vídeos que supostamente estariam hospedados na plataforma do YouTube Kids, tem sido tema de relatos de pais em redes coo Twitter e Instagram. Em 2018, a mesma personagem foi centro de uma polêmica num desafio online no WhatsApp – quando jovens estariam adicionando aos contatos o número que seria da “criatura” e conversando com ela, recebendo fotos e vídeos com ameaças.
Desta vez, a boneca estaria falando diferentes línguas e deixando mensagens perturbadoras aos pequenos, segundo relatos. Num vídeo que circula em postagens do Twitter, há uma criança brincando com slime e, de repente, aparece Momo ensinando passo a passo, como cortar os pulsos.
Ainda que até o momento não haja provas de que os vídeos estejam realmente na plataforma – GaúchaZH tentou encontrá-los no site, sem sucesso, e o YouTube nega evidências disso – diante da comoção que se criou em redes sociais e grupos no WhatsApp, o Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio no Rio Grande do Sul reforça aos responsáveis para redobrarem a atenção sobre os conteúdos vistos pelos pequenos nas redes sociais.
A reportagem tentou um posicionamento da plataforma, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Em resposta à revista Crescer, o departamento de comunicação do YouTube Kids afirmou: “Ao contrário dos relatos apresentados, não recebemos nenhuma evidência recente de vídeos mostrando ou promovendo o desafio Momo no YouTube Kids. Conteúdo desse tipo violaria nossas políticas e seria removido imediatamente. Também oferecemos a todos os usuários formas de denunciar conteúdo, tanto no YouTube Kids como o YouTube. O uso da plataforma por menores de 13 anos deve sempre ser feito pelo YouTube Kids”.
O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), por meio do Núcleo de Combate a Crimes Cibernéticos (Nucciber), notificou ontem (18 de março) o Google e o WhatsApp para que removam das redes sociais conteúdos que exibam imagens da boneca Momo. Segundo a coordenação do Nucciber, o MP-BA “instaurou procedimento para apurar os fatos relacionados a vídeos possivelmente disponibilizados em plataformas de vídeos e compartilhados em redes sociais com conteúdo direcionado a crianças e uso do personagem”.
Há, ainda, a possibilidade deste fenômeno ser um novo Baleia Azul – suposto jogo que teria se espalhado pelo mundo em 2017, via WhatsApp, e que levaria jovens a realizar uma série de tarefas cada vez mais perigosas, culminando no suicídio. Mais tarde, chegou-se a acreditar que o jogo, amplamente divulgado pelos meios de comunicação, não passava de fake news.
CONTROLE E RESTRIÇÃO DE ACESSO AO CELULAR
A coordenadora do Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio no Rio Grande do Sul, Andréia Volkmer, assistiu a um desses vídeos que circulam por meio das redes sociais. Dentro ou fora da plataforma YouTube Kids, Andréia reforça que os pais são os principais responsáveis pelos conteúdos acessados pelas crianças na internet:
- É preciso que os pais prestem atenção no que os filhos estão fazendo nas redes sociais, não deixando a criança sozinha usando o celular. Não se deve acalmar um bebê, por exemplo, dando um celular para ele brincar. Os pais precisam ter o controle do que é visto pelas crianças. Afinal, outras destas correntes podem surgir sem termos controle.
David Emm, pesquisador de segurança e membro da equipe de pesquisa de uma empresa russa produtora de softwares de segurança para a internet, afirma que o caso Momo é “uma piada maliciosa que pretende chocar usuários”:
- A medida que o mistério em torno do desafio cresce, as chances de mais pessoas setem tentadas a assustar seus amigos ou, mais preocupantemente, usar o meme para assediar e intimidar, aumentam. E as crianças são, muitas vezes, as primeiras a serem expostas ao novo conteúdo que circula na internet, já que fazem buscas e compartilham informações constantemente.
DICAS DE SEGURANÇA
>> Converse regularmente com o seu filho, conscientizando-o sobre como estar seguro online.
>> Entre em acordo com o filho sobre quais sites são apropriados para ele. Ele também precisa saber que pode e deve confiar em um adulto se notar alguma coisa perturbadora enquanto estiver online.
>> Certifique-se de que seu filho entenda que ele não deve fazer aamizade com alguém online que não conhece na vida real ou adicionar números desconhecidos a seus contatos.
>> Ative configurações de segurança – a reprodução automática deve ser desativada, e os controles parentais podem ser instalados para ajudar a evitar que as crianças visualizem conteúdo impróprio.
>> Faça uso de recursos, como mudo, bloqueio e relatório – isso os protegerá de muitos conteúdos nocivos.
>> Nunca compartilhe informações pessoais, como números de telefone e endereços com pessoas que você não conhece.
Fonte: Zero Hora/Sua Vida-Comportamento/Aline Custódio (aline.custodio@zerohora.com.br) em 19/03/2019