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O poder da informação por Adelina Antunes
O poder da informação por Adelina Antunes

          

O PODER DA INFORMAÇÃO

 

Os meios de comunicação sejam eles a televisão, a rádio, os jornais ou mais recentemente a Internet, sempre foram conhecidos pela capacidade de passar informação. De gerar, controlar ou modificar os gostos e interesses de todos e de cada um. Desde as primeiras décadas do século XX que os estudiosos encaram os processos de comunicação de massas como algo digno de estudo e de classificação. Foi assim que surgiram diversas teorias que se debruçaram sobre a relação existente entre os meios de comunicação social, os mass média, e a influência que estes exercem no seio da comunidade.

 

Enquanto na teoria hipodérmica se considerava que as massas podiam ser manipuladas através dos meios de comunicação e a teoria psicológica experimental nos fala de persuasão (WOLF, 1999) outras teorias se desenvolveram apresentando-nos perspetivas diferentes. Paul Lazarsfeld, Bernard Berelson, e Hazel Gaudet em 1944, apresentam-nos a teoria empírica de campo ou “dos efeitos limitados” também conhecida como o modelo teórico de Paul Lazarsfeld, por ela chegamos à conclusão que todo o ser humano é capaz de fazer escolhas. O público não é massivo não se limitando a reagir e os meios de comunicação não possuem o poder hipnótico e alienador que lhe era atribuído. Os efeitos da comunicação são limitados quer no seu aspeto qualitativo quer na vertente quantitativa. As características do meio em que a população está inserida têm peso nas decisões e nas influências que esta sofre ou a que está sujeita mas esta informação é selecionada através de diversos critérios que variam desde o nível cultural ou económico ao meio socioprofissional e familiar em que cada um está inserido.

 

Segundo Lazarsfeld, citado por Wolf, (WOLF, 1999) existem três processos diferentes para saber o que interessa ao público: Análise de conteúdo, saber o que as pessoas ouvem, veem ou gostam e o que as leva a preferirem este ou aquele assunto. Caraterísticas do público, diferentes públicos têm diferentes gostos e apenas o conhecimento das massas permitirá passar uma mensagem que interesse do mesmo modo todos quantos a recebem. Estudo sobre a satisfação, aferir qual o grau de satisfação do publico relativamente à informação que lhe é prestada. Uma análise de conteúdo permite saber o que ou como a informação chega e se agrada ou não a quem a recebe. Neste sentido, e para que a mensagem chegue às massas e possa de algum modo alterar ou influenciar opiniões, decisões ou mesmo modos de pensar ou de atuar é necessário que o emissor saiba a que público se dirige. Quem estará predisposto a mudanças. Quais as influencias que poderão provocar alterações. Como se dirigir a esse público e que sentido dar à mensagem que pretende transmitir.

 

O modelo two-step flow of comunication, abordagem empírica de campo ou dos “efeitos limitados”, contrariamente à teoria hipodérmica que afirmava que a informação passava diretamente dos meios de comunicação para cada individuo e que cada estímulo gerava uma reação, baseia-se no facto da mensagem passar para o individuo através dos líderes de opinião. São estes que, mais informados, mais conhecedores e simultaneamente mais predispostos à mudança irradiam e espalham ideias pela sociedade em que estão inseridos. É por eles, e através deles que a mensagem flui e se dissemina quer seja através de grupos estratégica e/ou socialmente organizados ou grupos informais, como colegas de trabalho, amigos ou mesmo grupos familiares. No entanto e atendendo a que cada individuo possui uma personalidade própria e que nenhum é igual ao outro a mensagem difundida não chega a todos da mesma maneira. Surge assim a necessidade de persuasão que varia de individuo para individuo e que faz com que a mesma mensagem não seja recebida por todos de igual modo. A influência da entidade emissora, o poder de persuasão aliados ao grau de confiança que este detenha perante o público é um fator fundamental na passagem da mensagem e no efeito que esta terá perante o público recetor. A missão dos meios de comunicação passa pois por conhecer os destinatários da mensagem, qual o grau de aceitabilidade que esta terá e quais os métodos de persuasão a utilizar. Quais os efeitos de assimilação ou contraste de cada individuo que a recebe. Quanto mais a mensagem se aproximar dos gostos ou tendências do recetor, mais hipóteses de êxito terá. Paralelamente o efeito dos meios de comunicação, logo do emissor, passam pelo poder de redefinir o problema ou a necessidade do recetor e de os adequar de modo a que este se sinta predisposto a aceitar a mensagem emitida e a transformar as suas necessidades ou opiniões de acordo com o que lhe é transmitido.

 

Através das pesquisas realizadas por Lazarsfeld foi possível concluir que pessoas que trabalham juntas, que partilham os mesmos círculos sociais ou comunitários tendem a ter ideias similares e escolhas idênticas. O convívio, a troca de experiencias e de opiniões é pois um dos meios de disseminação de mensagens, de opiniões, de conceitos. A comunicação interpessoal adquire assim contextos mais elevados e eficazes do que a comunicação feita pelos meios “oficiais”. A tomada de decisão é de facto influenciada pelos meios de comunicação, mas de um modo seletivo e sujeito ao meio em que cada individuo está inserido, aos contactos pessoais que desenvolve e à exposição à mensagem, quer esta exposição seja feita por via direta, através dos meios de comunicação (jornais, revistas, televisões ou mesmo a Internet), ou pelo contacto com outros membros da sociedade com o qual mantém uma relação mais casual, cada individuo funciona não como um ser solitário e individual, mas como um membro de algo maior. Como um grupo socialmente integrado.

 

Em conclusão, os efeitos da comunicação e a relevância a atribuir ao emissor varia muito consoante as características do recetor. Do meio social, profissional e mesmo pessoal em que este se encontra inserido. A mensagem chega até ao recetor, não como um meio condicionante e influenciador da sua tomada de decisão ou de opinião, mas antes como um reforço na sua vontade de mudar. Na sua apetência para assumir novas ideias, novos ideais, novos compromissos. O efeito que a mensagem tem no recetor é limitado. Condicionado pelos conhecimentos que este tem. Pela sua atitude critica. Pelos restantes membros da sociedade com que convive e com os quais partilha conhecimentos e ideias.

 

A informação, o processo comunicativo de massas, é algo de complexo. Condicionado por diversas vertentes que vão desde o campo económico ao social. Que passam pelas disposições psicológicas, económicas e familiares em que cada membro da sociedade está inserido. Que, apesar da pressão que exercem nem sempre alcançam os efeitos desejados pelo emissor.

 

No contexto atual as dificuldades existentes na disseminação da informação, os impactos que esta possa gerar na relação emissor recetor e entre recetor/consumidor de informação sofreram alterações. Com o acesso mais fácil e rápido à informação os líderes de opinião perderam visibilidade. Deixaram de mediar a informação entre o emissor e o recetor que consegue aceder à informação de uma forma muito mais direta e individualizada. A comunicação interpessoal adquiriu novos paradigmas. Já não há a necessidade da existência de um líder que passe a informação. Que esclareça. Que divulgue. O grau de conhecimentos homogeneizou-se e as conversas deixaram de ter o carater líder seguidor, para passar para um contexto muito mais igualitário, de toca de opiniões e não de veiculação de informação.

 

Se a premissa de que a eficácia das comunicações em massa se baseia nas relações sociais e no meio como agem os seus agentes se mantém, já o grau de eficácia e do modo como esta passa para os recetores da mensagem foi alterado. A penetração da mensagem sofreu modificações com o crescente acesso pela massa populacional aos conteúdos informativos. Desde modo a existência de dois níveis de comunicação é posta em causa, pois todo o processo comunicacional foi alterado. A existência de um líder assimilador da informação emitida e posterior disseminador da mesma pelos seus pares perde o sentido.

 

A comunicação, a transmissão de informação deixou de ter o carater linear que determinava os efeitos sociais alcançados pelos meios de comunicação ao mesmo tempo que a seletividade da informação recebida aumentou. O individuo tem acesso a um leque de informação bem mais basto que lhe permite proceder a uma seletividade mais particular, centrada no próprio e nas suas opiniões e não nas orientações emanadas de um líder. Os mecanismos de persuasão deixaram de passar por canais limitados, lideres, para passar para um campo mais generalizado onde cada individuo é um recetor de informação que não se limita a recebe-la e reagir, mas que tem acesso a discutir essa mesma informação. Partilhá-la. Faze-la chegar a outros indivíduos da comunidade que, em pé de igualdade, contribuem para a tomada de decisão. Para a constituição de opiniões. Para a partilha de conhecimentos. Construindo desse modo redes sociais onde o individuo deixa de ser um ser individual para passar a integrar um grupo.

 

  

Bibliografia:

 

 WOLF, Mauro (2009), Teorias da Comunicação (10ª edição), Lisboa, Presença.

 

CASTELLS, Manuel (2005), A Sociedade em Rede (2ª ed.), Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian (originalmente, The Rise of the Network
Society, London, Blackwell, 1996).

 

Two Step Flow Theory. [em rede]. Disponivel em : http://pt.scribd.com/doc/6446504/Lazarsfeld-Theory<br< a=""> />

 Por: Adelina Antunes