O castelo de Almourol - Erguido na água pelo passado, mantido na história para o futuro!
O Castelo de Almourol parece suspenso a meio do rio Tejo, e está localizado num afloramento de granito a 18m acima do nível das águas, o qual é circunscrito por uma pequena ilha de 310 m de comprimento por 75 m de largura. O acesso ao castelo não é possível por via terrestre, sendo necessário um meio de transporte marítimo a fim de visitar o interior das muralhas, o qual é facultado localmente dentro do horário assinalado.
Características
O Castelo de Almourol foi construído em cantaria (pedra rija) de granito e alvenaria argamassada (cimento feito com cal, areia e água), sob uma planta irregular (orgânica) devido ao terreno, dividindo-se em dois níveis: um exterior inferior e outro interior mais elevado.
O primeiro nível acede-se através da entrada principal. Este espaço é circunscrito com muralhas, destacando-se as nove torres altas circulares (quarto equidistantes a oeste e cinco a leste), a “porta da traição” e vestígios de um poço.
O segundo nível é acedido através de degraus e de uma porta, entrando na zona interior mais elevada onde se ergue a torre de Menagem (torre principal) quadrangular. Esta torre é composta por 3 pisos, e contem preservados as sapatas (onde se apoiaria o vigamento de madeira) e uma cruz patesca acima da janela, símbolo adoptado pelos templários. O acesso às muralhas é feito por escadarias, e a comunicação entre as diversas partes do castelo é feita através de várias passagens de cantaria.
História
A sua existência, embora incerta, remonta o período pré-histórico entre romano e medieval, tendo sido ocupado a partir do séc. III por Alanos e Visigodos, e por Muçulmanos a partir do séc. VIII, ao qual denominaram Al-morolan (pedra alta).
Foi conquistado em 1129 por D. Afonso Henriques e denominado Almorolan e entregue à Ordem dos Templários, encarregados do povoamento do território entre o rio Mondego e o Tejo, e da defesa da antiga capital de Portugal, Coimbra.
O castelo foi reedificado, tendo adquirido estilo arquitectónico templário caracterizado por uma planta quadrangular, muralhas elevadas, e torres adossadas com destaque para a torre de menagem com 3 pisos. As obras foram finalizadas em 1171.
O castelo de Almourol tornou-se num ponto estratégico na zona do Tejo para o controlo de comércio de azeite, trigo,carne de porco, frutas e madeira entre as diferentes regiões do território e Lisboa.
Em 1775, a estrutura do castelo foi danificada derivado ao terramoto, vindo a sofrer mais alterações durante o romantismo do séc. XIX. que valorizava as obras do passado à luz de uma visão ideal poética.
O castelo foi entregue na segunda metade do séc. XIX ao exército português, o qual ficou sob a responsabilidade do comandante da Escola Prática de Engenharia de Tancos.
No século XX, o Castelo de Almourol foi classificado como Monumento Nacional de Portugal, foi adaptado para a Residência Oficial da República Portuguesa, no qual foram realizados importantes eventos durante o Estado Novo.
Lendas
Lenda de D. Beatriz e o Moiro
Pelos séculos IX ou X, era dono do castelo um senhor Godo chamado D. Ramiro, casado e tendo uma filha única de nome Beatriz.
Valoroso soldado era, todavia, rude orgulhoso e cruel como a maioria dos senhores de sangue gótico. Ao regressar de uma das suas sortidas de guerra e orgulhoso dos seus feitos que em grande parte se cifravam em inúmeras atrocidades, encontrou já próximo do Castelo duas moiras, mãe e filha, que embora infiéis reconheceu serem lindas como sua esposa e filha, que deixara em seu solar.
Fatigado da viagem e sedento, D. Ramiro interpelou as moiras para que cedessem a água que a mais jovem transportava na bilha.
Assustada pela figura e tom de voz do feroz cavaleiro, a pequena moira deixou que a bilha se lhe escapasse das mãos e quebrando-se, perdeu o precioso líquido que D. Ramiro tanto desejava.
Encolerizado e cego de raiva, este de pronto enristou a lança e feriu as duas desgraçadas que antes de morrerem, o amaldiçoaram. E porque surgisse entretanto um pequeno moiro de 11 anos, filho e irmão das assassinadas o tornou cativo e trá-lo para o Castelo. Chegado que foi a Almourol o moço viu a mulher e a filha de D. Ramiro e jurou fazer nela a sua vingança.
Passaram anos. A castelã adoece e pouco a pouco se foi definhando até morrer, em resultado do veneno que lhe vinha ministrado o cativo agareno.
O desgosto de evento leva D. Ramiro a procurar na luta contra os infiéis, refrigério para a sua desdita e parte confiando a guarda da sua filha ao jovem mouro, que fizera seu pagem, dada a docilidade e cortesia que o mesmo sempre astuciosamente revelara. Aconteceu, porém, que os dois jovens ignorando as diferenças de condições e de crenças, em breve se enamoraram, paixão contra a qual o mancebo lutou desesperadamente mas em vão, dado que tal amor lhe impedia de consumar a sua vingança.
Mas não há bem que sempre dure e o enlevo e a felicidade dos dois jovens são desfeitos pelo regresso de D. Ramiro que se fazia acompanhar por outro castelão, a quem prometera a mão de sua filha.
O moiro, então alucinado e perdido, contou tudo a Beatriz as crueldades do pai, as promessas de vingança o envenenamento da mãe e a luta que travara entre o amor e o juramento que fizera.
Não se sabe o que se seguiu a esta confissão. Diz entretanto a lenda, que Beatriz e o moiro desapareceram sem que mais houvesse notícias deles. E D. Ramiro, cheio de remorsos e de desgosto morreu, pouco depois, ficando abandonado o Castelo, Conta a lenda que em certas noites de luar se vê o moiro abraçado a D. Beatriz e de Ramiro a seus pés, a implorar clemência sempre que o moiro solta a palavra "maldição".
Deste modo o viajante que por ali deambule, não deverá se surpreender se, em certas noites de luar, vir passar por entre as ameias as vestes brancas dos templários com a cruz de sangue sobre o peito de D. Beatriz e o moiro unidos por um abraço eterno. Talvez consiga ouvir mesmo, por entre o rumorejar das águas, os soluços de D. Ramiro.
Lenda de Almorolon
No século XII era senhor de Almorol um emir árabe chamado Almorolon, do qual pretendem alguns que o Castelo tomou o nome.
Nele habitava um moiro com uma filha, formosíssima donzela que adorava.
Quiseram os fados que a bela jovem se enamorasse dum cavaleiro cristão, a tal ponto que a paixão lhe revelou o modo e a arte de o introduzir de noite no Castelo a que se habituara, em repetidas incursões amorosas, franquear a porta deste a companheiros seus que perto embuscados aguardavam.
E assim foi o Castelo traiçoeiramente conquistado. Mas desiludida e triste vitória foi esta, que o emir e sua filha, estreitamente abraçados, lançaram-se das muralhas do castelo ao rio, preferindo tal morte ao cativeiro resultante de tão vil derrota.
Lenda do Assalto ao Castelo
Ao Castelo vieram ter as princesas Miraguarda e Polinarda, com as suas donas e donzelas a que o gigante Palmeirim de Inglaterra deu hospitalidade e as tratou com a maior das atenções ainda que as tivesse suas prisioneiras.
Não tanto pela bela Miraguarda, essa que a natureza fez estremeada de bem parecer e formosura, mas antes pela sua dama Polinarda, Palmeirim tenta raptá-las e salta para a esplanada do castelo.
Mas aí estava o Cavaleiro Triste, vencedor dos maiores campeões daquela época e que era apaixonado porMiraguarda.
Desafiando Palmeirim para um passo de armas, o feriu tendo Palmeirim de ser curado das suas feridas em uma vila a 3 Km do Castelo.
Entretanto o Gigante Dramusiando que anteriormente Palmeirim vencera, convertido à fé cristã se fizera seu amigo e companheiro, tendo notícias de grandes forças de Almourol quis medi-las com ele e venceu. Dramusiando ficou então senhor do Castelo e desde então ficou de guarda às princesas, obrando maravilhas de força e valor.