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O Último Cine Drive-In: de Iberê Carvalho
O Último Cine Drive-In: de Iberê Carvalho

UM TRIBUTO CINÉFILO.

 

O longa-metragem brasileiro “O Último Cine Drive-In” chegou aos cinemas alguns dias após ter recebido quatro Kikitos no Festival de Cinema de Gramado 2015:  melhor Atriz Coadjuvante para Fernanda Rocha, Melhor Ator para o estreante maranhense Breno Nina, Direção de Arte e Júri da Crítica.  A história, dirigida por Iberê Carvalho (DF), acompanha um filho (Nina) que leva a mãe, Fátima (Rita Assemany), a Brasília, para um tratamento de saúde em um hospital.

 

No desenrolar deste drama, ele vai reencontrar o pai, Almeida (Othon Bastos), dono do último cine drive-in do Brasil.  E encontra o espaço ainda funcionando, mas em seus últimos suspiros.  Almeida insiste em manter vivo este tipo de cinema que já não atrai mais espectadores como na década de 70.  Com a ameaça de demolição do local e o agravamento da doença de Fátima, pai e filho precisam resolver questões do passado para arrumar o Cine Drive-In para uma visita de Fátima, que manifesta o desejo de vê-lo.

 

O drama é repleto de referências à história do cinema, seja por filmes antigos, seja em cartazes, latas de película, projetores e até o nome do protagonista:  Marlombrando – escrito assim mesmo, em alusão ao ator Marlon Brando (1924-2004).  Não apenas os espaços destinados à audiência ao ar livre ou em carros estão em crise, mas a história nos faz lembrar de muitas salas de cinema de rua que também tiveram um fim melancólico.  As formas mais recentes de se assistir a um filme, seja na televisão ou seja em streaming, se sobrepõem, com tecnologias cada vez mais apuradas, ao coletivo de ir ao cinema.  Tudo isso carrega o filme com um ar nostálgico.  A doença da mãe, que se revela terminal, serve como metáfora para este encerramento de ciclo.

 

O júri da Crítica de Gramado justificou da seguinte forma o seu prêmio, ressaltando “a singeleza com que aborda o poder transformador do cinema, tanto como linguagem quanto como ritual”.  O filme pode não ter inovações ou arroubos em termos de roteiro, mas sua narrativa busca o diálogo com o público e passeia entre o drama e a comédia, resgatando uma forma de exibição cinematográfica.  Dentro desta proposta, ficou perfeita a escalação de Othon Bastos, um ator icônico do cinema nacional desde que atuou em filmes como “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha (1964).  É um filme-homenagem.

 

 

Fonte:  Correio do Povo/caderno de Sábado/Adriana Androvandi-22/08/2015.