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Parnasianismo
Parnasianismo

PARNASIANISMO

 

No final do século XIX, enquanto na prosa vigorava o Realismo, na poesia surgiu um estilo chamado Parnasianismo.

 

A VALORIZAÇÃO DA FORMA

O Parnasianismo rejeitou a linguagem coloquial do Romantismo e valorizou o cuidado formal do poema, isto é, o trabalho paciente com a linguagem em busca de palavras raras, rimas ricas e a observação rigorosa das regras de composição poética.  Essa postura parnasiana pode ser bem percebida nestes versos de Olavo Bilac:

                        “Invejo o ourives quando escrevo:

                                   Imito o amor

                        Com que ele, em ouro, o alto relevo

                                   Faz de uma flor.

                        ...........................................................

                        Torce, aprimora, alteia, lima

                                   A frase; e, enfim,

                        No verso de ouro engasta a rima,

                                   Como um rubim.

                        Quero que a estrofe cristalina,

                                   Dobrada ao jeito

                        Do ourives, saia da oficina

                                   Sem um defeito.”

 

Observe que o eu lírico afirma invejar um ourives, isto é, alguém que se dedica a um trabalho paciente, minucioso e delicado.  Acentua a importância da escolha das palavras precisas, do cuidado com as frases e realça o “polimento” dos versos, para que o poema se torne uma espécie de objeto precioso e belo, semelhante a uma joia.

 

Mas essa supervalorização da forma acabou fazendo com que muitos parnasianos transformassem a poesia numa exibição de técnica em prejuízo do conteúdo.

 

O gosto pelas cenas descritivas inspiradas na Antiguidade grega e romana foi uma das características do Parnasianismo.  Observe, nestes versos, a linguagem preciosa do poeta:

                       

                        Quase em Corinto. As velas esquisitas,

                        Purpúreas velas de real trirreme,

                        Pandas ondulam; a água escura freme

                        E ouve-se a espaço a voz dos talamitas.

                                                                       Alberto de Oliveira.

 

O Parnasianismo teve muitos adeptos no Brasil, ao contrário do que ocorreru em Portugal, onde o movimento praticamente não existiu.  A inspiração inicial do movimento veio da França, de uma antologia poética intitulada O Parnaso contemporâneo, publicada em 1866.  Parnaso era o nome de um monte, na Grécia, consagrado a Apolo (deus da luz e das artes) e às musas (entidades mitológicas ligadas às artes).

 

Considera-se como marco inicial do Parnasianismo no Brasil, o livro de poesias Fanfarras, de Teófilo Dias, publicado em 1882, em jornais cariocas, um ataque à poesia do Romantismo, gerando uma polêmica em versos que ficou conhecida como a Batalha do Parnaso.

 

Os principais poetas do Parnasianismo foram:

  • Alberto de Oliveira: autor de Canções românticas, Meridionais, Sonetos e poemas, Versos e rimas.
  • Raimundo Correia: autor de Primeiros sonhos, Sinfonias, Versos e Versões, Aleluias, Poesias.
  • Olavo Bilac: autor de Via Láctea, Sarças de fogo, Alma inquieta, O caçador de esmeraldas, Tarde.
  • Vicente de Carvalho: autor de Ardentias, Relicário, Rosa, Rosa de amor, Poemas e canções.

 

OLAVO BILAC

A poesia de Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918) apresenta várias temáticas.  Na linha tipicamente parnasiana, escreveu sobre cenas da Antiguidade romana e grega, como, por exemplo, “A sesta de Nero”, em que se destaca o preciosismo da linguagem:

                        “Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,

                        O palácio imperial de pórfiro luzente

                        E mármor da Lacônia. O teto caprichoso

                        Mostra, em prata incrustado, o nácar do Oriente.”

 

Tratou de fatos da história brasileira, como em “O caçador de esmeraldas”:

                        “Fernão Dias Paes Leme agoniza. Um lamento

                        Chora longo, a rolar na longa voz do vento.

 

                        Transmonta fulvo o sol. E a natureza assiste,

                        Na mesma solidão e na mesma hora triste,

                        À agonia do herói e à agonia da tarde.”

 

Nem sempre, porém, o poeta manteve-se tipicamente parnasiano.  Sua poesia amorosa e sensual expressa-se em versos vibrantes, plenos de emoção:

                        “Quero um beijo sem fim,

                        Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!

                        Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!

                                   Beija-me assim!

                                   O ouvido fecha ao rumor

                        Do mundo, e beija-me, querida!

                        Vive só para mim, só para a minha vida,

                                   Só para o meu amor!”

 

No livro Alma inquieta, surgem poemas em que predomina o tom meditativo e melancólico, que será a tônica de seu último livro, Tarde, no qual é constante a preocupação com a morte e o sentido da vida:

                        “Talvez haja na morte o eterno olvido,

                        Talvez seja ilusão na vida tudo..

                      Ou geme um deus em cada ser ferido...

                        Não afirmo, não nego. É vão o estudo.

                       Quero clamar de horror, porque duvido

                       Mas, porque espero, - espero e fico mudo.”