LER E COMPREENDER, EIS A QUESTÃO!
Os números frios das estatísticas mostram que entre os jovens, um em cada quatro sai do Ensino Fundamental sem condições de compreender o que lê e de executar operações matemáticas exigidas no dia a dia. São os chamados analfabetos funcionais. O florescimento da Feira do Livro de Porto Alegre, junto às brotações primaveris dos jacarandás da Praça da Alfândega, é uma oportunidade para fazer um balanço do papel das políticas públicas voltadas ao livro e à leitura na vida cotidiana das pessoas.
Ao levarmos em consideração a pesquisa sobre os Usos do Tempo Livre e Práticas Culturais dos Porto-Alegrenses, do Observatório da Cultura de Porto Alegre, constatamos que o hábito de leitura é cultivado por um terço (35,2%) dos entrevistados, que afirmaram ter lido pelo menos um livro, inteiro ou em parte, nos últimos três meses.
Já na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope para o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, podemos escolher, entre fartas opções, dois números. Para 67% da população, não houve uma pessoa que incentivasse a leitura, saltando aos olhos o papel do mediador. O outro número, embora modesto, aponta que em 2011 os leitores eram 50% da população e em 2016 já somos 56%. É pouco? Parece pouco? Qual seria o número ideal?
Independentemente dessas respostas, Porto Alegre, por intermédio da Secretaria da Cultura, oi a primeira capital brasileira a instituir o Plano Municipal do Livro e da Leitura. Com ele, vieram os projetos de contação de histórias, feiras mensais de troca de livros, publicações e parcerias como o projeto Bibliotáxi, que já registra mais de 25 mil livros distribuídos e a permanente integração com a Câmara Rio-Grandense do Livro na incansável e fértil tarefa de encarar essa página escrita todos os anos na Praça da Alfândega.
Para nós, da Secretaria da Cultura, e nossos parceiros de todas as horas, promover o livro e a leitura é um compromisso permanente. Se depender do nosso esforço, do nosso trabalho e dos nossos sonhos, esse tema do analfabetismo funcional será mais uma daquelas histórias que começam sempre com... Era uma vez...
Fonte: ZeroHora/Roque Jacoby/ex-Secretário da Cultura de Porto Alegre em 28/10/2017.