É PROIBIDO REPROVAR
“Meu Deus, onde vamos parar!” Na última semana, ouvi essa frase em todos os rincões de nosso Estado, durante as reuniões realizadas pelo Sinepe/RS em nove regiões do Rio Grande do Sul. Não importava o local, a indignação dos diretores das escolas era a mesma. A revolta é com o recente parecer do Conselho Estadual de Educação (CEEd) que proíbe a reprovação de alunos até o 3º ano do Ensino Fundamental, no chamado bloco pedagógico. Sei que a criança tem seu tempo de aprendizagem, mas não cabe ao estado determinar, em nome de sabe se lá o que, que não se pode mais reprovar alunos. Será que em breve também será proibido reprovar alunos em todo o Ensino Fundamental, depois no Ensino Médio e, por fim, no Ensino Superior?
Não estou aqui defendendo a reprovação, mas, sim, o direito de a escola, em seu colegiado, composto por professores, pedagogos e direção, decidir se um aluno tem condições ou não de seguir para o ano seguinte. Trata-se de uma ação opressora de nosso Conselho sobre a autonomia da escola.
A NORMA FERE A AUTONOMIA DE ESCOLA E SERÁ UM RETROCESSO PARA O ENSINO. E se, para determinado aluno, em função de seu tempo de aprendizagem e seu melhor desenvolvimento, é melhor permanecer mais um ano frequentando a mesma série, por que obrigá-lo a seguir em frente?
Pela média nacional, 50% das nossas crianças são analfabetas quando terminam o terceiro ano do Ensino Fundamental. Impedir que alunos sejam reprovados não vai melhorar esse número. Não podemos silenciar frente a uma norma que determina que nossas crianças sejam promovidas para o ano seguinte sem que necessitem apresentar resultados palpáveis de aprendizagem.
No ano passado, o Sinepe/RS se insurgiu contra a norma que proibia a expulsão de alunos, por entender que é necessário dar limites para nossos jovens, não por ser a favor de expulsão. Agora, trazemos essa questão para a sociedade gaúcha, a pedido de diretores de todo o Estado, não por sermos favoráveis à reprovação, mas por acreditarmos que a norma fere a autonomia de escola e será um retrocesso para o ensino.
Fonte: ZeroHora/Bruno Eizerik (Presidente do Sindicato do Ensino Privado do RS-Sinepe/RS) em 17/10;2015.