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FILME ESPANHOL ILUMINA A IDEALIZAÇÃO DO AMOR
Em seu processo de evolução, o ser humano encontrou na manifestação artística a forma de racionalizar sentimentos como o amor e a paixão. Com isso, tomou forma a idealização das relações afetivas que, por parecer inalcançável na vida real a muitas pessoas, gera angústia e frustração. Esse é um dos debates presentes em A ACADEMIA DAS MUSAS, impactante filme espanhol.
O diretor catalão José Luis Guerín propõe um exercício cinematográfico ambicioso em seu embaralhamento entre documentário e ficção. Simples em sua estrutura e complexo na engrenagem que escrutina, nesse campo das relações afetivas, o espelhamento entre o real e seu simulacro.
A ACADEMIA DAS MUSAS tem como personagem central o napolitano Raffaele Pinto, professor de filosofia italiana na Universidade de Barcelona. Ele conduz um projeto pedagógico com um grupo de alunas que analisa a relação dos grandes poetas com as musas inspiradoras de suas criações. A dinâmica dos debates lança teses e antíteses. Invenção da literatura, o conceito de amor não fantasia expectativas desmanchadas na realidade? A inveja e o ciúme são sentimentos que mostram resíduos animalescos impulsionados por disputas territoriais, como diz o mestre? O olhar recorrente sobre as musas, por ser predominantemente masculino, não estaria contaminado por relações de poder sem lugar no mundo contemporâneo, como observam as alunas?
Entre questões e certezas levantadas em aula, Raffaele Pinto é levado a problematizar seu conhecimento na prática, no relacionamento que tem com uma das alunas e no confronto com sua mulher (vivida pela filóloga catalã Rosa Delor). Cabe a esta, diante da infidelidade do marido, colocar em um plano terreno arrazoados teóricos complexos e humanizar a discussão. Acaba sendo Rosa a grande personagem do filme.
TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=aMkMvnXhW3A
Fonte: Zero Hora/Segundo Caderno/Marcelo Perrone (marcelo.perrone@zerohora.com.br) em 26 de junho de 2016.