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Os Mestres do Pensamento do Século XX
Os Mestres do Pensamento do Século XX

MESTRES DO PENSAMENTO DO SÉCULO XX

 

Na hierarquia dos diplomas, doutor é mais do que mestre.  Na escala dos elogios, mestre está no topo.  A lista dos grandes mestres pensadores do século XX é longa e fascinante.  Qualquer escolha peca por exclusão.  Escolhemos seis:  LUDWIG WITTGENSTEIN, WALTER BENJAMIM, GEORGES BATAILLE, GILLES DELEUZE, MICHEL FOUCAULT E JACQUES DERRIDA.  Poderiam ser outros:  GEORGE SIMMEL, BERTRAND RUSSELL, JEAN-FRANÇOIS LYOTARD, HANNAH ARENDT, JEAN BAUDRILLARD e mais uma conste4lação de mentes brilhantes que já se foram.  Noutra edição, já destacamos intelectuais do século XIX e do XX:  FRIEDRICH NIETZSCHE, MARTIN HEIDEGGER, CARL GUSTAV YUNG, CHARLES SANDERS PEIRCE e THEODOR ADORNO.  Qual o critério?  Admiração, influência, gosto, impacto, rastros nos dias de hoje, fontes de inspiração, objetos de citação e pesquisa.

 

Pode alguém duvidar da influência de Wittgenstein, Bataille, Deleuze, Benjamin, Foucault e Derrida?  Wittgenstein pensou os limites da linguagem e da filosofia.  Deleuze refletiu como poucos sobre o desejo.  Foucault desvendou as relações entre poder, verdade, disciplina, controle e história.  Benjamin abriu as entranhas da modernidade.  Bataille, entre escritor e pensador, abordou as fronteiras mais obscuras da sexualidade, do consumição da despesa social.  Derrida ensinou-nos a desconstruir.  Em Paris, segui as aulas de grandes mestres:  MICHEL MAFFESOLI, CORNELIUS CASTORIADIS, PIERRE BOURDIEU, UMBERTO ECO e JACQUES DERRIDA.  Tomei gosto pela desconstrução, pelo imaginário e pela análise dos textos encobertos.

 

A influência de Jacques Derrida (1930 – 2004) nas universidades americanas é estratosférica.  Intelectual francês mais traduzido no mundo nas últimas décadas, professor visitante em dezenas de universidades pelo mundo, autor de quase uma centena de livros, Derrida está na base do multiculturalismo, da diferença, da diversidade e da pós-modernidade.  A desconstrução é uma forma de leitura que faz aparecer o que se esconde por trás do que é dito.  Traz à tona contradições, paradoxos, aporias e conflitos sufocados.  O pensamento de Derrida é t~/ao devastador que pode ser tomado pelos leigos por uma impostura.  O senso comum sofre tal abalo que pode transformar em ignorância o saber que o coloca de cara na terra.

 

Numa entrevista que fiz com Derrida, ele precisou:  “A desconstrução é uma radicalização, embora eu não goste desta palavra que sugere um retorno a algo de enraizado, enquanto a desconstrução é sempre uma crítica dos esquemas fundamentalistas”.  Ainda mais:  “A desconstrução supõe a referência à justiça, que não é o Direito”.  Pode-se trocar a palavra justiça por justeza.  A desconstrução busca o justo por trás da distorção.  Nunca esquecerei as aulas de Derrida.

 

Nesta edição, Philippe Joron, Fernanda Bruno, Erick Felinto, Henrique Antoun e Nythamar Oliveira dissecam os pensadores que escolhemos para este corte abrupto na cadeia do pensamento.  Já não se pode praticar o artigo Wikipédia em cadernos de cultura.  Os tempos são outros.  Mais instigantes.  É preciso ir direto ao cerne.  Todo pensamento tem dobras.  É nelas que se abriga o que deve ser visto.

 

Fonte:  Correio do Povo – CS Caderno de Sábado/Juremir Machado da Silva) em 17 de outubro de 2015.