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Língua: Visões Formalista e Funcionalista
Língua: Visões Formalista e Funcionalista

 

LÍNGUA - VISÃO FORMALISTA E VISÃO FUNCIONALISTA.

 

Quando pensamos na Linguística moderna, dois grandes nomes vêm à nossa mente: Ferdinand de Saussure e Noam Chomski, cujas ideias marcaram os estudos linguísticos do século XX.

 

A publicação do Curso de Linguística Geral, de Ferdinand de Saussure, é considerada um marco para a Linguística moderna. A partir da obra póstuma do linguista suíço, foi possível que os estudiosos da linguagem utilizassem uma metodologia adequada, ao descrever e analisar os elementos formais de uma língua.

 

A visão de língua como um sistema autônomo serve como base para os estudos estruturalistas que caracterizam os trabalhos da Linguística nessa época. Desse modo, entendia-se a língua como um sistema, ou seja, um conjunto de elementos organizados, constituindo um todo. A partir disso, cabia aos linguistas analisar sua estrutura, ou seja, a organização estrutural da língua.

 

Pode-se dizer que os estruturalistas tomam como foco a “língua”, deixando de lado a “fala”. A partir daí surgem muitos estudos preocupados em investigar aspectos fonéticos, fonológicos e sintáticos da língua, esquecendo as questões semânticas e pragmáticas.

 

Língua X Fala

 

Apesar da grande projeção do estruturalismo do século XX, não podemos nos esquecer que houve críticas a essa corrente, em especial a algumas dicotomias saussurianas. Dentre essas críticas, destacamos a que o linguista Eugênio Coseriu fez à dicotomia língua x fala, propondo a tripartição sistema x norma x fala, contemplando, desse modo, a variação linguística.

 

No final da década de 1950, a Linguística moderna passou por outra grande transformação.

 

As ideias de Noam Chomsky, com o Gerativismo, foram importantes para mudar a postura behaviorista sobre a aquisição da linguagem que ainda estava em vigor. A essência do pensamento de Chomsky consiste na ideia de que os comportamentos linguísticos são parcialmente determinados pela mente/cérebro, ou seja, temos uma capacidade inata para desenvolver uma língua.

 

Desse modo, busca-se investigar os “universais linguísticos”. Apesar da aparente diferença entre as línguas do mundo, há princípios gerais para a capacidade de linguagem, que devem ser o objeto de estudo da Linguística.

 

Como há uma série de refinamentos teóricos, o Gerativismo é tratado como um programa de investigação, como um verdadeiro empreendimento nos estudos linguísticos. Em sua metodologia de estudos, Chomsky recorreu à lógica, entendendo “as gramáticas como sistemas formais especialmente construídos para gerar todas e apenas as sentenças bem formadas de uma língua e nenhuma outra”. (ILARI, 2009, p. 85).

 

Ao compararmos Saussure e Chomsky, podemos chegar a algumas diferenças, as quais destacamos a seguir.

 

Sobre o objeto de estudos da Linguística: para Saussure, a “língua” deve ser o objeto de estudos da Linguística. Chomsky afirma que a Linguística deve se ocupar com a investigação da “competência”, ou seja, da capacidade que os falantes têm de produzir os enunciados linguísticos.

 

Sobre a metodologia: como o interesse está na capacidade que o falante tem de produzir, brilhantemente, enunciados linguísticos, para Chomsky vale investigar não só o que o falante, de fato, produz, mas aquilo que potencialmente pode ser produzido por ele, o que supõe a existência de algo anterior à língua, foco da linguística estrutural.

 

Sobre os objetivos: Com Chomsky, a Linguística passa a ser menos descritiva e mais teórica. Como afirma Borges (2009, p. 100), “não se trata mais, como no estruturalismo, de descrever os dados que se revelam à percepção dos linguistas, mas trata-se de encontrar princípios gerais a partir dos quais as descrições dos dados observáveis possam ser logicamente derivadas. Com Chomsky, assume-se na linguística a prioridade do teórico sobre o empírico.”

 

De todo modo, apesar das diferenças entre o Estruturalismo e o Gerativismo, podemos dizer que essas duas teorias se enquadram, segundo o pensamento linguístico, na corrente formalista, que se opõe à corrente funcionalista.

 

Formalismo x Funcionalismo.

Podemos dizer que há duas grandes correntes do pensamento linguístico: o formalismo e o funcionalismo. Diferentemente dos funcionalistas, os formalistas acreditam que a análise da forma linguística é mais importante do que a função que esse elemento desempenha.

 

Segundo Neves (1997, p. 40), o polo formalista tem seus maiores expoentes no estruturalismo norte-americano (BLOOMFIELD, HARRIS e outros) e, em um sentido menos rigoroso, no gerativismo de Noam Chomsky. Já o funcionalista tem seus representantes na Escola de Praga e nos modelos de gramática de Halliday e Dik.

 

Vejamos o quadro abaixo, em que Neves (1997) resume a síntese de Dik (1987) sobre a distinção entre o paradigma formal e o paradigma funcional:

 

A análise do quadro apresentado permite-nos refletir sobre o modo como os conceitos de língua, linguagem e gramática são concebidos segundo a abordagem funcionalista e a abordagem formalista. Em termos gerais, para os formalistas, a língua é vista como “um objeto autônomo, cuja estrutura independe de seu uso em situações comunicativas reais” (MARTELOTTA; AREAS, 2003, p. 20).

 

Por outro lado, segundo a visão funcionalista, a língua, por ser um instrumento de comunicação, está sujeita a pressões das diferentes situações comunicativas em que os falantes se encontram e é isso que determina sua estrutura gramatical.

 

TEORIAS LINGUÍSTICAS

Análise de Discurso – é “a parte da linguística que determina as regras que comandam a produção de sequências de frases estruturadas. (...) A Análise de discurso de linha francesa tem como objetos essenciais a relação do falante com o processo de produção das frases (enunciação) ou a relação do discurso com o grupo social a que ele se destina.” (DUBOIS et al., 2006).

 

Análise da Conversação – teve início da década de 1960, com o predomínio de estudos organizacionais da conversa. Atualmente, ocupa-se de investigar os elementos linguísticos, paralinguísticos e socioculturais que devem ser partilhados para que a interação seja bem-sucedida. (cf. MARCUSCHI, 2003).

 

Linguística Aplicada – “em sua origem, a linguística aplicada tem sua atuação voltada para o ensino de línguas, especialmente de línguas estrangeiras, buscando, para isso, subsídios de teorias referentes à linguagem, sejam elas provenientes da linguística, da filosofia da linguagem ou de qualquer outra área afim. (...) É uma abordagem multidisciplinar para a solução de problemas associados à linguagem.” (CUNHA et al. 2009, p. 27).

 

Psicolinguística – “é o estudo científico dos comportamentos verbais em seus aspectos psicológicos.” (DUBOIS et al. 2006) O termo sugere que se trata de um campo interdisciplinar para o qual colaboram a Psicologia e a Linguística. Objetiva o estudo da relação entre linguagem e cérebro; linguagem e pensamento; os sistemas de processamento mental da linguagem; o processamento do texto; aprendizagem de atividades (escrita/leitura).

 

Neurolinguística – “é a ciência que trata das relações entre as perturbações da linguagem (afasias) e os prejuízos das estruturas cerebrais que elas implicam.” (DUBOIS et al., 2006). É a área da

 

Linguística preocupada em analisar a perda da linguagem.

 

A partir do que vimos, podemos refletir sobre o quanto o conhecimento da Linguística e das suas áreas de investigação é fundamental à formação do professor de línguas.