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A Historiografia Romana e a Crítica Moderna
A Historiografia Romana e a Crítica Moderna

A ATIVIDADE INTELECTUAL

 

A HISTORIOGRAFIA ROMANA E A CRÍTICA MODERNA

 

A historiografia latina tem suas raízes nos calendários (fastos) organizados pelos sacerdotes romanos, nos anais dos magistrados (libri magistratum) e nos arquivos particulares das famílias nobres.  Fortemente influenciada pelas ideias e métodos gregos, a historiografia romana  ressentiu-se, contudo, de erros tendenciosos e falsificações.  O romano não era um homem dedicado à livre especulação filosófica ou à indagação histórica;  era principalmente um individuo de grande senso prático, quase sempre patriota e, às vezes, moralista.  Daí as lacunas existentes no conhecimento atual dos tempos primitivos de Roma.  As informações históricas legadas à posteridade constituem muitas vezes simples ficções com a missão bem definida de enaltecimento  das instituições latinas.

 

Os primeiros historiadores romanos escreveram em grego.  Apenas alguns fragmentos de suas obras chegaram até os nossos dias.  É lamentável também que estejam fragmentadas as chamadas “Origenes” de Catão, história do povo romano desde a fundação da cidade até a guerra lusitana (151 a.C.).  Temos, no entanto, uma fonte muito útil para o conhecimento das épocas mais remotas da história romana no “Tratado do Estado”, de Cícero.

  

Na época de Cícero dois historiadores merecem uma referência especial:  César e Salustio.

 

Caio Júlio César (101-44 a.C.) é o autor dos Commentarii De Bello Gallico e dos Commentarii de Bello Civili.  Os primeiros constituem uma narração de suas conquistas na Gália e são evidentemente superiores aos segundos que deturpam, em seu favor, os acontecimentos principais de sua luta contra Pompeu.

 

Caio Salustio Crispo (86-34 a.C.) é o autor de duas monografias famosas:  De Conjuratione Catilinae e De Bello Jugurthino.  Seu estilo é claro, porém domina em sua obra a parcialidade.

            

O grande nome da historiografia romana é o de Tácito (55-120 d.C.).  Tácito é o mais famoso dos historiadores romanos,  e também um dos grandes mestres da PROSA latina.   Em seis Anais e em suas Histórias descreve os acontecimentos do I século a.C., pretendendo justificar os desastres então sofridos, com a cólera dos deuses irados pela decadência moral dos romanos.  Sua obra mais interessante é certamente Germania, a primeira descrição que temos dos bárbaros da Europa Central.

 

Depois de Tácito há uma acentuada decadência na historiografia romana.  Até a Idade Média continuou-se a repetir o que já fora pesquisado, mas sem o brilho de Tito Lívio ou a agudeza de Tácito; e com as invasões bárbaras novos temas dispersaram as vistas e as indagações dos registradores de fatos.

 

A historiografia moderna encaminhou-se em um sentido bem diverso do seguido pelos escritores antigos.  As fontes literárias foram cada vez mais ofuscando-se diante das descobertas de manuscritos, atas, documentos, etc.

 

Historiadores modernos como Mommsen, Niebühr, Rostvozeff, Carcopino, Friedlander, Koch, Homo e Bloch corrigiram as deturpações da historiografia antiga de sentido pragmático ou épico.  Escavações cientificamente realizadas e exaustivos trabalhos de análise histórica possibilitaram ao estudioso moderno uma gama infinita de preciosas informações sobre Roma e sua admirável organização, restaurando com aceitável exatidão as ideias, os fatos e os problemas que constituíram o corpo e a alma da poderosa civilização latina.