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A Civilização Muçulmana
A Civilização Muçulmana

 

A IDADE MÉDIA ORIENTAL

 

A CIVILIZAÇÃO MUÇULMANA

 

O MEIO FÍSICO E O POVO

 

A Arábia é uma das penínsulas asiáticas situadas no Oceano Índico.  Região de escassos recursos, de clima extremamente seco, com grandes áreas desérticas, só oferece condições próprias para a vida humana na região costeira do mar Vermelho, especialmente no Iêmen e no Hedjaz.

 

Desde tempos remotos, a Arábia já estava povoada por tribos de raça semítica.  As tradições árabes referem-se a Ismael, filho de Abraão, como fundador do povo árabe.

 

Os habitantes de cidades como Meca e Iatreb eram comerciantes e pequenos artesãos.  Os beduínos que geralmente habitavam as regiões desérticas, eram seminômades e alternavam o cuidado de seus rebanhos com a guerra e a pilhagem.

 

A família submetia-se à autoridade patriarcal do Xeque (sheik) e em tempo de guerra os homens de uma mesma tribo combatiam sob as ordens de um chefe comum – o emir.

 

A RELIGIÃO E A UNIDADE DO POVO ÁRABE

Maomé (em árabe Mohammed) foi o criador de uma nova fé que modificaria profundamente o destino do povo árabe.

 

Nasceu na cidade de Meca e pertencia à tribo dos coraixitas, guardiães do templo da Caaba, onde se encontrava uma pedra preta, sagrada, que teria sido enviada milagrosamente pelo céu.  Segundo os mitos árabes, essa pedra, a princípio branca e brilhante, havia se tornado preta pelos pecados dos homens.  A religião dos árabes, antes da reforma maometana, aceitava a existência de gênios invisíveis, os DJINS, que controlavam e intervinham em toda a atividade humana.

 

Tento ficado órfão muito cedo, Maomé, para ganhar a vida, fez-se pastor e depois condutor de camelos.  Aos vinte e cinco anos, casou-se com uma rica viúva, Cadidja, e transformou-se em abastado comerciante; um homem comum dominado pelas ideias de seu meio social.  Maomé, porém, era de natureza altamente emocional e dizia ter visões que lhe chegavam do céu.  O contato que teve com cristãos e judeus contribuiu poderosamente para a nova religião que fundou.  Grande parte dos ensinamentos do CORÃO, livro sagrado dos muçulmanos (Nome pelo qual eram conhecidos os primeiros partidários de Maomé.  Insurgindo-se contra a religião dominante, foram a princípio perseguidos e encarcerados.), é derivada das doutrinas do Antigo Testamento, como o monoteísmo, a proibição da usura, da adoração das imagens e da ingestão de carne de porco.  Maomé considerava o Novo Testamento um livro inspirado por Deus, e Jesus, um dos maiores profetas.  O juízo final, a ressurreição dom corpo, a crença nos anjos, admitidos por Maomé, evidenciam a influência cristã.  O Corão, no entanto, é um complicado sistema de regulamentação de festas, absolvições e preces.  Acha-se dividido em 114 suras ou capítulos e estes em versículos.

 

Na religião fundada por Maomé, que recebeu o nome de “islamismo” (em árabe a palavra significa “abandono à vontade de Deus”), era permitida a poligamia e exigia-se do crente que fizesse cinco preces diárias, que desse esmolas aos pobres e que guardasse total abstinência durante o mês sagrado do Ramadã.

 

O islamismo pregado nos primeiros tempos era um credo democrático e tolerante.  Todos os homens seriam iguais perante Alá e os cristãos e judeus poderiam salvar-se.  Profunda mudança operou-se, porém, com o desenvolvimento do credo islamita.  Tornou-se uma religião guerreira e juntamente com a máxima suprema LA ILLA ALLAH, MOHAMMED RASUL ALLAH (Só Alá é Deus e Maomé é seu profeta) o Islã passou a admitir que a espada fosse a chave do paraíso e que todo aquele que caísse no campo de batalha, na luta pelo Islã, teria os pecados perdoados.

  

A CULTURA ÁRABE

A arte muçulmana expressou-se fundamentalmente na arquitetura e na literatura.

 

A arquitetura sofreu grande influência persa e bizantina.  Os monumentos mais importantes eram praticamente as mesquitas, edifícios luxuosamente decorados com caracteres contendo sentenças do Corão, figuras geométricas, plantas e flores, formando os chamados arabescos.  A representação de figuras humanas ou de animais era proibida.

 

Entre os poetas árabes destacou-se Muttanabi, que viveu nos fins do século X, porém é mais conhecido Omar Kayyaam, de origem persa (1048 ?-1124 ?), autor do famoso “Rubaiyat”.

 

O mais famoso exemplo da prosa muçulmana é a coleção de histórias denominadas “Mil  e uma noites”, que reúne fábulas, histórias de aventuras, anedotas e contos familiares, geralmente reflexos da vida requintada do califado de Bagdá.

 

Entre os historiadores árabes, destaca-se Ibn Khaldoun, que tem sido classificado como um dos principais filósofos da História.  Para ele, os fatores de ordem material são essenciais na explicação do suceder histórico, podendo ser considerado, pois, como um dos precursores do materialismo histórico.

 

Aos matemáticos árabes devemos o conhecimento da Álgebra e aos seus geógrafos o conhecimento dos remotos países que visitaram.

 

Na Medicina, tentaram encontrar um remédio que curasse todas as enfermidades; os alquimistas árabes foram os precursores da Química moderna.  Suas investigações sobre a natureza das transformações dos corpos visavam à descoberta do “elixir da longa vida”, e também da “pedra filosofal”, com a qual poderiam transformar todos os metais em ouro.  Os resultados obtidos foram bem mais modestos, mas permitiram a descoberta de novos compostos químicos como o álcool, assim como das propriedades fundamentais dos ácidos e sais.

 

Na Filosofia, foi sensível a influência de Aristóteles.  Aliás, foi através dos árabes qu4e a Idade Média Ocidental se imbuiu do pensamento aristotélico.  Seus maiores pensadores foram Avicena e Averróis.  Averróis, sobretudo foi muito lido nas escolas medievais.  Em virtude de seus “COMENTÁRIOS” sobre Aristóteles, chamavam-no “o Comentador” “a alma de Aristóteles”.

 

Não seria demais dizer que a cultura ocidental da Idade Média se desenvolveu à sombra da civilização islâmica, e que foi dela mais do que talvez da bizantina, que a cristandade medieval herdou os legados da ciência e da filosofia helênicas.

 

A VIDA ECONÔMICA DOS MUÇULMANOS

Aproximadamente no ano 800 da era cristã, passada a fase de expansão belicosa, os árabes haviam-se convertido em comerciantes que movimentavam artigos de toda ordem, entre os países do Mediterrâneo e as terras do Oriente.

 

Nos navios árabes também transitava a cultura transportada do Oriente para o Ocidente.  Muitos conhecimentos foram introduzidos no Ocidente pelos árabes.  Bastaria citar a pólvora, o papel, a bússola e os algarismos arábicos.

 

É inegável que o islamismo teve um sentido renovador.  Na Mesopotâmia, foram reconstruídos os canais que haviam sido tão importantes na antiga Babilônia.  No Egito, as inundações do Nilo foram cuidadosamente aproveitadas e renasceu a prosperidade agrícola.  Na Espanha muçulmana a agricultura chegou a uma perfeição técnica, dificilmente superada por alguns mosteiros.

 

A vida econômica do Império Bizantino e dos reinos muçulmanos não é apenas importante pela sua contribuição ao estímulo e à conservação do progresso comercial e industrial do Ocidente.  Foram bizantinos e sarracenos que conservaram a economia monetária do Oriente Próximo e a transmitirem à economia de tipo agrícola da Europa Ocidental.  Tal fato se deve à entrada de bizantinos, judeus, sírios e muçulmanos nos países do Ocidente e à penetração recíproca de cristãos nas regiões do Oriente.  Talvez, como sugere Harry Barnes, “essa penetração da economia monetária no Ocidente seja o elemento mais importante dos que determinaram que a Europa Ocidental se elevasse de pura economia agrícola rudimentar aos Estados de economia capitalista que caracterizam a época da Idade Média”.